Capítulo 8

67 7 7
                                    

   Vou para a sala onde se faz os relatórios, começo a preencher o meu. Confesso, me peguei pensando seriamente se devia colocar sobre a sala escondida. Decido que a melhor decisão é colocar isso no relatório, apesar de tudo, pode me dar problemas esconder isso, independente de ser uma  sugestão do William ou não. Escrevo sobre o incidente das crianças de modo um pouco mais sutil, apenas para caso Henry veja antes de William conversar com ele sobre isso.

  Guardo o relatório na minha pasta e saio da sala, assim que passo a porta, meu corpo é jogado ao chão com outro peso por cima, solto um grunhido baixo de dor por cair em cima do meu braço, olho e vejo um menino moreno de no máximo 9 anos, cabelo castanho escuro desgrenhado, apesar de eu ter minhas dúvidas se já estava assim ou se foi a queda. Nós dois nos levantamos, eu com dor  no braço, ele me olha e abaixa a cabeça sem dizer nada.

- cuidado ao correr assim garoto, você pode acabar se machucando. - eu conto e ele apenas afirma com a cabeça, cerro os olhos, o menino deve ser tímido ou está envergonhado, apesar de eu não gostar de ele não dizer nada demais de cair em cima de mim daquele jeito, me viro para sair, mas sinto duas mãozinhas agarrar meu pulso, paro de andar e o olho, o menino apenas me olha como se sentisse culpado. Olhando melhor para ele, eu acho que já o vi antes aqui na empresa, mas ignoro esse fato, esperando ele dizer algo. Passos pesados são ouvidos, eu e o menino nos viramos e vemos um garoto mais velho vindo correndo até nós, pele bronzeada e cabelo castanho até os ombros, eu diria que ele tem na faixa dos 13 anos, ele para no nosso lado e garoto mais novo solta meu pulso.

- Sammy, eu estava te procurando esse tempo todo - o garoto de 13 olha para o Sammy que em resposta faz alguns sinais com as mãos. Mike arregala os olhos e me olha. - desculpe pelo meu amigo... - ele olha meu crachá- S/N, estávamos brincando, ele pediu para eu dizer que sente muito. - olho Sammy que confirma com a cabeça, então ele é mudo? Bem, isso explica porque ele me olhava como se sentisse muito mas não pudesse me dizer isso. - está tudo bem, como eu disse antes, apenas tomem cuidado para não se machucarem - eu falo e os dois afirmam com a cabeça, eu ando pelo corredor indo para o térreo da empresa, passo na frente de algumas salas aleatórias, distraída e com um pouco de dor ainda, mas essa ultima é fácil de ignorar. uma porta de acesso dessas salas abre e Henry junto de outros quatro homens saem se despedindo, continuo andando, mas olho para trás quando uma mão amiga pousa no meu ombro, era Henry que lançava um sorriso simpático, paro de andar e o olho. - olá senhor Henry - sorrio o olhando nos olhos, o loiro anda ao meu lado calmamente.

- senhorita S/N, gostaria de me desculpar novamente por ter que sair daquele jeito, espero que William conseguiu ajudá-la - admitiu com um leve suspiro - ele as vezes não é fácil, mas acredito que ele a ajudou, não? - perguntou me olhando de canto. levo minha mão discretamente até meu pingente, não queria esconder algo tão importante dele, mas tenho que confiar que William falará com ele, brinco discretamente com o pingente. - Sim, senhor William prometeu verificar e me ajudar, estará resolvido em breve, eu creio - confirmo, mas no fundo tem um toque de nervosismo. Ele me olha com uma sobrancelha levantada, provavelmente duvidando das minhas palavras.

- realmente? você não parece segura disso, algo sério aconteceu? - ele questionou com os olhos cerrados. Aperto o colar com mas força, discretamente. - sim senhor, não se preocupe - falo e quando presto atenção, estamos na recepção. - se for assim, tudo bem, com descanso, com licença - henry se despediu e foi para a sala dele. Vou embora da empresa

.............................................................................................................................................................

  Destranco a porta e entro em casa, deixo minha bolsa no sofá e ligo minha chaleira para fazer café e relaxar. Olho o relógio na parede, marca 14:35, ainda é cedo, pego meu celular do bolso do casaco e desbloqueio, 22 ligações de "desconhecido" e duas de "Eva Morris (maninha❤)" suspiro fundo ao vê a ligação perdida dela, apesar de não querer mais contato com minha antiga vida, não posso ignorar ela, não quando ela me ajudou tanto. Ligo para ela, o "bip" soa duas vezes e em seguida a voz dela, uma voz angelical que deixa todos os paparazzi e fãs aos pés dela, mas um tom hesitante também soa, bem escondida depois de todas as repressões da mãe "não hesite, isso é coisa de fracassado, se você realmente quer seguir nossos passos, tenha a voz mais angelical possível" mãe falava enquanto segurava nosso queixo, e nos olhava como se fossemos pirralhas que não sabem como o mundo funciona.

- S-S/N? - a voz dela fraqueja enquanto sussurra, provavelmente não querendo que nossos pais escutem. - mamãe quer sua cabeça, ela está furiosa, nem o pai consegue acalmar ela - Eva choraminga deixando de lado o tom angelical minuciosamente ensaiado por anos.  - eu percebi mana, ela me liga todos os dias de novos números - praguejo irritada, ela me quis fora da sua vida, agora tenta me forçar a voltar e ainda me culpa por ser a filha "ingrata".

- e-eu só queria... - a voz dela tremeu- saber se precisa de dinheiro esse mês? Ela está tentando achar onde você está trabalhando, para dar... o "jeitinho" dela... você sabe - ela suspirou descontente, apesar da minha careta por saber que minha mãe está caçando meu novo emprego, novamente, não posso deixar de sentir um quentinho no coração pela preocupação de Eva.

- Não precisa mana, muito obrigada mesmo, mas consegui um trabalho e tô com um uma pequena reserva que deve durar até eu achar outro emprego, caso ela arruíne esse também. - tento tirar a preocupação dela, além disso, falando assim, nem parece um trabalho tão ruim... até os animatronics não parecem mais tão assassinos quanto antes... um calafrio percorre minha coluna ao lembrar das crianças. - mas como está sendo aturar as coisas aí? - minha pergunta foi genuína, antes aguentávamos aquela vidas juntas, mas eu tive que sair, não suportava mais...

- o mesmo de sempre... - a voz melodiosa soava triste - agora que você se foi, ela está focando ainda em mim... está... sufocante - ela suspirou um pouco amarga. - eu e meu namorado estamos quase terminando por causa dela, nós nos amamos, mas ele não aguenta a pressão que ela impõe em nós e no nosso relacionamento... sinto sua falta - ela sussurra, mas quando outra voz feminina soa ao fundo chamando, ela desliga rápido. - também sinto falta... - murmuro para as paredes do meu apartamento solitário.


Terror Na Freddy's FazbearOnde histórias criam vida. Descubra agora