Capítulo 74

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Ben

Horas antes

Acordo com a melhor visão do mundo, a minha garota. Dou um beijo em sua testa e vou até o banheiro fazer minha higiene matinal. Tomo um banho, coloco uma roupa que eu havia deixado por aqui e vou até a cozinha preparar um café.

Pego meu telefone e ligo para um padaria que tem próximo aqui e faço o pedido de alguns pães e bolos que Mariah ama. Preparo o café e também um cappuccino para Mariah quando o interfone toca avisando que tem um homem na portaria para subir e eu libero a entrada, imaginando ser a entrega. Logo a campainha é anunciada e eu vou abrir a porta e e me deparo com uma criatura que eu não estava nem um pouco interessado em ver.

Meu querido sogro, em carne e osso.

Ben: O que faz aqui? - Minha voz sai mais enfurecida do que eu imaginava

Marcelo: O que eu faço aqui? Eu deveria de perguntar isso! Cadê a minha filha? - ele diz me
empurrando e entrando na casa sem se quer se convidado. Folgado do cacete!

Ben: Sua filha está dormindo e eu acho melhor você falar baixo para não a acordar, ela teve um dia cheio ontem.

Marcelo: É justamente sobre esse "dia cheio" - ele faz aspas com os dedos - que eu vim falar com ela. A chame por favor, antes que eu vá atrás dela.

Ben: Antes disso, eu e o senhor teremos uma conversa - me aproximo com o ódio estampado em meu rosto e lhe dou um soco na boca

Marcelo: Você enlouqueceu, moleque?  - ele grita

Ben: Eu já disse para falar baixo, Mariah está dormindo e se ela acordar por causa do seu escândalo de gazela eu vou te acertar de novo - falo mais alto com ele

Marcelo: Sempre soube que essa garota não batia muito bem da cabeça, agora namorar com um delinquente desse é o ápice da maluquice. Eu deveria ter a levado ao psiquiatra quando tive oportunidade - Lhe dou um outro soco - PARA COM ISSO, SEU MERDA! - grita de novo - Você não sabe conversar civilizadamente? Seus pais não te deram educação? - Lhe dou um chute no saco que o faz se agachar - Mas que porra!

Ben: Primeiro, não fale mal da minha mulher, sob nenhuma hipótese. Segundo, não fale da minha família, pois eles não são o assunto nesse momento. Terceiro, não me ofenda, não estou nada tolerante com o senhor e vou acabar te agredindo por qualquer motivo. E para sua informação, eu fui educado muito bem, mas nesse momento eu não estou afim de usar minha educação.

Nesse momento Mariah entra na sala com os olhinhos arregalados e assustados, ela não esperava ver o seu pai por aqui. Ela pede para que parássemos de gritar, mal sabe minha namorada que apesar de nós seremos os cantores da história, era seu pai que estava armando um show em sua sala de estar.

Mariah questiona seu pai sobre sua vinda até a cidade, os dois começam a discutir e a minha namorada, por um impulso e por sua total exaustão com a situação, explode com ele. Ela diz tudo o que estava preso em sua garganta há tempos, minha pequena leoa o fere com palavras sem se importar. Ela não gagueja apesar de derramar suas lágrimas interruptas. Ela se cresce e seu pai segue atônito, sem acreditar nas coisas que sua filha, que ele acreditava dominar e manipular, lhe dirige. Tenho certeza que tudo que Mariah lhe professa dói muito mais do que as minhas agressões de poucos minutos.

O barulho do interfone invade meus ouvidos e pareço ser o único a ouvir, então atendo enquanto Mariah continua a falar. O porteiro anuncia que tem uma moça chamada Amélia e o entregador da padaria. Libero a subida e peço para Amélia trazer as sacolas consigo.

[...]

Momento presente

Amélia: Marcelo, eu realmente espero que não tenha dito bobagens para minha filha. Porque você e a megera da sua mãe podem ter a afastado de mim por um tempo, mas agora eu estou para a defender com unhas e dentes e se para isso é necessário matar você, pode ter certeza que eu o farei. E sem peso nenhum na consciência - E se minha namorada é uma pequena leoa, minha sogra é uma completa.

Naquele momento ela mostra suas garras prontas para defender sua filha

Ben: E eu ajudo se precisar - me coloco a disposição mostrando para o homem que está a minha frente, e para a minha própria namorada, que apesar dela ter lutado contra ele sozinha por muitos anos, agora ela tem pessoas em prontidão para lhe defender.

Marcelo: Não acredito que você voltou para nossas vidas, Amélia! Que inferno! Porque não seguiu com a sua vida e me deixou com a minha filha em paz?

Amélia: Quando você vai entender que Mariah é a minha vida, Marcelo? - ela respira fundo - Eu deixei ela ir com você para o Brasil para que você pudesse dar a ela uma vida que eu nunca poderia proporcionar aqui. Eu não tinha nem de longe a condição que você tinha na época. Mas o motivo principal, foi que você me prometeu deixar eu ver a minha menina sempre que eu quisesse, me prometeu me ajudar com o translado, me prometeu deixar ser mãe dela. Só que você não cumpriu suas promessas. Se você tivesse me dado um tiro, eu não sofreria tanto. A Mariah é o amor da minha vida, ela é uma extensão sua, mas também é uma extensão minha. Ela é a pessoa que eu mais amo e tenho orgulho no mundo e eu nunca vou perdoar você por ter me privado de viver todos esses anos com ela. Mas saiba Marcelo, que você não feriu só a mim, você também quebrou Mariah. Nenhuma pessoa no mundo merece crescer sem mãe, e você tirou essa oportunidade da sua própria filha. A troco de que? De que Marcelo? Me diz!

Marcelo: Eu não sei - ele confessa - Quando contei para minha mãe que eu seria pai, ela me detonou. Disse que eu era um menino imprudente, e que você era um interesseira querendo dar o golpe da barriga em mim para conseguir o meu dinheiro - Amélia solta um risada desacreditada. Enquanto isso, Mariah se achega em mim e eu a abraço forte

Amélia: Eu nunca quis seu dinheiro, Marcelo. Eu sempre dei conta de tudo sozinha e continuaria assim. Eu nunca precisei do seu dinheiro, mas eu precisava mais do que tudo da minha filha.

Marcelo: Eu sei Amélia, eu sempre soube disso. No fundo, eu sabia que você não queria meu dinheiro, apenas que eu fosse um pai presente pra nossa borboletinha. Lembra que nós a chamávamos dessa forma? - Amélia assente - Enfim, Ursula é a minha mãe, como eu poderia não acreditar nela? Poxa, uma mãe sempre quer o bem de seu filho.

Mariah: Só que você se esqueceu disso bem rápido quando afastou a minha mãe de mim por um hipótese sua, uma que você se quer acreditava de verdade.

Amélia: Sua mãe te contou que ela me ofereceu dinheiro para abortar sua filha? Sua mãe te contou que queria matar a minha criança no meu ventre? Sua mãe te contou que quando eu perguntei o motivo dela me oferecer tamanha atrocidade, ela me disse que não queria dividir o que era dela? Sua mãe te contou que no fim das contas ela era a interesseira? - Amélia põe a mão na cabeça,
enxuga as lágrimas enquanto Marcelo também chora desacreditado com o que acabou de ouvir - Pois é Marcelo, sua mãe é uma megera. Ela não queria seu bem, ela queria seu dinheiro. E você é um tonto, mimado, egoísta e arrogante que nunca enxergou a verdade acontecendo bem de baixo do seu nariz

Marcelo: Eu não fazia ideia disso, Amélia. - as lágrimas descem sem se importar - Será que podemos conversar sozinhos? - Minha sogra assente

Mariah: Meu quarto é o único com a porta aberta - ela aponta na direção do corredor e os dois vão até lá. Minha namorada se senta em meu colo e eu seguro sua cintura

Ben: Você está bem? - ela assente

Mariah: Nunca vi meu pai chorar na vida

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