Ben
um mês depois...
Durante esse mês muita loucura aconteceu e eu não poderia estar mais grato. Terminei as gravações e lancei meu primeiro DVD, fizemos tudo em Los Angeles. Meus fãs vieram a todo vapor e nós lotamos a cidade. A parte ruim disso tudo foi a distância da minha família e da Mariah, eu não consegui parar nenhum dia para dedicar tempo a eles, somente por chamada de vídeo. Sabíamos que isso aconteceria para que eu pudesse focar com toda intensidade na minha carreira, graças aos céus as pessoas que eu amo entendem isso perfeitamente.
E hoje é dia de voltar para casa, infelizmente não estou voltando porque quero. Tive que desmarcar todos os meus compromissos já que minha mãe teve uma piora gradual em sua doença. Isso já tem por volta de duas semanas, mas ontem ela chegou em um estágio muito avançando e não tem como ignorar mais.
Assim que pousamos em New York fiz todas as burocracias exigidas no aeroporto e fui correndo para casa. Minha mãe decidiu ter seus cuidados paliativos em casa já que odiava toda aquela estrutura de hospital. E quem gosta, né?
A gente sabia que esse momento chegaria devido à gravidade de seus problemas, e mesmo assim está sendo muito difícil saber que logo mais teremos de dar adeus para a mulher mais incrível que eu tive o privilégio de chamar de mãe.
Chego em casa e penso que irei encontrar um clima fúnebre, mas sou surpreendido com meu pai, Manu, Jordan, Mariah e minha mãe deitados no sofá rindo de um filme aleatório na televisão.
Eu rio da cena e me junto a eles.
Estão certos! Por mais que essa maldita doença esteja consumindo a mamãe, ela ainda está aqui conosco e queremos que ela leve consigo as melhores lembranças desse mundo. E sabemos que não há nada mais importante para ela do que tempo de qualidade em família.
Rute: Que bom que você chegou, meu filho. Eu estava com muita saudade - eu a puxo para um abraço com muito cuidado já que ela está ligada à milhares de fios.
Ben: Eu também estava com saudades. Como a senhora está? - ela apenas balança a cabeça positivamente. Aparenta estar muito cansada, mas sorrindo como sempre.
Como dói ver minha mãe nesse estado!
George: Vamos subir, querida? - minha mãe balança a cabeça e meu pai com toda leveza do mundo a conduz para seu quarto.
Ficamos sentados na sala com o filme rolando, mas de nós não saia uma palavra se quer. Eu me levanto ainda em silêncio e vou na direção do jardim.
Me sento no deck de madeira e começo a pensar em uma vida que minha mãe não esteja presente e isso me traz uma angústia sem tamanho. As lágrimas descem por meu rosto e eu não consigo me controlar. De repente alguém se senta ao meu lado.É Mariah!
Ela me envolve em um abraço de lado e eu encosto minha cabeça sobre a sua. Ali eu me sinto seguro para desabafar.
Mariah: Tô aqui por você!
Ben: Não gosto de sofrer por antecipação, mas a realidade bate com força em nossa porta. Não temos o que fazer, para onde correr, por quem clamar. O pior de tudo é essa sensação de impotência. Queria poder tirar essa dor de minha mãe, queria que ela não sentisse mais tanta angústia. Vê-la sofrer é o meu pior tipo de sofrimento. - eu respiro fundo e Mariah me dá um beijinho no braço.
Mariah: Tem mais coisa guardada aí dentro, põe pra fora.
Ben: Só que ao mesmo tempo, eu só quero que ela fique aqui com a gente, aqui comigo. Ela é a minha mãe! A mulher mais maravilhosa, dedicada e forte que eu já conheci na minha vida. Não teve um dia se quer que eu não senti orgulho de tê-la como minha mãe. Ela sempre foi a minha melhor amiga, minha melhor conselheira, melhor companhia. Eu sei que pode ser egoísmo da minha parte querer que ela fique aqui mesmo com essa doença, mas eu vivi todos os dias da minha vida com ela aqui e não sei se saberei viver sem a sua presença.
Mariah: Não é egoísmo, a gente sabe que não. É compreensível que você se sinta assim, Ben. Não quero que se culpe por isso. Você mais do que ninguém sabe o quanto sua mãe é uma pessoa extraordinária e pensar em viver em um mundo onde ela não esteja presente, é dolorido demais.
Ben: Eu queria poder tirar isso dela e fazer ela viver para sempre.
Mariah: A pessoa que é amada por alguém nunca morre, só vive em um realidade diferente. - eu abraço minha namorada e me sinto consolado por suas palavras.
George: Filho - ouço meu pai me chamar da porta - Sua mãe quer ver você e sua irmã
Mariah: Vou ficar esperando por vocês na sala. - eu assinto e nós entramos em casa.
Mariah e Jordan ficam sentados no sofá da sala, já eu e Manu subimos junto com meu pai.
Entramos no quarto de meus pais que antes sempre cercado de todas as brincadeiras, hoje se encontra frio, sem graça, preenchido por diversos aparelhos e o quadro enorme com a foto dos dois tão felizes.
Mamãe deitada em sua cama, sorri para nós e somos imediatos em devolver o gesto nos aproximando dela. Papai também se aproximou conosco.
Rute: Meus amores! - ela alisa o rosto de cada um de nós - Eu sou tão agraciada por Deus ter me dado o privilégio de viver a vida com vocês ao meu lado. Manuella e Benjamin, vocês são a maior realização da minha história. Sei que falhei muito como mãe e as vezes deixei a desejar, mas tudo que fiz foi tentando dedicar o meu melhor. E vocês, meus presentes lindos, fizeram da minha vida a mais incrível que uma mulher poderia ter. Eu com certeza sou a mãe mais sortuda já existente no universo.
Manu: A senhora não falhou em nada, mãe. Sempre foi perfeita em tudo.
Ben: E a gente te ama muito mesmo. Os sortudos somos nós! - as lágrimas descem sem se importar com mais nada
Rute: Você meu amor, meu George, foi meu sonho mais real. Meu conto de fadas verdadeiro, meu amor puro, minha oração atendida. Eu te amo para todo sempre! Cuide de nossos pequenos
George: Eu te amo, minha graça!
Rute: Eu estou muito cansada - ela tosse disparada - E meu coração sabe que chegou a hora de encontrar o meu Deus e eu vou em paz sabendo que amei o homem mais incrível desse mundo e que criei os seres humanos mais extraordinários já vistos. A minha família foi minha missão mais linda. Cuidem da minha floricultura, de Jordan e de Mari também. - ela tosse mais - Venham aqui.
A gente se aconchega mais perto dela tornando um grande abraço em família e assim o aparelho que apitava, mesmo que fraco, vai encerrando seu som.
E é em seu lugar preferido do mundo, nos braços da sua família, que o coração da minha amada mãe descansou.
Sem mais dor, sem mais sofrimento.
Eu te amo, mãe! E levarei comigo, por todos os dias da minha vida, o seu amor em meu coração.
nota da autora: tem leitor querendo lencinho por aí?
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