Capítulo 21

159 14 10
                                    

Mariah

Nossos olhares são interrompidos quando o celular de Benjmin começa a apitar freneticamente. Ele o desbloqueia e olha para o que quer que seja, com uma expressão assustada.

Mariah: O que aconteceu?

Ben: Um dos maiores sites de fofoca de New York respostou o meu story e a publicação está cheia de comentários. Fora a minha dm que está lotada de mensagens.

Mariah: E o que as pessoas estão dizendo?

Ben: Só tem mensagem de carinho aqui. As pessoas só estão desejando melhoras para minha mãe e distribuindo amor para nós. - Ele estende um sorriso tão bonito e sincero com o que vê. é contagiante

Mariah: Viu? Nunca houve motivos para ter medo, todo mundo ama você.

Ben: Todo mundo? - ele levanta uma sobrancelha e eu rio constrangida - Tudo bem, vamos lá pra casa?

Mariah: Sim, só vou pegar minha mochila.

Coloco os pratos e os copos que usamos na pia e saio junto de Ben em direção a sala. Eu pego minha mochila que levei para o trabalho, tem tudo que eu preciso nela, e assim saímos da minha casa.

...

Chegamos na casa de Ben e o lugar é lindo. Tem flores e fotos espalhadas por todo canto, é bem a cara de Rute mesmo. Sorrio com isso.

Mariah: Esse lugar reflete sua mãe

Ben: Bonito, organizado e florido. É bem ela mesmo.

Mariah: E onde está Manuella?

Ben: Deve estar no quarto. Vem, eu te levo até lá. - Eu assinto e ele me conduz pela escada, da mesma forma pelo corredor e assim chegamos em frente ao quarto de Manu. Ele bate na porta - Manu, tem alguém aqui querendo te ver.

Manu: Eu falei para o Jordan não vir aqui hoje, o mande embora.

Ben: Não é o Jordan.

Mariah: Sou eu, Manu, a Mariah. Deixa eu te ver, por favor. - Ela abre a porta, me puxa pra dentro e fecha de novo.

Olho dentro de seus olhos, que estão bem vermelhos e inchados por sinal, e vejo quanta dor ela está guardando ali dentro. Sento em sua cama

Mariah: Vem cá - estico os braços e ela vem até mim me abraçando forte - Pode chorar, coloca essa dor pra fora.

Dito e feito. Manuella chora sem se preocupar com o depois, ela parece conseguir colocar toda sua tristeza para fora através das lágrimas. Ela soluça alto e as vezes até solta uns gritos involuntários.
Eu apenas continuo abraçada a ela, deixo algumas lágrimas caírem, mas permaneço ali dando todo o suporte que ela precisa nesse momento.

Manu: É tão doloroso ver minha mãe naquele estado novamente. Ela é uma mulher tão maravilhosa para deixar esse mundo assim. Minha mãe não pode ir embora, ela não pode me deixar aqui. Eu preciso dela mais que tudo, Mariah. - As lágrimas voltam a descer freneticamente por seu rosto e eu aperto mais forte a mim. - Queria tanto poder tirá-la desse pesadelo. Ela não merece isso.

Mariah: Manu, eu sinto muito que sua mãe esteja passando por isso e sinto muito também que você, seu irmão e seu pai tenham que lidar com essa situação que tanto os machucam. Mas, manu, sua mãe está viva. Ela respira e vai sair dela. Há vida, então há esperança.
Sua mãe pode estar doente, mas ela está aqui com você. Ela não te deixou. E nesse momento, ela precisa que você seja o mais forte o possível. Você e sua família, com toda certeza, são a fonte de forças de Rute. Seja forte, Manu. As coisas vão melhorar.

Manu: Ah, Mariah, você não sabe o quanto eu precisava ouvir isso. Acho que nem eu sabia! Obrigada por abrir meus olhos nesse momento tão difícil e obrigada por estar aqui. - Eu a puxo para mais um abraço e ela me olha sorrindo.

Mariah: E não se esqueça que pessoas fortes também choram e pedem ajuda. Ser forte não é passar por isso sozinha, estou aqui com você.

Manu: Você é um anjo.

Mariah: Estou longe de ser, Manu. - Rimos - O que iria te alegrar agora?

Manu: Maratonar os filmes da Barbie e encher minha barriga de doces.

Mariah: Então vamos fazer isso. Tem doces aqui ou precisa que eu vá comprar? - Ela se levanta e vai até seu closet, eu a sigo e ela me mostra uma gaveta lotada de doces e biscoitos - Uau! Gaveta de emergência. Gostei disso.

...

Acordo meio assustada e perdida com o lugar que estou, mas ai percebo que ainda estou no quarto de Manu. Olho pela janela e está tudo escuro, vejo no relógio de parede que são 2 horas da manhã.

O filme da Barbie ainda passa na televisão e tem alguns pacotes de chocolates em cima da cama. Manu está dormindo, na verdade, ela está hibernando. Tadinha, deve estar muito cansada.

Eu pego as embalagens vazias e jogo no lixo, depois as embalagens que ainda tem alguma coisa e deixo em cima da cômoda. Desligo a televisão, regulo o ar condicionado e cubro Manu. Escrevo um recado em um post-it e colo em cima de seu celular.

Calço meu tênis novamente e saio do quarto de fininho tentando fazer o mínimo de barulho possível. Desço as escadas com o maior cuidado que existe dentro do meu ser, já que está tudo apagado e eu sou míope.
Assim que chego no andar debaixo, pego minha mochila que deixei no sofá. Vejo uma chave na mesinha ao lado e imagino que seja da porta, testo e vejo que é mesmo.

Depois de sair, eu tranco a porta e jogo a chave por debaixo da mesma. Pego o meu celular e procuro um uber disponível.

Em plena New York e nenhum uber aparece pra mim. Tudo bem que já está tarde, mas poxa, é new york.

Quando finalmente um uber aceita a corrida, ele cancela logo em seguida.

Mariah: Que droga! - bufo

Vejo pelo gps do uber que não é tão longe da minha casa. Seria muita maluquice da minha parte ir andando? Não estou nem aí, vou do mesmo jeito.

Guardo meu celular entre minha calça e minha calcinha, coloco a mochila nas costas e começo a andar. Daqui até o centro eu sei ir, lá eu olho a localização de novo para ir pra minha casa ou tento chamar um uber mais uma vez.

Quando estou a esquina, vejo um carro se aproximando e meu coração começa a acelar muito. Ando mais rápido mesmo sabendo que isso não vai adiantar de nada e o carro acelera também.

AI MEU DEUS.

O carro chega perto de mim e eu grito.

Mariah: Pode levar tudo, só não faz nada comigo. Eu imploro - Digo com as mãos para o alto e olhos fechados.

Ben: Tá louca, Mariah? Sou eu, o Ben.

Mesma melodia Onde histórias criam vida. Descubra agora