Mantenha sua mente na missão

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Clove 

- Eu estou falando sério, Fuhrman. A última palavra desse cara do 11 vai ser meu nome.

- Eu sei – bebo mais chocolate e mudo o canal pra algo que me dê a chance de mudar de assunto. "O estilo dos tributos" é um quadro chato.

- Você pode até duvidar, mas ele vai se arrepender tanto de ter deixado toda aquela comida subir à cabeça. Tem um prato de arroz e se acha o futuro vencedor – Cato ri. Sorrio falsamente só para não criar constrangimento, mas ele faz menção de voltar a falar.

- Cato, querido, você está preocupado com esse 11, não está?

A cara que Ludwig fala infantilmente por si só.

- Claro que não, Fuhrman, não há nada nessa porra de mundo que vá me fazer ficar preocupado com um cara do 11. Deixa ele agora, bancando o esperto. Não vai dá tempo de fazer cara de forte quando estiver morrendo.

- Porque você sabe – me viro pra ele agora, sentado na outra ponta do sofá – eu achei que ele valesse a pena.

- Ainda acha?

- Não. Ele parecia perfeito para a aliança. Eu pensei em tentar chamar ele de novo.

Eu acho interessante que Cato não tenha falado nada ainda. É ridículo, mas é o Ludwig e quando ele não gosta de alguma coisa, avança pra matar.

Eu estou falando por falar. Não tem jeito de insistir com Tresh porque isso quebraria o coração do Cat Cato. E mesmo que o 11 aceitasse, ele não aceitaria e eu teria que escolher um dos dois.

É tão absurdo. Tresh é bom, mas é idiota, burro e confiante demais pra um 11. Cato também é tudo isso, só que é confiante demais pra um cara do 2 que já salvou minha vida mais vezes do que eu precisei.

E, por favor. Eu não teria o direito de implorar para um 11 substituir um 2 mesmo que o 2 não fosse o Cato.

- Você está falando sério, Fuhrman? – ele finalmente fala, fazendo essa cara de desprezo preocupado.

- Não. Eu vou dormir agora – me levanto, colocando a xícara na mesa. Ele me segue com os olhos até a porta, onde eu paro e volto. Paro de frente pra ele, sorrindo, e levanto sua cabeça com as duas mãos. – Se você quiser, eu te ajudo a estragar a carinha dele.

Eu beijo ele, sorrio de novo e volto pro quarto. Não tranco mais a porta. Cato volta, se deita do meu lado e beija meu pescoço.

- Isso é tão idiota, Cato.

[...]

Durante a noite, algum demônio acordou em mim. Um daqueles dos quais eu deveria ter medo, mas que agora são o que eu sou.

Eu não olho para Ludwig enquanto saio do banho. Não o acordo. Não falo com ele quando ele se senta ao meu lado.

Esse é o meu ano. Que pergunta desprezível é "você vai me matar, Cato?". Eu não vou deixar o Cato me matar.

- O que vocês vão fazer? – Enobaria pergunta, sem interesse nenhum. – Na apresentação?

- Vou passar em todas as estações – Ludwig responde, comendo -, usar as espadas, as lanças. Vou fazer tudo.

Porque Cato é muito bom. Inteligente, capaz. Meu grande concorrente.

- Vou descer mais tarde – anuncio e volto para o quarto.

Eu sei o que eu vim fazer aqui.

Eu mando nisso, não Ludwig.

As escolhas são minhas, a aliança é minha, a morte é minha, a vitória é minha.

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