Derrubando Paredes

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Clove

- Eu estou tentando ser legal – murmuro, apoiando minhas mãos em uma das mesas -, mas eu estou me perguntando se alguém nesse inferno me ouviu dizer que essa porra não está me deixando respirar!

Só agora eles param de rir e de mexer em mim como se meu corpo pertencesse a uma boneca.

- Ah, eu disse a vocês! – meu estilista exclama, caminhando até mim e colocando as mãos na minha cintura para me guiar até o espelho. – Mas Clover, querida, tudo tem um preço. Olhe para isso!

- Eu estou – respondo, recobrando a calma. Expiro e olho ao redor, sorrindo. – Tudo bem.

- Sim, sim, tudo bem! Você está des-lum-bran-te!

- Ok.

Mas não estou deslumbrada com isso. Esse inferno de armadura não era usada pelos gladiadores de verdade para te matar sufocado. Como houve algumas instruções bem claras por parte de Enobaria, sorrio de volta pra eles até meus olhos de estreitarem, quase rasgando meu rosto no processo.

- Agora vou lhe pedir um favor – ele anuncia, colocando as mãos na boca como se estivesse envergonhado. Quando acho que quero vomitar, ele finalmente diz, dividindo o espaço com os risinhos da equipe. – Dê uma voltinha.

- Por quê? – eles estão se afastando para o canto da sala.

- Por favor, Clover!

- É Clove – forço uma calma inexistente. – E tudo bem.

Eu o faço, sorrindo falsamente enquanto eles me cercam para abraços, tentando não me esquivar de seus corpos alterados.

Deus, eu não suporto eles.

Finalmente eles me dão o prazer de não ter que tolerar mais suas companhias. Encontro Ludwig no elevador vestido igual a mim, discutindo com Brutus. Com as mãos do meu estilista em meu ombro, me curvo para o lado para que eles não vejam o esforço que preciso fazer para me manter séria olhando para essas asas na cabeça de Cato.

- Você está maravilhosa, Clovely – é claro que ele percebe. Levanto o rosto e prendendo as bochechas, respondo:

- Você também, Cat Cato.

É uma viagem longa até o estábulo. Assim que ponho meu pé para fora, as milhões de penas rosa nas roupas dos tributos do 1 ameaçam me sufocar.

- Eu estou feliz em conhecer vocês – a garota fala, estendendo a mão para Cato. – Glimmer Rambin.

- Marvel Quaid – o menino aperta minha mão. – É um prazer.

Sorrio falsamente para eles, olhando para mim e erguendo as sobrancelhas para Ludwig como se tudo agora fosse uma piada interna.

- Então. Nós todos já nos conhecemos, mas eu achei que seria legal vocês se apresentarem – Rambin continua, rindo, quando ninguém diz mais nada. Essa garota fala como se tivesse chiclete na boca.

- Se vocês não sabem os nomes dos tributos do 2, a aliança está rompida – respondo. Ergo minhas sobrancelhas. Não gosto deles. Mas rio da expressão em suas faces.

- Não seja doente, Fuhrman – Ludwig se vira para mim como se me repreendesse sorrindo.

- Então... – Glimmer parece constrangida. Ninguém disse os nomes. – Vocês lidam com o quê?

- Espadas. Lanças – Cato vai ser o único levando essa conversa adiante.

- Eu gosto de lanças também – Marvel sorri aquele seu sorriso estranho feito um retardado.

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