come on this Musical Ride with me

Zac - parte 2

O show foi uma bosta. Eu não conseguia focar em nada e errei a entrada logo na primeira música. O Taylor ficou furioso e só não jogou o microfone em cima de mim pq a pose de príncipe da Disney dele não deixava.
As fãs estavam com o ânimo a cima da média e era ele levantar o olhar ou jogar o cabelo para os gritinhos aparecerem da plateia.

O Ike percebeu que eu estava totalmente fora do compasso e começou a marcar o tempo pra mim. O Andrew se aproximou mais da bateria e tb fazia a marcação com o baixo.
Era claro que eu não tinha condições de estar ali. Mas é isso que a gente faz e pelo qual eu fui treinado a minha vida toda.
O show tem que continuar
Minha visão estava embassada e eu mal olhava pra plateia. Eu tentava me concentrar ao máximo mas eu só conseguia pensar nela.
Toquei as primeiras músicas com o olhar travado no Ike e no Andrew para minimizar as minhas cagadas e quando eu finalmente comecei a me acalmar, lá pela quarta música, eu me fechei totalmente.

Baixei a cabeça e toquei o show praticamente inteiro com o cabelo na cara. Aquela foi a 1:30 mais longa da minha vida e ao mesmo tempo eu estava agradecido de poder usar a música como distração.
Eu toquei aquele setlist por anos e tinha as partituras decoradas à um ponto que eu poderia tocar dormindo que ninguém iria perceber.
E eu agradeço muito porque naquele momento eu tive o privilégio de apagar e entrar no modo automático.
Se não fosse por isso eu não sei como eu teria passado esse tempo ali sem enlouquecer completamente

No segundo que eu saí do palco eu chamei um táxi. Não me troquei, não fiquei pra conversar com ninguém e nem mesmo avisei pra onde eu ia. Saí do teatro igual um maluco.
Algumas fãs estavam esperando e não devem nem ter notado que eu passei correndo tão rápido do lado delas antes de entrar no carro
Larguei minhas malas no camarim e todo o equipamento pra trás e pulei dentro do táxi. Eu não podia perder a chance de tentar alcançar ela antes que fosse tarde demais.

Eu conheço a Cris o suficiente pra saber que ela não iria querer me ver mas eu precisava tentar mesmo assim. Ela precisava me ouvir e eu iria explicar pra ela todo aquele mal entendido de uma vez por todas.
Fui o caminho todo ligando pra ela e torcendo para que não fosse tarde demais mas ela não atendia.
Ouvir o telefone chamar até cair na caixa postal de novo e de novo era excruciante. Gerava a expectativa que talvez aquela seria a vez que ela atenderia para terminar sempre na decepção da caixa postal

Ela me amava e eu me apegava nisso. Ela era louca por mim e eu rezava para que nós déssemos um jeito e que de algum modo tudo ficasse bem.

Quando ela me viu com a Becky eu entrei em choque. Eu não esperava vê-la ali e realmente fiquei sem reação. 
Eu sabia do seu ciumes e mesmo não fazendo nada de errado eu sabia que ela ficaria brava comigo.
Ela tinha me pedido para eu não ter mais contato com a Becky mas ela estava ali como fã e amiga e eu não vi nada demais em atendê-la la fora.

Eu sabia que ela ficaria puta. Mas eu não esperava aquela reação. Eu simplesmente não reconheci o olhar dela naquela hora. Era como se a Cris fosse uma total desconhecida e ela me olhou como se eu não existisse mais pra ela.
Aquele olhar brilhante que eu amava, cheio de vida e que se suavizava todo apaixonado sempre que me via tinha sumido completamente.
Seus olhos estavam vazios.

E eu vi ódio no seu rosto. E nojo
Eu sentia meu coração parar dentro do carro quando lembrava da sua expressão de nojo e uma dor tão grande que precisava segurar a respiração por um momento
A minha Cris tinha repulsa de mim e eu estava completamente destroçado por isso.
Eu tinha sido capaz de fazer a minha namorada sentir tanto nojo de mim que eu não tive permissão de nem ao menos encostar nela.

Eu havia chegado ao fundo do poço e me sentia a pior pessoa do mundo por ter causado aquela dor nela... e a troca de que? Eu era o responsável por ter magoado a pessoa mais importante do mundo pra mim e eu nunca seria capaz de me perdoar por aquilo.
A angústia me corroia e eu pedi pelo amor de deus para o motorista acelerar mais. O martírio de 1:30 de show não se comparava em nada à aquele martirio de ficar sentado por mais de 1 hora naquele maldito carro.