a conversa

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Cheguei cedo na 3CG. Queria evitar encontrar com meu irmão porque sinceramente a minha vontade de quebrar a cara dele ainda não tinha passado.
Fazem alguns meses já mas só de lembrar meu sangue ferve e eu preciso me concentrar para não perder a cabeça. Eu prometi isso pra ela e pretendo cumprir com a minha palavra.

A Cris saiu do projeto por culpa dele, deixou de me acompanhar nos ensaios e na gravação do cd e do dvd e se não bastasse também passou a evitar de ir nos shows por conta da merda que o meu irmão fez.
No início eu achei um absurdo ela largar tudo mas era isso ou coisa pior... eu odeio admitir mas é a verdade. Só de ver ele perto dela já me deixava furioso e eu não conseguia focar em mais nada. O resultado eram brigas eternas, atraso nos ensaios, eu explodindo de ódio e a Cris desconfortável e sem saber o que fazer, coitada.

Ela acha que eu não sei, mas eu a vi chorando algumas vezes, entre uma briga minha com ele e outra. A Cris se faz de durona e se esconde por trás das suas ironias e respostas prontas, mas eu sei o quanto isso tudo a desestabilizou e mesmo eu me odiando muito eu precisei aceitar o seu afastamento por definitivo.
Depois de algumas brigas feias, vários socos na parede e gritos acabei decidindo por evitar cruzar o caminho do meu irmão sempre que possível.
Por isso vim bem mais cedo hoje, porque sei que ele não vai aparecer até o final do dia.

Entrei no prédio e na hora percebi alguma coisa estranha. Todas as luzes estavam acessas e a porta não estava trancada como de costume.
Na hora pensei que tínhamos sido roubados e fui direto para o estúdio mas aparentemente todos os instrumentos estavam intactos.
Respirei aliviado, continuei caminhando e logo vi a porta do escritório entreaberta. A empurrei e dei de cara com o meu irmão dormindo no sofá, algumas garrafas de cerveja espalhadas pelo chão, uma garrafa de Jack Daniels pela metade e mais copos de café do que eu poderia contar de primeira.

Era segunda feira, as 8 da manhã e meu irmão estava desacordado no sofá, barba por fazer, roupas amarrotadas e cara de quem bebeu a noite toda até apagar.
Nunca consegui entender qual era o problema do meu irmão. Ele tem tudo nas mãos e mesmo assim não consegue ser feliz.
O filho da puta tem a aparência de principe da Disney, a voz, talento, uma família linda e mesmo assim prefere se submeter à esse tipo de coisa.

Acendi a luz e fiz o máximo de barulho que eu podia, mas o maldito simplesmente não se mexia...
- hey!
Gritei do outro lado do escritório
- Taylor!
Aquilo estava me irritando profundamente, não era para eu ter que lidar com ele hoje!
O cheiro de álcool era forte e a merda do escritório não tem janela, o que potencializava ainda mais aquele odor horroroso.
Peguei um par de baquetas que estavam largadas por ali, sentei e comecei a descer o braço na mesa.
O barulho era alto e ecoava pelo escritório e só aí ele esboçou alguma reação, então continuei com ainda mais força pelo puro prazer de irritá-lo.

- ZAC!
Ele gritou tapando os ouvidos mas eu fingi não ouvir e continue meu free style
- ZAC!! PARA COM ESSA MERDA!
meu irmão sentou no sofá, apoiando a cabeça nas mãos. Eu dei um sorriso irônico e parei de tocar
- bom dia bela adormecida
- vai se fuder, Zac
Sua voz demonstrava o nível da sua ressaca e eu continuei sorrindo debochado
- custa não ser babaca?
Ele perguntou, enquanto procurava seus óculos perdidos no meio do sofá

- o que você tá fazendo aqui essa hora?
- eu que pergunto. Você está dormindo aqui desde quando?
Meu irmão me encarou por alguns segundos antes de balançar a cabeça em negação
- como se você se importasse...
-tem razão Taylor, não me importo. Mas não vou permitir que você transforme esse lugar em um buraco
Ele levantou do sofá meio que sem equilibrio e foi em direção ao banheiro.

Aproveitei para recolher as garrafas e só então percebi as manchas de cerveja no carpete
- porra Taylor! Isso daqui não é sua casa!
Eu gritei irritado para ele ouvir enquanto tentava botar um mínimo de ordem no lugar. Logo em seguida ele voltou, com o rosto e cabelo molhados na tentativa de despertar
- você tá um lixo, Taylor
Ele levantou o dedo do meio e sentou na sua mesa

come on this Musical Ride with meOnde histórias criam vida. Descubra agora