Capítulo 9

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Alice 👑

Eu já sabia que era otária, mas burra? Foi a primeira vez que me entreguei a outro homem sem ser Felipe e a primeira vez que transei de primeira também.

Meu primeiro namorado é um idiota, certeza que eu não passo nem na porta de tanto chifre. No início, ele era bom. Me tratava bem, como uma princesa, me levava para sair e era carinhoso. Depois de um tempo... Veio a primeira briga, depois o primeiro tapa, as ameaças e a tortura emocional.

Eu sei que sou manipulada e que não deveria aceitar nada do que ele faz, mas vivo no passado. Me apegando a memórias que já foram. Sem falar que ele é um vitimista de carteirinha... Sempre que eu pensava em terminar, era uma ameaça diferente. 

''Se você pensar em me deixar algum dia, eu te mato e me mato depois, não duvide de mim, você sabe que faço.''

Que se foda agora, se vai me matar então venha.

Hoje é domingo e como de costume, tenho uma lasanha pra preparar e não tenho nadinha de ingrediente.

Visto uma roupa confortável e saio em direção ao mercado.

Aquele tal de Taliba está me seguindo desde ontem, quando saí da quebrada, o que ele quer? Não sei. Ele deve achar que eu não notei, só pode, porque continua me seguindo.

Entro no beco mais proximo depois de dobrar um esquina a mil, queria saber porque cassete ele tinha virado meu segurança.

O cara virou a esquina a mil e franziu a testa me procurando, quase que eu ri.

Saí do beco dando de cara com ele no maior susto.

Alice: Será que dá pra parar de me seguir? - pergunta genuína 

Taliba: Acha que eu queria tá seguindo você também? - mal humorado todo

Alice: Ótimo, ganhei a porra de um guarda costas! - debocho - Vou no mercado comprar umas coisas e fazer uma lasanha pro almoço e você vai almoçar comigo - digo com firmeza, ele não tem escolha.

Ele cruza os braços e rola os olhos

Taliba: Não posso não, tenho mais o que fazer.

Alice: Me seguir? - Ele rola os olhos de novo com tanta força que achei que tava desmaiando.

Taliba: Não posso e pronto, pô.

Alice: Pode e vai. Que se foda o seu chefe - Ele me encarou e escondeu o sorriso. Acho que nem ele tava de muita amizade com o tal do chefe dele

🕒

Preparei a lasanha enquanto o desconfiado ficou sentado na ilha da cozinha, observando tudo.

Alice: Você gosta de lasanha? Eu nem perguntei. 

Taliba: Gosto - curto e grosso

Não conhecia ele mas ele tava estranho, ou era de natureza, não parava de encarar a porta. Logo pensei que fosse por conta de Felipe.

Alice: Relaxa, ele não vai entrar, mauco

Taliba: Quem? - O menino tava viajando

Alice: Meu ex. Ele não vai vir.

Taliba: Eu sei. Não tava pensando nisso não. - Sabe? como assim?

Alice: Como é? O que vocês fizeram com ele? - Quase gritei paranóica

Taliba: Nada. - demorou tempo demais e completou baixinho - Ainda.. 

Alice: E como sabe que ele... - me interrompeu

Taliba: O porteiro me falou que você tinha proibido ele de subir. 

O porteiro? 

Acho que minha cara de confusão era gigante, porque ele explicou.

Taliba: Você ficaria impressionada com o poder perverso do dinheiro, Alice. - diz se levantando - Pelo que vi você só gasta com bolsas, sapatos, perfumes e jóias. Podia até dizer que você é uma paty fútil pra caralho - não gostei - Mas você é legal, então não vou dizer.

Sorri cínica. Falou mal de mim pra me elogiar depois, falso.

Depois que a lasanha ficou pronta, servi e comemos conversando. Estranhamente a carranca de Taliba tinha sumido e ele era bem legal por sinal.

Contei praticamente minha vida toda pra ele, enquanto ele falava o mínimo possível sobre ele e a favela.

Taliba: Tu devia ir hoje lá na favela. Vai ter o baile lá, comemoração da volta da Lia.

Alice: Acho que não. Não quero mesmo trombar com o teu amigo maluco.

Taliba: Não precisa falar com ele. Tu pode ir como minha convidada, somos colegas, ne não? - estranho demais essa simpatia toda

Alice: Posso até ir, mas quero levar uma convidada.

Taliba: Leve quem quiser, só não se mete em confusão. - sorrio e concordo

Aí me veio uma dúvida

Alice: Afinal, quem é Lia? - ia na festa da garota sem nem saber quem era

Taliba: Irmã do dono.

Conversamos mais alguns minutos, anotei meu número no telefone dele e ele foi embora. Imediatamente corri pro quarto pra ligar pra minha prima.

Liguei 500 vezes antes dela atender

Viviane: Mulher, pelo amor de Deus, eu tô dormindo 

Alice: Pois acorde - ela ri 

Viviane: O que é louca? Fala logo que eu tô cansada

Alice: Tenho uma festa pra gente ir hoje a noite. Topa?

Viviane: Onde exatamente vai ser essa revoada? 

Viviane era louca, completamente o oposto de mim. Ela adorava festa, podia tá mortinha com ressaca, mas se chamasse, ela ia.

Alice: No alemão - falo baixinho pra vê se ela não entende e só concorda.

Viviane: Eu espero que o alemão que você esteja falando seja o morro aqui do lado, tô sabendo que vai rolar maior bailão hoje. 

Vivi mora com tia Vera e Victor, era lá que eu ia dormir no dia que conheci o LK.

Alice: É essa mesmo.

Viviane: Ótimo, eu queria mesmo ir pra essa festa. O Vitor falou disso o dia todo, ele vai  com um amigo, carona pra nois - concordo e marco de ir me arrumar na casa dela.

Desligo e me deito. Acabo adormecendo até a noite.


Viviane Castro

22 anos

22 anos

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