Capítulo 3

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Alice 👑

Eu sempre fui uma menina tranquila, nunca dei trabalho nenhum aos meus pais. Embora tenha crescido num berço de ouro, não suporto a vida de depender deles. Minha mãe é brasileira mesmo e conheceu o meu pai em uma das viagens dele a negócios aqui no Rio. Meu pai, um Italiano rico que deu a sorte de encontrar uma mulher que faz de tudo e mais um pouco por ele, vulgo: minha mãe.

Quando eu tinha por volta dos três anos, vim morar aqui no Rio, no caso, nasci na Itália, bercinho de ouro como eu falei. Apesar de ser Italiana, de lá só tenho a língua e a aparência, porque de gosto, prefiro tudo que for do Brasil, tradições e tudo mais não é comigo.

Meu pai é um empresário bem sucedido, minha mãe, além de ter formação vive para ele, já que ele disse que ela não precisa trabalhar. Hoje em dia, eles moram lá, a empresa do meu pai precisava de um punho forte na capital então eles retornaram, me deixaram aqui simplesmente porque, pasmem, eles confiam no Felipe.

Implorei pra ficar porque não queria me separar dele, e meu pai sempre gostou muito da pessoa que ele era, até eu gostava. No início, ele era um amor, me tratava bem, era um príncipe, mas de uns tempos pra cá, mais especificamente quando fiquei sozinha no Rio, ele mudou da agua pro vinho. Me bate sempre que brigamos e eu ate acostumei com isso, mas dessa vez, foi o fim, nunca havia visto ele desse jeito, e nunca tinha apanhado assim também.

Saí da casa do imprestável correndo, esqueci celular, dinheiro, tudo o que realmente importa.

Alice: Burra, burra, burra - digo pra mim mesma.

Moro na porra da barra da tijuca, e o Felipe em Olaria, como que cassete vou chegar em casa sem dinheiro, na chuva, mais de dez da noite?

Nem fudendo que eu vou andando ate lá, além de perigoso ainda é longe. Vou cortar é caminho pelo Alemão e dormir na casa da tia Vera. Pondero as opções enquanto vou caminhando pela rua esquisita. Decido ir pelo Alemão mesmo, é isso, ou dormir na rua.

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Andei alguns minutos até chegar na barreira, tinha uns caras com fuzil nas costas, mochila, rádio, era tanta parafernália que eu duvido que eles consigam correr da polícia com tanto cacareco assim.

Continuei andando como se nada tivesse acontecendo, como se eu já morasse ali, não quero que ninguém olhe pra mim e perceba alguma coisa. Não tô com paciência pra me dar com bandido.

Alice: É só andar sem olhar pra eles, só ignora e pronto - repito como se fosse um mantra

X: Pra onde tu pensa que vai gatinha? - paro imediatamente e me viro pra olhar de onde vem a voz

Alice: É que assim.. eu..vou.. - virei a gaga de ilhéus e não saia mais nada

X: Nervosa? Ou só esqueceu pra onde tava indo? - o menino moreno me olha de um jeito que parece até que é proibido andar aqui.

Alice: Eu só preciso cortar caminho por aqui, por favor me deixa passar - faço a melhor cara de coitada que eu tenho

X: Eu perguntei pra onde cê vai, gatinha, não ouvi resposta.

Parando pra reparar, e pensei que só tinha nós dois aqui, mas tem outros olhando toda a situação, eles se escondem bem viu, pense.

O Dono do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora