001 - It's Cold Outside

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— Está preparada? — Indagou Jim, tentando iniciar uma conversa pela centésima vez naquele dia

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— Está preparada? — Indagou Jim, tentando iniciar uma conversa pela centésima vez naquele dia.

— Pare, Kamlai. Você sabe que nem deveria estar aqui — Respondi rapidamente, tentando encerrar as tentativas frustradas do garoto. Claramente, não deu certo.

— Não consegue manter uma conversa por apenas cinco minutos? Não se esqueça de que passaremos a vida inteira juntos. Trate de aprender a ser uma dama! — Olhei de soslaio para aquele ser repugnante, e por um momento, desejei abrir a porta do carro e jogá-lo para fora com o veículo em movimento.

Me calei, limitando-me a lançar um olhar rápido ao retrovisor, onde o motorista me devolveu um sinal de "estamos quase chegando".

— Você sabe que poderíamos ter ido no meu carro, certo? — Insistiu Kamlai.

— Meu carro é mais seguro, e eu prefiro estar acompanhada de alguém de confiança... — Expliquei, sem esconder o desagrado.

— Sendo assim, eu deveria estar morando na mesma casa que minha futura esposa, não acha? — Comentou com aquele tom sarcástico de sempre.

— Estava me referindo ao Sr. Choi — respondi, percebendo o sorriso discreto do motorista que manteve os olhos na estrada. — Por favor, Sr. Kamlai, permita-me descansar um pouco; viagens de avião costumam me deixar enjoada. Como um "bom cavalheiro e futuro esposo", você deveria estar ciente disso. — Deixei minha voz carregar um tom de ironia na última frase.

Ele me lançou um olhar penetrante, carregado de indignação, ao qual respondi apenas ignorando e fechando os olhos, aguardando pacientemente o fim da viagem.

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— Tem certeza de que não precisa de ajuda para desembalar seus pertences, senhorita? — Indagou o homem de cabelos grisalhos, inclinando levemente a cabeça em um sinal de reverência.

— Sabe que não é necessário, Sr. Choi. Pode levantar a cabeça, e meu nome é apenas June quando aquele indivíduo não está por perto. Não se esqueça de que você esteve comigo em todas as situações — Ofereci um sorriso ameno ao motorista, que me retribuiu com um olhar de respeito e familiaridade.

— Se me permite dizer, acho um pouco peculiar que tudo seja tão simples, considerando o quão "luxuosa" sua família é — Comentou, observador.

— Creio que seja obra da minha mãe, que deseja que eu passe mais tempo com o Sr. Kamlai sob a justificativa de estar em uma cidade desconhecida. Como se aquele magricela fosse capaz de me proteger de um urso — Brinquei, arrancando um riso discreto do motorista.

— Estou de volta. Do que estão rindo? — Indagou Jim com seriedade.

— Eu disse que você já está ansioso para ir embora. Vá desempacotar suas coisas. Leve-o, Sr. Choi. Adeus! — Empurrei-o em direção ao carro e fechei a porta.

O Sr. Choi fez uma última reverência e entrou no carro. Observei o veículo se afastar até desaparecer. Soltei um suspiro e entrei na casa para desempacotar não apenas meus pertences, mas também as memórias antigas. Este é o início de um novo ciclo, e preciso aprender a não me apegar às pessoas. Ser parte da família Han me tirou muito, a maioria coisas das quais prefiro não falar agora.

Passei a mão por um álbum de fotos do ensino fundamental, lembrando dos rostos de cada pessoa. Se eu tivesse o álbum dos veteranos, lá estaria o estrangeiro, Jim Kamlai, que veio da Tailândia como intercambista apenas para complicar a vida de sua futura esposa, que nem sabia de sua existência e só queria uma adolescência normal.

Sinceramente, quando Jim chegou, jamais imaginei que ele viraria meu mundo de cabeça para baixo, e de forma ruim. Fiquei perplexa ao saber que estava destinada a me casar com ele, tudo por causa da ganância das nossas famílias, e até mesmo de Kamlai. Agora estou presa a um garoto que nem sei se é capaz de tomar sopa sem a ajuda dos seus subordinados. Neste momento, só quero paz para refletir até o final do ensino médio. Mas, na realidade, o que mais desejo é escapar e me perder para que ninguém possa me encontrar, o que é impossível com Kamlai em meu encalço.

Balanço a cabeça, afastando esses pensamentos, e começo a me concentrar em organizar meus pertences. Embora amanhã seja domingo, desejo acordar cedo para explorar a cidade, de preferência sozinha, embora a companhia do Sr. Choi seja sempre agradável.

Olho para outra caixa ao meu lado e encontro um MP3 antigo, perdido entre as tralhas que trouxe por dó de deixá-lo abandonado em um quarto vazio. Parece que terei um acompanhante caso precise me isolar durante os intervalos na escola.

Sinto algo vibrar no meu bolso e, ao tirar o celular, vejo o nome de minha mãe no visor, indicando que estava me ligando para saber se cheguei em segurança, assim como Jim. Respiro fundo, atendo a chamada e apoio o telefone no ombro enquanto continuo desempacotando.

— Por que tanta cerimônia para atender um telefonema, June? Seja mais pontual da próxima vez — Disse minha mãe, com suas broncas habituais, às quais eu já estava acostumada.

— Certo, mãe. Prometo melhorar meu comportamento. Sinto muito se a preocupei — me desculpei, embora sem muita sinceridade.

— Espero que sim, mocinha. Não se esqueça de que te mandei para esse lugar para estudar e nada mais — Revirei os olhos, sabendo que estudar não era o único motivo.

— Sim, sim, você está certa. Como estão? Já almoçaram? — Perguntei, mudando de assunto.

— Oh, claro que sim. Nossa família e funcionários sempre mantiveram a tradição de sermos pontuais, especialmente passando das duas e meia... — Ela fez uma pausa, aparentemente refletindo. — Acredito que você ainda não tenha comido nada, então vá jantar. Não quero que perca mais peso; seu corpo já está perfeito para os vestidos que planejei para você. Mantenha-o assim até o final do noivado — Suspirei ao perceber o tom venenoso em sua voz, consciente de que o momento ainda estava distante.

— Tudo vai correr bem. Adeus! — encerrei apressadamente a chamada, finalmente respirando aliviada.

Olhei para o relógio e percebi que realmente estava tarde, e eu não havia comido nada além das refeições no avião. Terminei de organizar mais algumas coisas, levantei-me e peguei meu casaco no encosto da cadeira. Definitivamente, deve estar frio lá fora.

Promised • Rosalie HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora