CAPÍTULO 13

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M A R I A

Os filhotes hesitam em se aproximar, e busco calma no mais íntimo do meu ser, para não ser indevida com as crianças. Sempre dou o benefício da dúvida em cada coisa, mas, confesso que o silêncio deles me frustra e enfurece na mesma medida. Não gosto de me sentir assim com relação aos filhotes, porque tenho um bebê e ele também estará em processo de aprendizado nos próximos tempos, e sempre estará sujeito a errar em suas ações e escolhas, e apenas poderei apoiar e ajudar ele a entender o certo e o errado de cada passo.

— Maria. – Tadeu suspira me olhando, e pela primeira vez vejo os pestinhas realmente parecendo arrependidos. — podemos se aproximar? – Seus olhinhos brilharam, e sorri porque foi bonito de vê-los assim.

— Tudo bem. – Afirmo mostrando o espaço no tapete, o Jean está a minha frente, deitado na piscina natural, que lavei e enchi para ele.

— Está nos odiando? – Ricardo me olhou como se estivesse avaliando minha alma, seus olhos ainda maiores e brilhantes, mostrando seu animal bem na borda para me avaliar com precisão.

— Não. Sou incapaz de odiar vocês por isso. – Suspiro e dois dos filhotes mudam de forma e vem para o meu colo, e acaricio suas cabecinhas macias entre as orelhas grandes. — Apenas queria entender porque fizeram isso. Estou me sentindo perdida, porque não quero ficar sem meu companheiro, e meu filhote também precisa dele. – Seguro as lágrimas, vendo o Ricardo sentar e brincar com os dedos na barriga do Jean, fazendo o meu pequeno sorri.

Shark e a Letícia estão sempre aparecendo por aqui, e já me contaram tudo de como ocorreu a detenção do meu companheiro. Eu queria ir até ele, e socar alguns oficiais e trazê-lo de volta para junto de mim e do Jean, mas, sei que preciso dar tempo ao tempo, e nem mesmo com a impulsividade do meu animal me empurrando, irei colocar os pés pelas mãos e piorar a situação toda. Tenho um plano em mente, e ainda não sei como farei para por em prática, mas, pretendo e em breve. Só preciso dos meios certos, e o espaço necessário.

— Não entenderia. – Ele suspira me olhando. — ninguém consegue entender. – lamenta inquieto.

— Eu posso tentar. – imploro com o olhar, e o pequeno desvia a atenção. — Eu entendi, sem que nem mesmo me falassem. Se não tivesse, nem mesmo iria suportar a presença de vocês aqui comigo e meu filho. Sei que algo influenciou vocês, e só preciso do motivo, para que eu possa de alguma forma tentar resolver isso. – Eles se olham em uma troca mútua de sentimentos diversos.

— É complicado. – Tadeu afirma baixando o olhar. — Quando fomos pegar a amostra do DNA dela, para abrimos o cofre, nós nos sentimos estranhos quando a tocamos. Nosso animal parecia maluco dentro de nós, procurando algo nela.

— como assim tocaram ela?! – me preocupo, e o Tadeu riu sem jeito.

— Negociamos com ela. – justifica com um sorriso culpado.

— Que porra! – Encaro os pestinhas nervosa com sua coragem.

— Eita! Olha o palavrão, tia. – Ricardo declara, e aperto meus olhos para ele.

— contém tudo isso direito. – exijo e eles suspiram em sincronia, os dois transformados se empurrando contra minha barriga em busca de aconchego. — como diabos voltaram a entrar no laboratório, sem que ficasse registrado nas câmeras?! – quero saber, tentando não demonstrar tudo que sinto em relação a suas espertezas.

— usamos interferência na imagem. – Tadeu deu de ombros, e passo a mão no rosto sem saber o que dizer, porque a tecnologia aqui na reserva é de última geração, e o Miyake me disse que sua irmã tentou invadir por computadores avançados, e mesmo assim não passou despercebido pelo Carlos. — Só passamos uns trinta segundos com ela, antes que ela aceitasse dar as amostras. Ela tinha um pouco de medo de nós.

O COMPANHEIRO DE MARIAOnde histórias criam vida. Descubra agora