Atemporal (SaneGiyuu)

Posfácio

P.O.V Shinazugawa Sanemi

Sinto cheiro de terra e mato, é um cheiro aconchegante. Ao abrir meus olhos, me deparo com um céu azul e brilhante, me sentei olhando em volta, uma brisa fresca passou por mim bagunçando meu cabelo, é um campo de flores, eu já estive aqui antes.

Me levanto forçando minha memória, deixando lembranças virem sem briga, todas calmas, uma onda que massageia a mente.

Um riso escapa de meus lábios ao me lembrar de tudo e corro os olhos ao redor do campo procurando por ele, ele sempre está aqui, eu nunca estou sozinho.

As lembranças de diferentes vidas vividas por mim e Giyuu inundam minha cabeça, meu coração dispara, é incrível como sei onde exatamente estou. Paro de andar por um momento e levo a mão ao peito, foram tantas vidas vividas, tantas lembranças boas e... muitas ruins também, tivemos perdas e nossas mortes não são as mais bonitas, ergo o olhar novamente a procura de Giyuu, não quero que ele esteja sozinho ao lembrar dessas coisas, se já não tivéssemos passado por isso tantas vezes, não estaríamos preparados para o choque.

Avisto um lago mais a frente e perto dele, Giyuu desacordado, sorrio e me aproximo dele vagarosamente, está dormindo tão sereno que tenho dó de acordar. De todas as vidas que vivemos juntos, ele só acordou antes de mim umas três vezes. Uma vez nos encontramos com um ser celestial, alguns chamam de mentor, outros de anjo da guarda, seja lá o que for, aquele cara disse que tem haver com nossos subgeneros, como alfa, sou naturalmente mais forte, e como omega, Giyuu é mais frágil.

Não é uma regra nascer com o gênero de sua primeira encarnação, mas quando um pacto é feito, um pacto como o que nós fizemos quando morremos no ano de 927.

Me abaixei perto de Giyuu e passei a mão por seu rosto num carinho singelo, o toque pele a pele me fez suspirar, tudo que quero é agarrar ele, mas sou paciente e espero que ele abra seus lindos olhos azuis.

- Você sempre esteve certo minha rainha - digo ao me abaixar até que meus lábios estejam perto de sua orelha.

- Você sempre diz isso... - ele sussurra me surpreendendo, Giyuu apoia as mãos no chão e se senta de frente para mim.

- Está acordado a quanto tempo? - pergunto me aproximando mais dele, sem conseguir me conter quando o aconchego em meu colo o agarrando e cheirando como se não o visse a milhões de anos.

- Não muito, mas quis aproveitar essa paz - dizia em meio a risos, mordi sua marca, a qual refiz por todas as vidas que vivemos juntos.

- Eu disse que iria te encontrar por todas as vidas - o beijei inúmeras vezes enquanto Giyuu ria e segurava minhas bochechas - você me deu um susto nessa última vida - parei e o olhei nos olhos de perto, com um sorriso nos lábios, meu omega não estava diferente.

- Nem se eu quisesse conseguiria separar a gente, aquele pacto que Shinobu me ensinou em 927 selou nossas almas - ele entrelaçou nossos dedos sem desviar o olhar de mim - nós somos um só meu rei.

- Estava com saudade de ouvir você me chamando assim - passei a mão por sua bochecha e acariciei seu couro cabeludo atrás da orelha, encostei nossas testas - quero viver mais mil vidas com você - Giyuu sorriu e roçou nossos narizes balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Você ainda quer continuar? - perguntou surpreso.

Giyuu claramente atingiu seu nível de evolução espiritual e talvez sua alma não aguente mais ter que voltar pra Terra e viver todas as dores do mundo físico, afinal, aqui essas coisa são existem, a única coisa existente aqui é a paz e a conexão.