Passo a mão pelo meu terno. Minhas mãos suavam, assim como eu. Eu suava frio de tanto nervosismo. Estou prestes a ver o amor da minha vida vestida de noiva.
O casamento está acontecendo no interior de São Paulo, em um sítio. Tuda estava exatamente como ela sempre me disse que sonhava que estivesse. Olho os convidados, que pareciam ansiosos para ver a noiva. Eu estava igual, até mais que eles.
Consigo imaginar exatamente como deve ser o vestido dela. Conheço muito bem o gosto daquela mulher, o suficiente pra saber que tipo de vestido ela jamais usaria em seu casamento.
Assim que ouço a marcha nupcial tocar, me levanto e olho atentamente o local por onde ela entraria.
Ali estava ela, com seu lindo vestido. O sorriso no rosto mostrava o quão feliz ela estava. Meus olhos se enchem d'água. Ela conseguiu ficar mais linda do que eu imaginei. Vejo ela caminhar em direção ao altar.
Naquele momento eu percebi, a mulher que eu amava já não me amava mais. Ela estava se casando, mas não era comigo. Ela estava realizando os sonhos que um dia planejamos juntos, porém sem mim.
Enxugo minhas lágrimas e me sento novamente. O padre, ou seja lá quem seja aquele cara, fez o famoso discurso que todos conhecem. Confesso que quis me levantar no momento que eu ele disse " fale agora ou calesse para sempre". Achei melhor me calar.
Eu estava feliz por ela. Mas triste por mim. Finalmente ela estava se casando. Mas não era comigo. Ela ira ter os filhos que tanto sonhava. Mas eu não serei o pai.
Talvez teria sido melhor não ter vindo!
Acho que ver a felicidade dela ao finalmente ouvir "eu os declaro marido e mulher" foi o suficiente pra mim aceitar que daquele jeito era melhor pra ela. Apesar de significar o fim do mundo pra mim.
A cerimônia acabou e a festa começou. Começou como um almoço mas se estendeu por tanto tempo que praticamente todos ali já estavam completamente bêbados, inclusive eu. Não tanto, não 'tô afim de passar vergonha aqui, ainda mais sozinho.
Todos curtiam e dançavam, felizes pelos recém casados. Mas eu não. Eu apenas bebia. Queria afogar a tristeza. Infelizmente não estava funcionando.
