Capítulo 6 - Piscina

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O que você decidir se fará,
e a luz brilhará em seus caminhos.
Jó 22:28

Nicolas Narrando:

Júlia estava realmente bela no sábado, tanto que mal consegui me controlar e fiz um elogio. Para minha surpresa, ela ficou completamente sem graça, a ponto de sair quase correndo para a igreja. Isso me deixou curioso. Fiquei pensando em como ela é diferente das outras mulheres que já conheci. Não precisa de roupas apertadas ou decotadas para mostrar que tem um belo corpo. A roupa que ela usava mostrava sua perfeição. Nunca vi alguém tão elegante e chamativa ao mesmo tempo. Não vou negar: o pouco que observei mostra que ela tem algo especial, um brilho que não sei explicar.

Na semana seguinte, comecei meu tratamento porque meu pai me pressionou, e não pude mais evitar. O fisioterapeuta parecia realmente bom, pois todos os exercícios eram intensos e cansativos, mas eu não me sentia confortável com ele. Ele apenas dava ordens, não conversava nada além do tratamento. Sei que ele foi pago somente para isso, mas já é dolorido e difícil, e fazer isso com uma pessoa que não me motiva é muito complicado. Aguentei duas semanas com ele e o dispensei. Meu pai ficou furioso, mas falei que não dava, que o cara era muito chato. Disse que iria pesquisar e escolher meu próprio médico.

Tenho me sentido extremamente entediado. Minha rotina é acordar, tomar café, ir para o jardim e ter a companhia do Lulu até Júlia aparecer e levá-lo resmungando. Esse é o momento do dia em que me sinto mais vivo, quando implico com ela ou quando ela resmunga comigo. Não conversamos muito além disso. Só no jantar volto a vê-la, ou no fim da tarde, quando ela chega do trabalho e se senta para tomar café na cozinha. Não trocamos mais palavras além de "oi" e "tchau". Gosto de conversar com Rosa, mas só temos conversas sobre memórias. O Guilherme também conversa comigo, mas quando não está fazendo algo que peço, enfia a cara no celular e esqueço dele até precisar novamente. É uma verdadeira solidão. Meu pai trabalha e viaja muito, minha madrasta me odeia e nem faz questão de falar comigo, mal a vejo em casa e nem faço questão disso. Sem amigos, sem namorada, sem família, sem trabalho. Minha vida não poderia estar pior, e não sinto ânimo algum para mudar nada.

—Pri, não repara na bagunça. Saí correndo ontem para trabalhar." Ouço a voz de Júlia e vejo o Lulu sair correndo da minha cama e ir cumprimentar sua dona pela brecha da porta.

—Oi, filho, meu amor.—diz ela com uma vozinha fofa. Sorrio com isso.

— Lulu, vem aqui com a tia, seu gordinho. — ouço a voz da amiga dela. O gato mia resmungando; acho que ela apertou o coitado. As vozes delas ficam baixas, e ouço risadas e a amiga resmungando de algum cara que ela gosta, enquanto Júlia dá conselhos. Hoje é feriado e, pelo que percebo, elas vão tomar banho de piscina. Não sei se é porque estou entediado, mas chamo Guilherme e peço para ele me ajudar a vestir uma regata e um short de praia. Acho que elas não vão se importar de me ver na piscina também. Guilherme me observa e peço para ele vestir algo meu; vamos para a piscina hoje. Ele faz isso com muita animação. Depois, peço para ele ver se a porta do quarto de Júlia está fechada. Ele checa e confirmo que ainda estão no quarto. Saímos para a piscina e ficamos debaixo do guarda-sol. Passo protetor e me sinto ansioso, não sei por quê. Alguns minutos depois, meu celular toca. Para minha surpresa, é meu melhor amigo.

— Olha quem tá vivo sempre aparece.— digo sorrindo.

— Liguei em um bom dia, tá animado!— ele diz. Reviro os olhos.

— E aí, como estão as coisas? Você mal me responde. — ele diz.

— Ah, cara, você sabe que não muito  de usar rede social e nem a falar por mensagem.

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