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Belo Horizonte

Rodolffo,  estudante de advocacia, estava no seu apartamento terminando de se arranjar.

Tinha combinado com alguns amigos ir para uma balada.

Sem namorada fixa, curtia com umas e outras.  Ultimamente havia conhecido Telma e já tinham saído algumas vezes sem compromisso.  Tanto ele como ela eram pessoas desapegadas.

Rodolffo já tinha sido muito magoado no passado e não permitia que ninguém mais o fizesse.  Telma por seu lado era garota de programa, então Rodolffo era só mais um que ela repetiria porque achava gostosa a sua companhia dizia ela.

A noite prometia.  A boate estava cheia.  A banda que tocava era muito boa.

Rodolffo sentou-se no bar e pediu um whisky.   Telma logo se juntou a ele.

- Rodolffo pede um whisky também para mim.

Rodolffo pediu a bebida e continuou a beber a sua.

- Vamos para qualquer lugar?

- Hoje não estou afim.  Vou beber e sair cedo.  Não estou com disposição para estar aqui.

- Que foi?  És sempre o último a deixar a farra.

- Pois,  mas hoje não.

- Sabes, desde que começámos a sair nunca mais me relacionei com ninguém.   Ainda tentei mas não deu.  Acho que estou gostando de ti.

- Desiste.  De mim só terás companhia nos rolês e algumas transas.  Estou fora desse negócio de relacionamentos estáveis, ainda mais com garotas de programa.
Tu e eu é só sexo por sexo.

- Porquê? Ainda ontem tivemos uma noite bem animada.  Não sentes nada por mim?

- E não vai passar disso. 

- Grosso.  Fica  aí com a tua bebida.

Telma saiu e Rodolffo continuou a beber sózinho.  Os amigos já tinham arranjado umas paqueras e estavam cada um para seu canto.

A noite já avançava quando se ouviu um burburinho vindo do exterior.

Aparentemente um dos amigos de Rodolffo entrou numa confusão por causa de uma moça.

Gerou-se um tumulto e num instante andava tudo ao soco.

Rodolffo aproximou-se um pouco e deparou-se com um jovem ensanguentado e caído no chão.  Ninguém lhe prestava auxílio pois estavam mais interessados em demonstrar o quão fortes eram na luta.

De repente as sirenes da polícia fizeram-se ouvir e todo o mundo correu para todo o lado.

Rodolffo por já ter ingerido algum álcool e porque não queria deixar o jovem sózinho deixou-se ficar.

Foi pego junto ao jovem, com as mãos ensanguentadas pois tinha tentado estancar o sangue.   A faca usada para o ferir estava no chão ao lado.  Rodolffo nem a tinha visto ainda.

Por esta altura o rapaz já estava inconsciente.  Chegou a ambulância que tentou a reanimação no local mas não conseguiram.   Levaram o jovem para o hospital e Rodolffo para a esquadra de polícia para interrogatório.

Rodolffo estava tranquilo pois tinha consciência de que não havia feito nada, mas, após o interrogatório começou a ficar preocupado.

Na boate ninguém viu nem ouviu nada.  Pelo menos assim o disseram.
Quem fez parte da rixa também não foi identificado, incluindo os amigos de Rodolffo que simplesmente o abandonaram.

Rodolffo foi mandado embora da esquadra mas aconselhado a procurar um advogado.   Teria que comparecer perante um juiz.  Aguardava-se apenas a reacção do jovem lesionado.

Consultou um advogado que por sinal também era seu professor na faculdade.

- Não vou mentir Rodolffo.   Se o  jovem recuperar e testemunhar que não tiveste nada a ver com o caso estás safo, mas se ele morrer ou não se lembrar, podes ter sérios problemas e até seres preso e condenado por um crime que não cometeste.

- A boate tinha imagens de vídeo vigilância?

- Não sei, mas vou procurar saber.

Rodolffo foi até à boate falar com os proprietários.

- Desculpe, mas a polícia já levou as imagens.   Não estão bem visíveis pois estava escuro mas a polícia diz que tem meios de recuperar.  Vai demorar bastante disseram eles.

Rodolffo tomou logo ali uma decisão.
Foi ter com o professor Advogado e perguntou-lhe se estava disposto a representá-lo.

- Sim.  Serei o teu advogado neste caso.

- Mas doutor.  Eu vou sair do País.  Quero que me represente mas irei embora.  Só volto depois deste assunto resolvido.   Não irei para a prisão por um crime que não cometi.

- Como teu advogado não te aconselho mas eu entendo.  Eu faria igual.

Em menos de uma semana, Rodolffo pediu a equivalência do curso preparou as malas e hoje estava no aeroporto para deixar o Brasil.  Contactou o advogado informando-o que já estava de viagem.

Estava um pouco nervoso e só relaxou quando deixou o terminal de saída de passageiros do aeroporto
da Portela em Lisboa.

Rodolffo tinha escolhido Portugal para se refugiar até todo o processo estar concluído ou para sempre quem sabe.

Entrou no táxi que o levou ao hotel que tinha reservado.

Fez o chek in, subiu ao quarto, tomou um banho e deitou-se na cama.  Adormeceu quase de imediato pois havia dormido muito pouco desde o acontecido.

Acordou horas depois e desceu até ao restaurante do hotel onde jantou sózinho.  Observava tudo em volta.
De um lado falavam português,  do outro francês,  de outro inglês e outras línguas que ele não identificou mas que julgou ser mandarim por conta das pessoas de olhos rasgados.

O garçon era bem simpático.

- Seja bem vindo ao nosso hotel e ao nosso País.

Rodolffo agradeceu e saiu para andar um pouco pelas redondezas.

Não havia muita gente na rua àquela hora  mas logo viu um grupo de jovens que conversavam numa pracinha.  Reconheceu logo serem brasileiros.
Aproximou-se,  meteu conversa e por ali ficaram, ele a querer saber mais de Portugal e eles a matarem saudades do Brasil

Dá-me um abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora