Matrícula feita, uniforme e material escolar comprado. Segunda-feira começa uma nova etapa na vida de Miguel.
Como toda a criança, estava deslumbrado com os materiais. Os lápis de carvão, de cor, de cera, as borrachas, afia lápis, régua tudo era vistoriado e experimentado.
- Miguel, não queiras gastar tudo já hoje. Cuidado com as paredes. É para usar no papel, não na parede ou nos móveis.
- Sim papá. Vou fazer um desenho para ti.
Miguel desenhou um homem alto e um pequeno. Uma estrelinha do lado esquerdo e duas do lado direito.
- Está pronto, toma papá.
- Já está? Quem são?
- Tu e eu. A estrelinha da mamã e do vô e da vó.
- Muito bem. Está lindo, vou guardar. Agora guarda o material na mochila.
Segunda de manhã lá estavam Rodolffo e Miguel na porta do colégio.
Miguel por ser o primeiro dia estava agarrado às pernas no pai e não queria largar.A auxiliar que recebia as crianças tentava animá-lo para que ele deixasse o pai ir.
Juliette chegou com Leonor. Por já estar no segundo ano a menina vinha entusiasmada para encontrar os amiguinhos.
- Nônô, ajudas-me com este amiguinho novo? Parece que ele não quer deixar o pai.
- Anda comigo, diz Nônô e pegou na mão dele que não recusou.
Até logo mamãe.- Vai com a menina. O papá vem buscar-te depois, pode ser Miguel?
Miguel meio desconfiado foi largando o pai.
Rodolffo com o coração partido viu seu filho afastar-se de mão dada com a menina.
Juliette apreciava a cena lembrando-se quando foi no primeiro dia de Leonor.
- Amanhã vai ser diferente pai. As crianças acostumam depressa. A minha foi igual.
- Nunca me separei assim dele até hoje. Apenas para trabalhar, mas ele ficava em casa.
Espero que ele se adapte. Tenho que ir. Tchau.
E saiu dali a correr. Queria ter tido mais tempo de conversa com alguém que pudesse sossegar meu coração.
E se ele não gostar? E se alguém lhe fizer mal?Fiquei ali na entrada. Nônô tinha levado Miguel para dentro. Observei as outras crianças que brincavam despreocupadas.
- Calma pai. O Miguel fica bem. Vá descansado.
- Obrigado. Até logo.
Saí dali e fui dar uma volta. Só na próxima semana começava a trabalhar. Andei às voltas até à hora do almoço.
Pensei ir buscar o Miguel para almoçar mas decidi deixá-lo almoçar no colégio. Quanto mais participasse do dia a dia, mais depressa se enturmava.O dia passou devagar. Estava ansioso para saber como foi o dia do Miguel.
O colégio ficava relativamente perto de casa, pelo que optei por ir buscá-lo a pé. Eram 16 horas estava eu no portão à espera.Perguntei à auxiliar como ele tinha estado e ela respondeu que se comportou normal.
Da porta principal surge o meu menino de mão dada com Nônô. Coisa mais linda.
- Papá. A Nônô já é minha amiga.
- Que linda amiga. Obrigado Nônô por ajudares o Miguel.
- Eu gosto de ajudar os mais pequeninos. A minha mãe sempre diz para eu ajudar.
Mas hoje fiquei de castigo. Só um bocadinho.
- Como foi isso Leonor? Perguntou Juliette que acabara de chegar e ouviu tudo.
- Então, mamãe. Um menino grande da minha sala empurrou o Miguel e eu dei-lhe um pontapé e disse que isso não se faz.
- E porque é que ele empurrou o Miguel?
- Porque diz que ele fala esquisito. O Miguel gritou, não falo nada esquisito, e ele empurrou-o.
E também ficou de castigo.- E tu achas que ele fala como?
- Então depois que eu fiquei de castigo, a minha professora juntou os meninos todos e explicou que o Miguel veio de outro País e em cada País se fala diferente do Brasil.
Depois o menino pediu desculpa ao Miguel e eu pedi a ele. E saí do castigo. E fui buscar o Miguel para vir embora.
A auxiliar ouvia a explicação e concordava.
- Foi exactamente assim que aconteceu.
- Obrigada filha por defender o amiguinho mas não precisa dar pontapés.
- Ele também não precisava empurrar, disse Nônô cruzando os braços.
- E verdade. Está resolvido. E o Miguel gostou da escola?
- Gostei muito. Papá, amanhã posso vir de novo. Tu vens Nônô?
- Podes sim. Ainda bem que gostaste.
Agradeci novamente e ficámos por um tempo junto ao carro de Juliette a trocar ideias sobre os nossos filhos.
Ela ofereceu boleia mas eu preferi vir a pé. Ela disse que estava com pressa para resolver um assunto e por isso trouxe o carro pois também morava relativamente perto.
Entrei com o Miguel numa pastelaria e fizemos um lanche.
Miguel parecia muito feliz apesar do episódio da escola. Contava que a professora era muito simpática e brincou muito com os coleguinhas.
O dia tinha sido um pouco tenso mas perante o que Miguel falava consegui desanuviar.
Voltámos de mão dada para casa e não me saía da cabeça a imagem dele de mão dada com Nônô. As crianças conseguem em apenas 2 segundos fazer o que os adultos levam por vezes anos.
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Dá-me um abraço
FanfictionA história de duas crianças, nascidas em Países diferentes, mas com muito em comum. O destino encarregar-se-à de juntá-las.