Dá-me um abraço

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Comprámos a nossa casa e já fizemos a mudança.  Como ela era muito grande os pais da Ju vieram morar connosco.

Hoje era o dia em que eles partiam para a sua semana na Amazónia.  Fomos levá-los ao aeroporto com as crianças.

- Eu nunca andei de avião,  diz Leonor.

- Eu já.  Quando vim de Portugal,  respondeu Miguel.
Mas eu tive um bocadinho de medo.

- Prometo que nas férias vamos fazer uma viagem que tenha avião.   Pode ser Ju? 

- Pode.  Até deixamos vocês escolherem o local.

- Oba!!!

Seis anos depois.

Hoje era o aniversário de 15 anos de Leonor.  Tínhamos programado uma  festinha no jardim da nossa casa.  Viriam muitos dos seus colegas de liceu e alguns amigos de Miguel também.

A nossa menina estava uma senhorinha.

O Miguel veio segredar-me quem era o namorado dela.  Ela ficou furiosa.

- Não é nada namorado.  É só amigo.
Mãe, não acredites no Miguel.

- Não faz mal Leonor.  Eu sei que tu és muito ajuizada.  Só quero que sejas feliz.

O pai quis saber qual era a fofoca mas como ele morria de ciúmes da sua princesa, resolvemos não contar.

Vi a Ju a fofocar com a Leonor e quis entrar na conversa.  Elas disfarçaram mas eu sei que falavam de paqueras.  O Miguel conta-me tudo.

A Ju já exibe uma barriga de 6 meses.  Vem aí a nossa Maria Júlia.

Foi maravilhoso descobrir a gravidez numa altura em que o nosso casamento passava por uma pequena crise.

Sim, eu e a Ju casámos há 3 anos, numa cerimónia simples onde apenas estiveram as pessoas mais importantes para nós.

A Ju vinha tendo umas crises de ciúmes fora do normal.  Não podíamos sair que se ela visse uma mulher olhar para mim já era tema para briga.

Foi numa dessas brigas que ela teve uma queda de pressão e teve que ir ao hospital.  Depois dos vários exames descobrimos a gravidez.

Ela estava furiosa comigo mas logo ali fizemos as pazes.  Eu estava numa euforia sem tamanho.
Ju a princípio parecia não acreditar mas logo me abraçou e pediu desculpa pelo comportamento.

Quando fizemos o primeiro ultrason e descobrimos o sexo foi um dia especial para nós.   Fosse o que fosse ele já era muito amado mas a Ju apesar de ser mãe de Leonor desejava outra menina.  Para mim era indiferente  pois já tinha um casal.

A festa da Leonor foi muito bonita.  Ela estava deslumbrante no seu primeiro vestido longo.  Tocou uma música calminha e eu fui tirar a minha princesa para dançar.   Não podia perder a oportunidade pois a seguir a música já não se adequava à minha idade.

Deixei a festa e fui acompanhar a Ju até ao quarto.  Estava com os pés muito inchados pois já estava em pé há horas.

- Deita aí que eu faço-te uma massagem.

- Amor, tenho saudades da Leonor bébé.   Logo ela fica uma mulher e vai deixar-nos.

- É a lei da vida.  Criamos os filhos para o mundo.  Amar é deixar ir.  Mas ainda teremos muitos anos com ela, o Miguel e a Maria Júlia.  E outros se vierem.

- Terminou.  Fechou a fábrica.

- Poxa!  Só mais um.  Pôfavosinho.

- Pedindo assim, até que posso considerar.

- Eu sei que também queres.

- Contigo na minha vida quero tudo.

- Dá-me um abraço.

- Os que quiseres.  Quando quiseres.

- Amo-te muito.

Fim