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Eu almocei com Juliette e as crianças  e para dizer a verdade adorei.  Há muito não me sentia tão bem.

Conversámos sobre os nossos trabalhos, sobre Portugal e até sobre o motivo de eu ter partido.

Não sei explicar mas senti-me à vontade para expor a minha vida.

A meio da tarde achei que já eram horas de voltar para casa.  Só ia levar o Miguel e acabei ficando também.

- À não!  Ainda é cedo.  Deixe o Miguel ficar mais  pediu Leonor.

- Já  brincaram muito.  Noutro dia brincam mais.  Miguel dá tchau à Nônô e à Juliette.

- Tchau Nônô,  tchau mãe da Nônô.

- Juliette,  desculpa a bagunça que trouxemos para o teu dia de descanso.

- Que nada.  Eu adorei o nosso papo.  Vamos repetir.

- Eu adorava.  Na próxima é na minha casa.

Saímos dali e fomos fazer umas compras para o fim de semana.

Durante muito tempo eu vi a Juliette apenas na entrada e saída da escola.  Nunca dava para ter grandes conversas pois ou ela ou eu estávamos sempre apressados para o trabalho.

As crianças iam entrar num pequeno período de férias e Juliette programou uma viagem para ela e para a filha a Monte Verde.

O clima da cidade era ameno.  Iam fazer trilhas nas montanhas.  Durante uma semana queriam ficar longe de tudo.  Quer dizer:  Juliette queria, já Leonor?

Juliette precisava organizar a cabeça pois um certo moreno andava perturbando o seu sono.

Há muito tempo não sentia por nenhum homem o que estava sentindo por Rodolffo.

Aproveitou que Leonor queria falar com Miguel e ligou.

- Oi.  Tudo bem?

- Olá.  Sim,  e vocês.

- A Leonor quer falar com o Miguel.
Estamos indo para Monte Verde.  Já foste lá?

- Não.   Que pena.  Agora o meu trabalho não permite senão candidatava-me a ir também.

- Eu ia adorar,  diz Juliette sem pensar.

- Eu também.   Fica para outra vez.
Queria muito estar com vocês.
Vão quando?

- Amanhã, sábado.

- Vem jantar hoje comigo e com o Miguel.

- Não incomodamos?

- Não.   Vamos adorar.

- Então espera por nós às 20 horas.
Passa o telefone ao Miguel que eu tenho aqui uma mocinha impaciente.

- Beijo.  Até logo.

Depois de passar o telefone a Leonor fiquei me cobrando pela aproximação.  Eu queria tentar mas ao mesmo tempo lembrava das relações anteriores, que não tinham deixado boas lembranças.

Chegámos ao apartamento de Rodolffo para alegrias de crianças e adultos.
Ele recebeu-me com um tímido olá e eu fui logo abraçando.

Eu amo abraços.  Me fazem sentir protegida e os dele são os melhores. Dada a diferença de estatura eu fico totalmente encaixada nos braços dele.

- Podes achar-me oferecida,mas estava com saudades do teu abraço.

Ele,  que já  me tinha soltado,  voltou a abraçar-me.

- Eu queria mais que um abraço, diz pegando no meu queixo e dando-me um selinho.

Olhei em volta e as crianças já tinham desaparecido.  Segurei o rosto dele e beijei-o com vontade.
Terminámos o beijo mas continuámos abraçados até que ele falou.

- Vamos chamar as crianças para jantar.

Eu fiz o gesto de sair,  ele puxou-me pelo braço e voltou a beijar-me.
Correspondi e no final demos vários selinhos.

- Queria tanto ir com vocês.   Vão a que horas?

- Só a seguir ao almoço.

- Dorme cá.

- Não sei se é o mais correcto.

- Somos adultos e responsáveis.

- Adultos sim, responsáveis tenho dúvidas.  Qualquer mulher ao pé de ti fica irresponsável.

Rimos os dois e fomos chamar os nossos filhos para jantar.

- Miguel,  gostavas que  a Nônô dormisse cá?

- Sim.  Tu queres Nônô?

- Quero, mas mãe, já não vamos viajar?

- Vamos.  Só amanhã à tarde.

Terminámos o jantar, deixámos as crianças brincar um bocado e depois de um banho foram dormir.  Adormeceram de imediato tal era o cansaço.

Eu e Rodolffo ficámos a assistir televisão e a dar carinhos um ao outro.

- Nós dois podemos tentar.  Eu gosto de ti, diz Rodolffo.

- Eu também gosto, mas  não me quero precipitar como anteriormente.  Vamos com calma.

Fomos para a cama e fizemos um amor bem gostoso.

Rodolffo estava deitado, pensativo.

- O que te preocupa?

- Nada.  Ainda estou a digerir tudo. Foi muito bom.  É bom quando estamos com quem gostamos.

Deitei a cabeça no peito dele e dormimos abraçados.

Acordámos cedo, fizemos a nossa higiene  e tomámos café.

Despedimo-nos dos dois e Rodolffo recomendou que tivesse cuidado nas montanhas.

Dá-me um abraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora