Capítulo LXXVII

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-Vamos comer panquecas à uma da manhã.-Eu afirmei assim que o Ash fez o pedido à senhora do café onde nos encontrávamos.

-Não são panquecas quaisquer, são panquecas com nutella.-Ele disse e eu ri um pouco.

-E com que propósito é que estamos aqui?-Eu perguntei e ele olhou para mim como se fosse óbvio.

-Por nenhum, estamos apenas e só porque podemos.-Ele explicou.

-És doido, Irwin.-Eu comentei e ele riu.

-E com orgulho.-Ele admitiu.

-O que é que tens aí?-Eu perguntei fazendo sinal para a mochila que ele tinha trazido de casa.

-Folhas, canetas, uma manta, pincéis e claro tintas que brilham no escuro.-Ele respondeu sorrindo.

-Para que é que são as tintas?-Perguntei confusa.

-Para nos pintarmos, claro.-Ele respondeu enquanto tirava as folhas e as canetas da mochila.-Agora, escreve algo interessante aqui.-Ele ordenou, entregando-me uma das folhas e uma caneta.

Assim o fiz e depois voltei a entregá-las ao meu meio irmão, que me lançou uma poker face depois de ter visto o que eu tinha escrito.

-Disseste para escrever "algo de interessante" e foi isso que eu fiz.-Eu expliquei, fazendo o sinal das áspas quando disse a frase que escrevi na folha.

-Muito engraçadinha, Maya White.-Ele comentou.-Agora a sério. Escreve alguma coisa aí para depois andarmos a distribuir folhas com coisas estúpidas ou interessantes pela cidade.

-Deixa-me adivinhar, vamos fazer isso apenas e só porque podemos.-Eu disse e ele assentiu.

Começámos a escrever coisas interessantes, estúpidas, inspiradoras e sem sentido nos papeis. Quando a empregada do café voltou com os nossos pedidos, nós já tínhamos terminado e guardamos tudo na mochila.

-Sabes a música que eu comecei a escrever no início do ano, o "Unpredictable"?-Ele perguntou, comendo a sua panqueca e eu assenti.-Vou continuar a escrevê-la e estava a pensar que tu podias fazer a segunda parte da letra porque é a nossa canção.-Ele sugeriu.

-Posso tentar mas eu não sei escrever lá muito bem.-Eu avisei, enquanto comia a minha panqueca e ele riu.-Nunca escrevi nada.

-Nada?-Ele perguntou incrédulo.-Nunca escreveste nenhuma canção quando eras pequena?

-Sim mas essa não conta.-Eu disse.

-Era sobre o quê?-Ele perguntou.

-Esse assunto é confidencial.-Eu respondi não revelando o tema.

-Canta-a.-Ele ordenou.

-O quê? Não!-Eu recusei.

-Vá lá, Maya.-Ele insistiu.

-Não, Ash, estamos num local público.-Usei a primeira desculpa que me veio à cabeça.

-Por favor, ele fez beicinho.-Mas eu resisti e continuei a comer.

-Vais deixar de ser chato?-Perguntei pois o olhar persuasivo dele sobre mim já me estava a irritar.

-Parvo que tu amas.-Ele disse piscando-me o olho.

-Vai sonhando, Fletcher. Depois eu canto.-Eu disse e ele riu.-Estás a rir-te de quê?-Perguntei assim que pus o último pedaço de panqueca na boca passado um bocado.

-Nada, nada.-Ele garantiu mas eu olhei-o desconfiada.

-Com licença.-A senhora do café disse chegando a nossa mesa e levando os pratos.-A menina está suja aqui.-Ela avisou, apontando para o canto da boca. Apressei-me a limpar a sujidade.

Roomies || 5SOS [Editing]Onde histórias criam vida. Descubra agora