Cap 5

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NICHOLAS NELSON

Abro os olhos e a primeira coisa que eu vejo é a árvore de natal brilhando, com várias bolinhas e decorações pequenas e vermelhas e no topo uma estrela. Embaixo alguns presentes. Sigo meus olhos para a janela e está nevando, o Sol está nascendo e o céu está laranja.

Ainda falta vinte quatro dias para o natal e minha mãe já decorou toda a casa, podemos dizer que ela é obcecada. Minha casa está decorada desde do começo de novembro, mas todo dia que eu acordo tem alguma decoração nova.

Eu acordo no sofá, o que não é normal, mas acabou acontecendo. Já que ontem a noite eu deitei no sofá e acabei dormindo, não era um dos meus planos dormir com a mesma roupa que eu fui a casa de Charlie.

Ninguém em casa acordou, somente os pisca-piscas de natal estão ligados. Subo para meu banheiro, tiro minha roupa, encho a banheira e entro. Está quente, muito mesmo, mas não me importo. Fecho os olhos e só consigo ver os olhos de Charlie cheio de lágrimas ao me mandar embora e dizer que me odeia, eu tenho que confessar que aquelas palavras doeram e eu queria mudar isso, queria nunca ter feito aula de história para nunca ter sentado ao lado dele e não machucá-lo.

E esse é meu problema, todos que eu toco eu acabo machucando e isso não foi diferente com ele. Queria que fosse, queria nunca ter me apaixonado por cada detalhe dele assim ele nunca teria me conhecido.

Por isso não queria ter beijado ele naquele dia, eu queria obvio, só sinto que ainda não estávamos preparados, eu não estava. Eu queria tê-lo somente para mim, só o jeito que eu expressei isso não foi muito bom...Eu diria. Meu mecanismo de defesa é me afastar, então quando eu comecei a sentir algo por Charlie, por um menino, eu só pensei em uma coisa, em me afastar. Podemos ver que não deu muito certo.

Sei que eu e o Charlie nunca daríamos certo porque qualquer sentimento novo que eu tivesse eu me afastaria e tentaria apagá-lo da minha mente o mais rápido possível e ele não merece isso, ele merece alguém que não seja assim, ele merece alguém que não seja tão confuso como eu, tão quebrado como eu.

Mas ele não merece ninguém que não seja eu, se eu ver ele com alguém que não seja eu, eu entraria em pânico, só se pensar nisso eu já entro. Eu quero ele para mim, mas não posso tê-lo. Isso me deixa furioso.

Eu queria gritar quando ele falou que me odiava, quando me mandou embora. Não fiz isso, eu corri para o bar mais próximo e bebi, muito mesmo. Não me orgulho, mas foi a única coisa que me fez esquecê-lo.

Tomei meu banho e fui para meu quarto, coloquei meu conjunto de moletom e fiquei horas no computador. Estava ficando com fome, então em vez de preparar minha própria comida, vou sair no frio e ir em uma cafeteria.

Eu diria que eu amo cafeterias, elas conseguem ser melhor que bares, meu lugar de conforto e ninguém sabe disso.

Eu calço meus tênis e vou correndo para a cafeteira mais perto da minha casa. A que eu sempre vou.
Como todo lugar ela está decorada para o natal, eu amo essas decorações. Sento em uma mesa qualquer e uma garçonete me atende.

-O de sempre Nick? -Amélia pergunta.

-Óbvio. Obrigado -eu agradeço.

-De nada, é para já -ela se retira.

Amélia é uma das garçonetes daqui, diria quase uma amiga, ela sabe exatamente o que eu vou pedir, já que eu venho aqui quase todo dia e sempre peço a mesma coisa.

Antes de pegar meu celular do bolso eu olho em volta e vejo meu garoto sentado com outro garoto. Eles estão sorrindo, Charlie está corado, com aqueles cabelos finalizado e a porra de um sorriso. Um sorriso para outra pessoa que não seja eu.

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