Cap 15

72 9 85
                                    

NICHOLAS NELSON

A rua quase vazia, somente eu parado olhando a neve cair sobre meus ombros. Eu tiro meus pés da neve e coloco novamente, sentindo minhas lágrimas molharem minhas bochechas.

Tori e Charlie já entraram em casa a um bom tempo. Na verdade não sei se sou bem vindo lá, não consegui ver se Charlie entrou chorando para casa. Eu espero que não.

Não sou de gritar com ele, não acredito que fiz mesmo isso. Eu pensei que ele não iria voltar da rua, Tori disse para não ir correndo atrás dele, que uma hora ou outra ele voltaria. Ela disse também que ele faz muito isso.

Como um gato, aqueles gatos que só comem em casa e saem para rua e ficam dias, depois voltam como nada tivesse acontecido. Charlie e eu não conversamos mais sobre o meu carro, muito menos eu quis conversar sobre a quase morte dele. E acho que nem vamos.

Eu quero saber o que desencadeou a recaída dele, queria saber o que ele tanto pensa. Eu quero estar nos braços dele de novo, sentir seu calor, sua respiração. Eu preciso dele.

Jane nem se importou quando ele saiu correndo, ela só me olhou e disse que nunca mais queria me ver perto dele depois de hoje. Disse também que nunca iria me aceitar dentro da casa e principalmente falou bem forte que sente nojo de mim e Charlie.

Sinto como todos os meus ossos estivessem preste a quebrar, como se do nada pudesse abrir um buraco no chão e eu cair. Na verdade eu queria muito que isso acontecesse.

Eu quero de verdade entrar para ver como Charlie está. Não sei o que ele pode fazer daqui para frente, deixá-lo sozinho é uma péssima ideia. Nunca entendi o que Charlie está sentindo, parece uma gangorra, uma minuto vejo um sorriso no seu rosto e no outro ele começa a ficar triste e escondido.

Começo a andar devagar para a porta, subo os degraus, encosto na maçaneta e tento sugar o máximo de coragem que eu disse para dentro dos meus pulmões. Finalmente abro a porta, devagar.

Meus olhos encontram Tori, Jane e o pai de Charlie. Todos discutindo, não sei exatamente o motivo.

— Ai você vem defender ele? Você viu o que ele fez? — Jane pergunta, repetidamente, balançando os pés.

— Eu sei sobre Charlie mais do que você sabe. Eu sei também que ele pode muito bem se controlar, tenho confiança nele, sei que ele namorar Nick não vai mudar nisso. Não estou dizendo que vai melhorar, não gosto de Nicholas — Tori fala e se assusta ao encontrar eu parado na porta.

Tento ouvir se Tori diz algo, mas só vejo Jane chegando mais perto de mim. Assim que ela chega o suficiente para fechar a porta ela me olha de cima a baixo, da ponta dos meus pés ao último fio de cabelo.

— Charlie subiu, provavelmente no quarto dele —concordo e assim que vou subir o primeiro degrau de madeira, ela me segura pela manga e continua —Se aparecer na minha frente de novo eu tenho questão de chamar a polícia, nunca, nunca mais faça eu passar a vergonha quando mentir uma coisas dessas — ela passa a mão pelo cabelo —, na minha casa ainda, pedir...meu filho em... n-namoro.

Sua dificuldade em falar é nítida, ela nem tenta esconder, Jane tem questão de mostrar o quanto é homofóbica.

— Pode ter certeza que não vou pedir ele em namoro de novo, na sua frente — subo mais dois degraus. — Só saiba que um dia ele vai aparecer namorando comigo.

Subo confiante, antes de encostar na porta consigo ouvir um barulho alto de música, uma música feliz. Como se eu voltasse no dia que ele estava na minha casa, cantando e dançando sem ligar se eu estivesse vendo. Abro a porta.

Muito diferente de antes, ele está deitado na cama e a caixa de som ao seu lado. Não entendo bem o que ele tem com música, mas para ele parece ser importante.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 27 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Somente nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora