SOS Acampamento (Natiese)

Capítulo 15

O canto dos pássaros ressoava suavemente em meus ouvidos, as árvores em minha volta balançavam levemente e o cheiro característico desse lugar me faz ter lembranças tão gostosas quanto chocolate.

Caminho sozinha em meio a trilha pela qual percorri algumas vezes quando estive nesse acampamento. Ao me aproximar do rio, avistando sua correnteza característica, paro e aprecio a sensação que me invade, lembranças de sentimentos novos que acostumei a ter. Estar aqui a primeira vez me fez ter muita raiva dos meus pais, mas no fim eles tinham razão, eu precisava disso.

Foram alguns minutos sozinha, até ser abraçada por trás e perceber seu rosto repousar em meu ombro. Era o que restava para me sentir ainda melhor nesse lugar. Aspiro seu perfume suavemente, fechando meus olhos e puxando o ar, nesse momento seus braços me apertam um pouco mais.

— Você demorou mais do que o esperado. — Falo

— Estava resolvendo umas coisas, aliás que te interessa muito. — Priscilla diz, agora ficando em minha frente, segurando em minhas mãos. — Minhas coisas já chegaram em nosso apartamento, até mesmo os móveis que nos faltava. — Me restava quase saltitar de felicidade ao ouvi-la.

— Ao voltar de viagem, então já podemos morar lá? — ela assentiu. — não poderia ter me dado notícia melhor, meu amor!

Me aproximo para beijá-la, tocando seu rosto e sentindo a maciez de sua pele e seus lábios nos meus. Como sempre ela não se contenta com pouco, me trás mais perto, colocando a mão entre meus cabelos e intensificando o beijo. O que me resta é me render em seus braços, sou apaixonada por esse jeito que ela me tem e me quer.

E amo quando ela acompanha as minhas ideias magicamente malucas. Não é atoa que iremos morar juntas...

Nos últimos meses temos nos encontrado poucas vezes. Priscilla estava empenhada em seguir seus sonhos e conseguir uma vaga na universidade por meio do vestibular, se preparou muito pra conseguir e daqui quatro semanas estará iniciando suas aulas de psicologia.

Viver numa república só de mulheres não me pareceu uma alternativa muito boa e como se eu não tivesse sempre uma boa ideia decidi pensar em algo ainda melhor, nós poderíamos morar juntas!

Meus pais sempre interessados em que eu me tornasse uma mulher madura não achou tão mal a ideia. Por um bom tempo fui uma filha que mesmo muito jovem, ainda adolescente, sentia poder fazer tudo que eu quisesse, era mesmo esnobe ou dondoca nas palavras de uma certa pessoa. E então minha mente se ocupou em outra coisa, em estar e em querer alguém. Me apaixonar pode ter sido a solução para os problemas de meus pais, sem nem que eles pudessem imaginar. E agora são eles os maiores apoiadores desse romance.

Me parece um grande passo em nossas vidas, mas nenhum passo foi tomado sem que tivéssemos pensando bem em cada um. Em nossas tardes de final de semana em minha casa, meus pais nos alertaram de como é difícil iniciar a vida com outra pessoa, somos vidas e histórias diferentes. Apesar de tudo que podemos enfrentar e da longa juventude que temos pela frente, é onde eu quero estar.

E olha só, não consigo pensar em algo além de tê-la perto de mim e partilhar meus dias, aproveitar do seu colo quando eu chegar em casa cansada e triste porque não fui bem na prova. De certo são das coisas simples que se forma a vida.

Estar nesse acampamento por vontade própria me faz retomar pensamentos de quando meus pais me mandaram a força pra cá. Eles achavam que minha rebeldia passaria depois que eu me acostumasse a trabalhar em equipe. Mas uma única garota foi capaz de mudar os rumos dessa história.

Uma garota bem irritante aliás, com uma capacidade ainda mais irritante de fazer me apaixonar por ela.

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