Voce II

1.1K 77 44
                                    

ATENÇÃO Esse capitulo tem descriçoes explicitas de violencia sexual, por favor pule ele se isso te afeta. 

-------------

Kelvin já tinha ouvido um não no quarto, na cozinha, no café da manhã.

Agora estava indo atrás do não no meio da plantação, pretendendo vencer Ramiro pelo cansaço e conseguir sua viagem para Pontal.

Queria ir fazer compras, levando em consideração que Nova Primavera era um ovo. Sentia saudade de shoppings. Também levaria Bere, que não saía de seu estado de mendiga deprimida desde o término. Mas o motivo mais forte era que queria ter pistas sobre a mãe, e seu primo Odilon ainda tinha a academia lá, como sabia pelo Instagram.

O sol escaldante atingia todos que presenciaram a cena no meio da plantação.

— Por que não, Ramiro? — Kelvin cruzou os braços.

— Porque eu já disse não.

— Isso não é resposta.

— Não é seguro...

— Eu posso levar o patrãozinho. — Sidney se meteu, tentando apaziguar a situação que estava saindo do controle, pois via que Ramiro já estava quase fora de si.

— Poxa, Ramiro, eu vim aqui de salto, trouxe eu mesmo tua marmita. Eu só quero ir ali rapidinho. — Kelvin se interrompeu ao ver alguns peões rindo da cena. — Ei, estão rindo de quê? Seu bando de feios. Hein, Ramiro, vai deixar eles rirem de mim?

Sidney conhecia o seu patrão muito bem. Esperava que Ramiro estourasse e fizesse uma cena ainda maior e talvez até se encolhesse em si mesmo pelo orgulho ferido, mas não. Ramiro se virou e disse em alto e bom tom:

— Oces aí, parem de rir do Kevinho. Respeitem ele.

Sidney, nesse momento, começou a acreditar que Kelvin era realmente um anjo, como Ramiro sempre falava. Aquilo era um milagre e tanto. Até apertou as marmitas que segurava, porque em algum momento da briga teve que tirá-las das mãos de Kelvin para que ele não as jogar na cara de Ramiro, provavelmente.

— Bando de feios! — Kelvin apontou o dedo. — Ramiro, vai só eu e a Bere. É algo rápido...

— Eu já disse não, Kelvin. Que demônio é você na minha cabeça?

— Mas é bem ali, quatro horas de viagem. Eu vou e volto, e o Sidney disse que vai, né? — Ele virou-se para Sidney.

— Vou sim, patrãozinho.

— Kelvin...

— Ramiro, por que não?

Ramiro subiu um pouco mais a voz de como deveria.

— Eu já disse não kelvin — falou alto demais, abrindo o peito.

Kelvin deu um passo pra trás com o praticamente urro.

— Então tá.

— Desculpa , eu não queria...

Kelvin se ajustou, voltando a sua postura imponente e prepotente quando falou em alto e bom tom.

— Ramiro Neves, acho bom você tá me escutando, por que eu vou pra Pontal nem que seja andando, e eu vou você querendo ou não, agora se eu vou voltar é outra história.

— Kevinho eu não...

— Nunca, nem tive pai pra ele gritar comigo quem dirá você.

— Mar' ocê é teimoso.

— E você é um ogro.

Saiu emputecido pisando firme fazendo um clack por todo lugar com as botas brancas. Sidney se aproximou de Ramiro colocando a mão no seu ombro.

PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora