João Coragem

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Eles tinham marcado um pequeno tour por Pontal, como comemoração do diagnóstico. Tinham assistido uma peça de teatro que Bruno recomendou e jantado em um restaurante de sushi com um chefe japonês, que usava folhas de ouro e salmão fresco.

Não tiveram que esperar muito na saída do restaurante. Ramiro simplesmente odiava dirigir na cidade, por não conhecê-la direito, então preferia que Sidney fosse de um lado pro outro levando eles. Naquela noite, ele ficou esperando no estacionamento.

Ramiro abriu a porta pra Kelvin entrar, que sorriu bobo e arrumou a bolsa rosa. Ele usava uma blusa transparente bufante que não cobria nada e uma calça de sonho de valsa. Ramiro, como aquilo se tratava de uma ocasião chique, vestia uma camisa preta – uma camisa preta “nova” –. O auge da moda, na sua opinião.

O ruivo estava sentado na janela, mexendo no celular, postando uma foto no story do Insta, quando sentiu o banco perto de si afundando. E Ramiro o cheirando.

-- Que foi? Tô com cheiro de peixe ?

-- Não, ocê tá com cheiro bom.

Kelvin riu tímido, desligando o celular e olhando para o marido.

-- Ce gostou - passou a mão no pescoço -- é um perfume novo…

As mãos de Ramiro foram direto para a cintura de Kelvin, enlaçando-o.

-- Cheiro bom. Qual nome ?

-- Chama-macho. - ele inventou apenas por brincadeira.

-- Que é que faz ?

-- Você é o que ?

-- Macho..

-- E ele tá chamando você.

Ramiro se afundou no pescoço do marido, beijando e lambendo, fazendo o menor arfar de levinho. Kelvin ria com aquilo e Ramiro parecia perdido ali. Até que Kelvin notou um olhar sobre eles.

E  uma coisa causou estranheza em Kelvin: é que parecia que Sidney os observava tão feliz, vendo o assamento alheio. E pior: esperando que realmente fosse a adiante na frente dele. Foi a primeira vez que Kelvin pensou em demitir alguém da equipe de confiança de Ramiro.

Se Sidney olhasse com nojo seria uma coisa. Tudo bem, isso acontece, é demonstração demais, ele entendia. Mas agora aquele olhar de curiosidade, quase desejo, tentando ver mais, era estranho. Ele não gostou disso nem um pouco.

Kelvin travou e Ramiro percebeu, se afastando. Soltando um “desculpa” bem baixinho só pro menor, que agradou sua barba em silêncio.

Chegaram no hotel e Kelvin foi logo tirando a bota para dar algum alívio aos pés, quando sentiu o marido o abraçando por trás,  com Rams já afundando no seu pescoço respirando fundo.

-- Mas eu gostei por demais desse teu perfume de chamar macho, Kevinho.

-- É? - Kelvin enlaçou os braços do marido ao redor da sua cintura - Meu macho.

Ramiro praticamente rosnou, sentido o pau quase endurecer como se obedecesse a Kelvin, e somente a ele. E o menor sentiu o volume pressionando sua coluna.

-- Ocê sabe o que quero ?

-- Eu posso sentir o que você quer.

Ramiro virou o menor em sua direção, ficando frente a frente. Kelvin nem teve tempo de interromper o marido: foi puxado para um beijo desesperado, com as bocas não se encaixando pela pressa que Ramiro tinha; quando o mesmo começou a tirar sua blusa, o ruivo o empurrou pelo ombro.

-- Rams, eu preciso de um banho.

-- Não precisa não - moveu as mão por dentro do tule sentido a pele fria -- Tá bom assim… 

PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora