Eu conheço você.

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Bruno

O fim de semana passou voando, talvez depois de Deus perceber o quão ansioso eu estava para poder voltar a rotina do trabalho, agarrado a esperança de que isso fizesse Aila retornar a conversar comigo. Cheguei tarde no sábado, para não correr o risco de atrapalhar nada entre o casalzinho, e é claro que pelo bem de meus olhos.

Trocamos apenas as palavras necessárias durante o domingo, e tenho quase certeza de que a escutei por meia hora em ligação com Jean hoje de manhã. O mais engraçado, é que ele prometeu que me ajudaria a ficar bem com ela, mas tudo que fez na verdade, foi ficar jogando conversa fora e perguntar sobre o Paz.

Chego até a Mansão Loures, sozinho. Thomaz disse que precisava encontrar com a namorada antes, e é claro que minha companheira de moradia preferiu gastar dinheiro com um Uber.

É hora do almoço, e a movimentação frenética pela casa é como de costume. Noto Luís na sala, jogando video-game com Cindy no colo, e Glenda está um pouco mais a esquerda, mexendo no celular.

— Eai, gente. – os cumprimento, com um sorriso.

— Fala, Bruno. – Luís diz, imerso ao jogo. Ele está com um dos lados do fone no ouvido. — Depois que o pato do Gu morrer, eu te dou um abraço.

Sinto um incômodo no estômago só de ouvir o nome dele. Que perseguição é essa? Digo, eu sei que o cara é amigo do Luis, e já tem muito tempo, mas não consigo deixar de ficar irritado com a coincidência.

— De boa, mano. – digo meio sem jeito, me virando para Glendinha. — Como estão as coisas com a gravidez? – pergunto, realmente interessado.

Ela ergue a cabeça, e suas sobrancelhas também, provavelmente surpresa pela pergunta. Não que essa não seja uma coisa que não esteja escutando frequentemente, mas porque sou eu quem estou perguntando. Não somos de conversar muito, mas sempre gostei muito dela.

— Ah, estão indo como deveriam, Bruno. – sorri gentilmente, e olha para a própria barriga. — Tô atrás do berço, ainda não achei o perfeito.

Balanço a cabeça.

— Sou ótimo escolhendo berços. – aponto para ela. — Fiz isso minha vida toda.

Glenda ri de minha gracinha, e concorda:

— Pode deixar que eu te chamo, Aila está me dando vários furos ultimamente, e é com ela que eu costumo ir ver, já que o Lucas tá sobrecarregado de trabalho.

— Eu não dou furo em ninguém.

Aila se defende, e ouvir sua voz trás uma mistura de sensações em meu corpo. É reconfortante, como geralmente acontece, mas ao mesmo tempo, me deixa tenso. Não sei em que pé estamos, se a cumprimento, se espero que diga algo, se saio da sala...

Me viro em sua direção, notando o cabelo escovado. Deve ter ido ao salão antes de chegar aqui. Os olhos dela acham os meus por meio segundo, e quando saem, os meus descem por ela. É impossível não reparar também o decote indispensável que o cropped branco proporciona. Uau.

Minha boca está aberta, mas não sou eu quem digo nada. Aila passa por mim e se senta no sofá ao lado da irmã.

— Você já comeu? – pergunta.

— Sim, em casa. – a mais velha parece desconfiada, e olha para mim. — E você?

— Ainda não. – ela dá de ombros. — Quem tá almoçando?

— Ricardo... – Glenda começa.

— Vai se ferrar, cara! – Luís interrompe, gritando, fazendo nós três olharmos para ele. — Foi mal, foi mal. O jogo virou e eu...

— Não aceito derrotas. – completo por ele.

— Engraçado você falar isso. – rebate, sarcástico.

Luís não está falando de video-game. Mas ignoro.

— Voltando... – Glenda revira os olhos. — Ricardo, Lucas, e a Junia.

— Onde o Jey tá? – Aila pergunta.

— Na academia. – Luís responde, se levantando. — Eu vou lá, seu namorado não me deu a chance de um melhor de três aqui.

Aila parece nervosa com o título que Luís oferece, mas solta uma risada curta.

— Manda um beijo pra ele. – ela diz.

Os de sábado não foram suficientes? – murmuro para mim mesmo, mas talvez tenha saído mais alto do que o esperado.

O olhar da mais nova me queima, e suas sobrancelhas se franzem. Se eu queria arrumar alguma coisa, acho que acabei de ferrar com todas as pequenas chances que eu tinha.

— Rapaz... – Glenda faz uma careta engraçada.

— Bruneteee! – ouço a voz de Camila, chegando a sala.

— Oi, Caca. – digo um pouco pra baixo, a abraçando forte. — Qual o primeiro video da tarde?

— Um Quem Conhece Mais. – ela responde, erguendo as sobrancelhas sugestivamente.

— Hum, a vitória já é do pai. – Luís faz um gesto encadaloso, agarrando a cintura da morena.

— Sai pra lá, Luís Cardoso. – Camila reclama. — Você vai com o Ricardo. Serão cinco duplas. Eu vou com a Junia.

— E eu? – Aila questiona.

— Com o Bruno, óbvio.

Dou uma olhadinha para ela, não conseguindo evitar o sorriso que se forma em meu rosto.

— Vamos lá, Ailinha. Vai ser divertido. – esfrego as mãos, animado. — Eu conheço você.

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Oi oi, desculpem a demora! O importante é que chegou. Lembrando que algumas coisas são diferentes da vida real, como por exemplo, a Glendinha ainda grávida.

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