Just Friends

Beijos às escondidas.

Bruno

Enquanto ajusto a gola da minha camisa, o reflexo no espelho mostra mais do que meu próprio nervosismo. Camila, com sua câmera em punho, captura cada momento, cada risada abafada e cada olhar trocado entre nós - os meninos. Luís, Thomaz, Jean e eu, confinados na intimidade do meu quarto, estamos em meio a uma sessão de fofocas pré-jantar, mas o ar carrega uma tensão quase palpável.

- Cara, você viu o último vídeo da Camila? - Jean pergunta, com um sorriso que não chega aos olhos. - Ela ganhou a resistência.

- Sim, ela está arrasando no canal. - respondo, tentando parecer desinteressado enquanto passo uma mão pelo cabelo.

Luís, sempre o mais observador, lança-me um olhar cúmplice, como se pudesse ler meus pensamentos. Thomaz, por outro lado, mantém-se alheio, rindo de algo no seu celular.

- Ei, Bruno, você está ótimo hoje, hein? - Camila provoca, filmando minha figura no espelho.

- Ah, é... Obrigado. - murmuro, meu rosto esquentando.

A porta se abre e Aila entra, deslumbrante como sempre. O quarto silencia por um segundo, todos os olhares fixos nela. Luís e eu, perdidos em nossa admiração silenciosa; Jean, com um respeito brilhando em seus olhos; Thomaz, sorrindo com afeição genuína.

- Uau, Aila, você está... - começo, mas as palavras se perdem.

- Incrível, como sempre. - completa Luís, com um sorriso encantador.

Camila ri, balançando a cabeça enquanto continua a filmar.

- Os fãs vão pirar com essa entrada triunfal, Aila. Eles te shippam com todos aqui. - diz ela, e todos riem, um pouco desconfortáveis com a verdade por trás da brincadeira.

Eu não consigo tirar os olhos de Aila. Cada movimento dela, cada sorriso, cada olhar, parece gravado em minha mente. Eu sei que estou sendo óbvio demais, mas parte de mim não se importa.

- Bruno, você está babando. - Thomaz cutuca, e todos riem, exceto eu, que apenas sorrio sem graça.

A noite promete ser longa, e eu só consigo pensar em como será passar cada segundo ao lado dela.

(...)

A noite já se enroscou no céu quando chegamos à casa de Cathe. As luzes amareladas da entrada nos recebem, e o burburinho de vozes e risadas se espalha pelo ar. Aila está ao meu lado, seu perfume misturando-se com a brisa da noite.

- Bruno, você viu o banheiro? - Aila pergunta, olhando ao redor.

- Não, mas podemos procurar juntos. - respondo, tentando parecer casual.

Enquanto caminhamos pelos corredores, a tensão entre nós é quase tangível. Eu ainda estou remoendo o ciúmes que senti mais cedo, quando ela ofereceu seu lugar no avião a Luís, mas não a mim.

- Bruno, está tudo bem? Você está estranho desde o aeroporto. - Aila diz, sua voz suave quebrando o silêncio.

- É que... - começo, hesitante. - Por que você não quis sentar ao meu lado no avião?

- Eu só estava tentando ser gentil com o Luís. - ela explica, mas eu posso ouvir a defensiva em sua voz. - E fiquei com medo de dar na cara nossa situação.

- Mas e eu? - A frustração borbulha dentro de mim. - Você nem se importou comigo.

Aila para e me encara, seus olhos buscando os meus.

- Bruno, eu... - Ela é interrompida quando, num impulso, a puxo para mim e a beijo.

O beijo é um choque de realidade, um encontro de emoções conflitantes que se acalmam e se inflamam ao mesmo tempo. Quando nossos lábios se separam, o olhar de Aila está carregado de surpresa e algo mais que eu não consigo decifrar.