Eu posso?

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Aila

Nunca imaginei que a Camila fosse ter coragem de sair depois da confusão toda que rolou, mas a danada tá lá, pronta para enfrentar o mundo. Até que faz sentido, né? Ficar trancada em casa só ia deixar ela ainda mais mal. Eles ainda nem sabem se terminaram ou não. Se fosse comigo, depois das barbaridades que o Lucas falou, não pensaria duas vezes em mandar ele pastar.

Mas entendo que relacionamentos são uma bagunça, só dá pra entender quando a gente tá no meio da confusão. E é louco como a gente jura que conhece alguém de cabo a rabo. O Lucas sempre foi todo gentil, com todo mundo... mas a forma como ele tratou o Bruno, como se não fosse amigo dele. Chamando a Camila de nomes horríveis, zoando o canal que é o ganha-pão dele.

A Camila deu tudo pro Lucas, uma família, amigos, uma casa, uma legião de fãs, e, o mais importante, ela mesma.

- Uau, arrasou, hein? - Jean aparece do banheiro do quarto de elenco. - Tomou um banho, é?

Reviro os olhos, segurando o riso. Tô terminando de arrumar meu cabelo e evito olhar pra ele, mas não tem jeito, sinto o cheiro do perfume que ele tá usando. Conhecido, mas não é o do Jean.

- Que cheiro é esse? - pergunto, fazendo careta. - É o perfume do...

- Bruno? É sim. - ele ri, se jogando na cama. - Peguei emprestado, ele esqueceu aqui. Não conta pra ele!

Levanto uma mãozinha em sinal de "pode deixar". Mas agora fica difícil focar no cabelo. Sempre gostei desse perfume, quando o do Bruno acabou, corri pra comprar um novo, pra manter o mesmo cheirinho.

- E aí, gente bonita. - Camila entra no quarto.

Paro pra olhar. Ela tá um arraso, com um vestido preto justo, cabelo escovado, maquiagem brilhante e até um salto. Parece outra pessoa da que tava chorando no meu ombro duas horas atrás.

- Nossa, que lacre, amiga! - elogio, sorrindo.

Termino de arrumar o cabelo e me viro pro Jean, que ainda tá sentado na cama, com cara de bobo.

- Babando, né? - brinco, jogando uma almofada nele. - Nem pisca, o menino.

Camila ri, uma risada solta de quem tá feliz de verdade. Jean tem esse dom de nos fazer sentir especiais, sem nem precisar de palavras. Sempre me fez sentir incrível em todos os sentidos. É um amigo e tanto, um cara de ouro. Não que ele seja perfeito, mas pelo menos sei que nunca machucaria a Camila de propósito. Ou ninguém mais.

- Prontas pra sair? - ele pergunta, mudando de assunto.

- Claro, só vim ver se vocês tavam enrolando. - Camila dá de ombros. - E você tá um arraso, Aila!

Ela me olha e eu sorrio, meio envergonhada. Optei por uma blusa mais decotada, mas a calça jeans preta é básica.

- É, né? - Jean se levanta, nos abraçando pelos ombros enquanto saímos do cômodo. - Ela tá botando pra quebrar. Mal posso esperar pra ver o que ela vai aprontar hoje.

Ele fala tudo com aquela voz fina dele, zoando. Concordo com a cabeça, rindo junto. No fim das contas, não sei se vai rolar alguma coisa emocionante hoje, mas com certeza não quero voltar pro apartamento e ficar encarando todas as lembranças do Bruno. Mesmo que ele vá estar na festa também, é diferente.

(...)

Depois de uma viagem rápida de uber, chego à festa na varanda do prédio, um lugar que já se tornou ponto de encontro habitual para resenhas em Belo Horizonte. A atmosfera é animada, com música vibrante e risadas ecoando pelo ambiente. O clima quente da noite mineira contrasta com a brisa suave que sopra pela varanda.

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