O sermão do Falcão é penetrante e agressivo, igual os dizeres do meu pai. E já agora, eles se parecem tanto um com o outro.
Fisicamente e psicologicamente, se o meu pai não fosse filho único, eu diria que o Falcão é um irmão mais velho dele.
Voltando ao interminável sermão, a qual eu não respondo e só dou algumas reviradas de olhos e bocejos tediosos.
Ele fala sobre como é inadmissível actos de violência dentro do campus de Ocean'Ville.
E sobre como eu quebrei os limites colocando um colega em risco e cometendo um grave crime de agressão, que se for apresentada uma denuncia formal as autoridades policiais, eu serei preso. E acho que essa é a única parte do sermão de 10 minutos que me põe reflexivo.
Porquê a prisão é o último lugar que quero estar. Então, isso mexe ligeiramente com o meu estado emocional no instante e me tira a total concentração do resto das coisas que o Falcão diz para mim.
Estou com o rosto para baixo, sentado numa cadeira frente a um dos homens mais rígido que já conheci na vida e nem por isso estou me borrando de medo.
É inacreditável a forma como sempre me mantenho inabalável, mesmo sentindo algum receio por meus comportamentos.
Estou isento de qualquer sinal de culpabilidade ou remorso, por me defender. Acho que bateria com mais força se pudesse.
Esse é o meu sentido mais fixo até agora. E tudo o que vem na minha cabeça agora é sair por aquela porta e ir embora para casa.
Não sei o que se passa na cabeça do Daniel assim que ele entra no gabinete, vindo da enfermaria.
Ele parece pior do que imaginei, seu queixo está mumificado com um tecido branco até o pescoço.
Dando a entender que o estrago do meu soco foi maior do que previ a uns minutos atrás.
Ele nem me encara, apenas se senta por trás de mim, num sofá preto confortável, enquanto olha para o Falcão, que já não sabe por onde continuar com seu raciocínio pós tudo o que consegue fazer é olhar para nós os dois e suspirar de preocupação.
— Como está o seu pescoço?
Falcão perguntou ao Daniel, que demorou uma eternidade para responder.
Mas o faz:
— Meu pescoço está ótimo, mas o meu queixo está dormente.
Ele responde com a voz baixa, esforçando suas palavras.
— Espero que isso não seja grave, não quero ter nenhum problema com o seu pai. — E já agora, me desculpa por tudo isso.
Porquê ele está pedindo desculpas a ele?
É nojento como todos aqui estão sendo lambe botas deste fariseu.
Ele é como qualquer outro, e sem falar que ele não está certo nesta história.
Mesmo que tenha apanhado, por merecer, óbvio.
— Esteja descansado, Almirante Falcão. E infelicidades acontecem, o meu pai... não irá saber.
Não olho para ele enquanto fala.
Mas pela minha visão periférica da esquerda sinto a iluminação do seu olhar queimando o meu corpo, já que ele fala imóvel.
Certamente fixando o olhar em mim, contendo raiva.
Porquê fora dificuldade para falar correctamente, Daniel expõe raiva e cinismo nas suas palavras.
Falcão esfrega a cabeça e pensa no quem irá dizer a seguir.
— Alguém quer contar o que de facto aconteceu?
Falcão diz se sentando em sua cadeira. Frente a mesa e a nós.
— Nós brigamos. Respondi a ele friamente.
De modo curto e objetivo.
Mas isso não é o suficiente para ele. Assim como supôs.
— Eu sei, Alexandre. Eu vi essa pouca vergonha de longe. Mas o que quero entender é como surgiu essa briga!
Ele se expressa alterado.
— Quer contar como aconteceu?
Me viro a cabeça pela primeira vez e olho para ele.
Daniel apenas sorri forçadamente e desvia a visão de mim.
Meu sorriso no canto da boca é como um corte ardente no seu ego ferido. Ele não contava que eu poderia agir de modo cínico com ele. Então, tudo o que ele faz é ignorar a minha presença.
Já que não pode tirar suas garras e mostrar o merda que ele foi comigo lá fora e com os demais.
Daniel parecia tão valente lá fora, mas, aqui dentro até o olhar de vilão demoníaco sumiu do seu rosto e deu lugar a um semblante sereno e penoso.
E me pergunto se isso é uma estratégia para dramatizar as coisas e ganhar a razão ou para dar uma impressão inofensiva em frente ao Falcão.
Porquê é nítido para mim que ele está atuando, está vestindo a pele de personagem frio e indefeso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quem Sou Eu?
ПриключенияAlexandre é típico jovem eufórico com problemas sócias e emocionais. Mas tudo o que ele sabe sobre si mesmo é que é apenas um órfã de mãe, rebelde incompreendido, e agressivamente espadachim. Até a altura em que ele se vê obrigado a entrar na academ...
