Na madrugada passada, depois da dor no pé minimizar, saio da enfermaria até o meu quarto.
Atravessar o campus de Ocean'Ville nunca tão difícil, pós estava lutando contra o desconforto de andar e a possibilidade de ser apanhado por um dos sentinelas de plantão.
Foram os 10 minutos de caminhada mais desafiadores desde que cá estou.
Lembra-me os dias em que fugia de casa para ir assistir os desfiles de carnaval e depois que acabava tinha que regressar na calada da noite em casa, sem o meu pai perceber que havia saído sem o seu consentimento.
Mas sempre tive sorte, nunca fui se quer pego, assim como hoje.
Quando entrei no quarto, ontem, Orange já estava dormindo, forrado com o lençol da cabeça aos pés, como uma borboleta no casulo.
Me atirei na cama de imediato e peguei no sono, antes de lacrimejar de raiva, bater contra a parede as almofadas e rangir os dentes.
Pela manhã do dia seguinte, acordo por causa do barulho de sirene saindo do outro lado do campus.
O barulho vindo de lá fora é insuportável para se ignorar, meus ouvidos quase sangram de tanta dor que a frequência da sirene causa. Nem as janelas impedem a penetração do som ruidoso.
Ao reparar o arredor, percebo que o Orange está no banheiro pelo chuveiro ligado e pelo cheiro de sabonete de lavanda pairando no ar, e há uma movimentação dos aspirantes no corredor.
O bater das botas dos rapazes lá fora contra o piso de madeira ecoa um som perturbador, como pequenos sinais de terremotos.
E que raios é isso? Há que se deve tanta agitação? — É só uma segunda feira normal, não?
E porque a minha cabeça está pesando o triplo do que pensava antes?
Parece que substituíram o meu cérebro por vários pedaços de tijolos.
Minha costela está toda dorida que me faz gemer de dor assim que tento por me em pé.
Minha roupa está suja e com manchas de sangue. E parece que fui atropelado, já que mal consigo andar em condições sem gemer. Meu corpo dói completamente, mas pelo menos o meu pé já não parece lesionado.
A porta do banheiro abre e o Orange saí de lá, enrolado a toalha na cintura.
E quando ele me encara fixamente dá um berro.— Que merda! Mano, que porra é essa?
— Está tão ruim assim?
Pergunto a ele, me contorcendo de dor.— O quê aconteceu com o seu rosto?
Ele se aproxima e observa-me.— Efeito do cigarro. Deveria ter desistido após a segunda inalação.
Falo indo até ao banheiro ver-me no espelho.— Está de brincadeira? Eu fumo desde os 15 anos e nunca tive o olho roxo. Nem quando fumei marijuana estava neste estado.
— Droga. Está feio...
Falo ao me ver no espelho.Não sei gargarejo ou se me coloco em preocupação pelo estado precoce em que o meu colega de quarto começou a entrar para o caminho das drogas.
— Feio? Alex, parece que alguém bateu sua cabeça contra a parede mil vezes e depois milhões de abelhas furiosas ferraram você.
— Ok, já entendi que está mal. Não precisa exagerar. — Vou dar um jeito...
— Vai mesmo. Tenho o número de um excelente especialista em rinoplastia.
Ele ri de mim.— Vai se lixar, Orange!
Falo dando uma revira nos olhos.
Mas ele ignora a minha expressão de irritabilidade.— Que horas entrou ontem? E porque deixou que seu rosto ficasse igual de um velho usando botox?
Estou realmente envergonhado de contar as coisas que aconteceram ontem, desde a porrada até o resgate surpreende do Omar.
Orange parece ser um pateta que se ri de tudo e todos a sua volta.
Sei que ele vai zombar de mim e vai contar para todos e quando eu sair daqui todos vão lembrar-se de mim como o rapaz que apanhou até fugir. O tipo covarde.
E isso não é verdade.
Eu não estou querendo ir embora só por apanhar dos fariseus, mas porque jamais quero estar aqui como saco de pancada do universo e perder a minha juventude.
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Quem Sou Eu?
PrzygodoweAlexandre é típico jovem eufórico com problemas sócias e emocionais. Mas tudo o que ele sabe sobre si mesmo é que é apenas um órfã de mãe, rebelde incompreendido, e agressivamente espadachim. Até a altura em que ele se vê obrigado a entrar na academ...