Capítulo 5🏳️‍🌈

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A solitária é sufocante, fria, úmida e tem um cheiro forte de ácido úrico impregnado em cada canto, o que torna a minha noite por lá a pior de toda a minha vida.
Lembro de demorar para dormir, e de me coçar a noite toda, isso devido a uma reação alérgica a sujidade contida no lençol e no pequeno e fino colchão que me foi deixado para dormir, que estava guardado
milhões de quilos de poeira e outros de bactérias e vírus.
Nunca senti tanta saudade da minha cama e do chiado irritante das molas comprimindo após o peso do meu corpo repousar sobre o colchão.
De manhã, após sair da solitária, sou levado até ao gabinete do Albertilli, por um agente, e lá, as coisas poderiam ter saído um pouco fora do controle, mas acabo por me tranquilizar.

— E lá está ele! — Alexandre. Espero que a noite na solitária tenha sido suportável.

Albertilli se vira e solta um sorriso forçado ao me ver entrar no seu gabinete policial. Seu cinismo esta totalmente evidente em seu rosto.

— Antes de mais... Eu só queria dizer que, eu provavelmente vou precisa de check-up preventivo, já que a solitária estava um nojo.

Falo de mudo grosso, ao ser retirado às algemas por um policial.

— Certamente vai fazer um lá fora, não queremos que diga que pegou uma gripe ou tuberculose em nossas instalações prisionais. — Deve compreender que não temos quartos de luxos para marginais e agressores.

— Eu sou inocente. — E eu não entendo o porquê ainda estou aqui. — Meu pai não pagou a minha fiança?

— Soubemos que agrediu um dos seus amigos de crime na cela, e, estamos bastante indignados com isso.

Albertilli diz após me ver sentar, frente a sua secretária.

— "Estão"? — Quem mais está além de si e suas milhões de versões de bom policial?

— Não crê mesmo que a minha filha está ignorante quanto a tudo o que aconteceu nas últimas 24 horas, achou?

Albertilli me encara com um olhar maléfico e um sorriso de satisfação no canto da boca. Ele me detonou para a Camila. Agora, ela sabe de tudo o que fiz e está com certeza achando que sou um maldito marginal.

— Só preciso mesmo sair daqui e esclarecer as coisas com ela.
Digo me contendo, pressionado a cadeira com bastante força.

— Felizmente, para si, o seu pai esteve aqui mais cedo e pagou a sua fiança, mas, ainda terás que fazer alguns trabalhos comunitários e ajudar com depoimento para a conclusão da investigação.

— Eu não sei de nada! Foi uma infeliz consciência ter cruzado o caminho daqueles três jovens na noite de ontem.

— Não me importo com está versão. — Não se esforça para tentar me convencer do óbvio, só estou esperando a próxima oportunidade para lhe levar a tribuna e ajudar para quê rapazes como você tenha uma pena alta.
Ele diz em pé.
Me encarando de modo desdenhoso.
Engoli seco três vezes antes de o responder:
— E eu não me importo com a sua concepção! Ou seu julgamento. Eu só quero sair daqui e explicar as coisas para a Camila.

— Se eu fosse você não iria querer me enfrentar. — O melhor a fazer é sair daqui e ficar distante da minha filha. — Você ganha mais.

— Eu não pedi a sua opinião sobre como devo proceder com a minha namorada.
Falo e me levanto.

— Se magoar ela, do menor que for o motivo, eu vou fazer você pagar.

— Eu não tenho medo de você.

                          ***

Meu pai fica me esperando de carro na rua, assim que eu saio, pelo portão secundário na delegacia. Ele buzina, como se eu já não tivesse reparado o único carro dos anos 90's de cor verde esmeralda, mal estacionado a frente da delegacia.
Quando subo no carro, evito o contacto visual com ele.
Ele me saúda e eu respondo por baixo dos dentes, em sussurro, e finjo olhar para um ponto qualquer através da janela do pendura.
Estou envergonhado. Eu realmente não esperava ver ele aqui hoje me esperando. Eu sei que meu pai é grosso, mas ele provou estar meio flexível ao vir me pegar.
Achei que teria que pedir carona para qualquer pessoa aqui fora.

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