Capítulo 11🏳️‍🌈

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No pequeno almoço o refeitório sempre serve comidas calorosas, como sopas de abóbora com carne e legumes.
E algumas vezes, macarrão com ervilha e carne moída, sempre carne, quer seja de vaca ou porco. Quase nunca peixes ou crustáceos. Saudades de um caviar ou sushi que nunca provei.
Nada de pão, bolos, cereais, leites ou qualquer produto industrializado com alta quantidade de açúcar e cafeína, tal como os refrigerantes.
Os chefes de cozinha cá colocam alho em tudo, no arroz, no cozido, no macarrão.
É insuportável demais — Eles me fizeram ter enjoo de algo tão simples.
Todos os chefes juntamente com  os fariseus deveriam ser retirados daqui.
Acho que nestes últimos dois dias quase vomitei após o almoço e jantar, pois não estou conseguindo engolir mais nada que tem alho.
A alimentação aqui é rígida e bem vigiada, desde a quantidade até às gramas calóricas.
É extremamente proibido comer fora do período de refeição, ou durante as atividades físicas.
Bem, pelo menos essa é uma das regras que se aplica a todos, aparentemente, acredito que sim.
E também, é umas das regras que dá asas ao contrabando de doces e laticínios; a qual ainda não me atrevi a me envolver.
Não que pretendesse fazer isso.
Orange conseguiu algumas barras de chocolates na madrugada de ontem com um dos pavões, trocando por um edição limitada do livrete de colorir da saga X-Men de 2004. Parece que há marvetes fanáticos por todos os lados.
A regra aqui para comer decentemente é só acordar cedo, antes da sirene tocar e tomar um banho, vestir o uniforme ou farda (ainda não sei como chamar devidamente) e ir de imediato para o refeitório. Pois se alguém acordar tarde, isso às 7 horas da manhã, já vai encontrar uma fila enorme de alunos esfomeados com suas bandejas em direção ao balcão do refeitório.
E se for o último a ser servido, as probabilidades de comer pouco são ainda maiores.
Cabos e superiores têm direito a outras refeições escolhidas a dedo por casa um deles. Então, eles nem ficar na fila comum, eles próprios medem a quantidade que comem, um menu tão diferenciado do nosso que chega a ser contestável e um pouco invejável também.
Tipo, eles comeram sushi no jantar e fizeram questão de fazer sobremesas para eles e esbanjar sucos nas refeições, enquanto que ninguém aqui bebe outra coisa a não ser água, café e limonada de um limão só que nunca está doce o suficiente para saborear.
Nos últimos dois dias tenho evitando o contacto com os fariseus, inclusive o Daniel, os vejo muito pouco, pois alguns deles estão sempre saindo de Ocean'Ville para missões em outras academias pela cidade a fora.
O quê é bastante agradável, porque assim tenho um tempo livre para conseguir pensar em uma forma de me vingar, sim, eu vou ficar e me revidar.
Não estou pensando em ficar de braços cruzados a espera do próximo ataque deles contra mim.

— Esse lugar é uma representação cruel da desigualdade e hierarquia opressora.
Edgar cometa ao reparar em todos a sua volta, no refeitório.

— Tipo, filhos de governantes, almirantes, engenheiros contra nós, pobres jovens de berço de lata.
Orange diz em tom cômico.

— Berço de barro.
Edgar diz mastigando um pedaço de pão.

— Onde achou pão? Me dê um pouco!
Orange pede, mas Edgar é sagaz e engole o pedaço em um segundo.

— Acabou! Ups. — A próxima seja mais rápido.
Ele se ri e o Orange simplesmente mostra o dedo do meio e finge não se importar.

— Sempre foi assim?
Perguntei a eles, pensativo.

— Já foi pior... Ocean'Ville sempre foi o pátio dos filhos dos maiores riquinhos do país, meu pai contou como foi estudar aqui nos anos 70 em meio ao racismo. Acredita que apenas dois homens negros tiveram a formação aqui desde a fundação de Ocean'Ville? Isso é, em 50 anos.

— Bem, agora será três. Você entrará para essa pequena lista, de certeza.
Orange diz em apoio ao desabafo do seu amigo.

— Infelizmente fizemos parte do grupo de minoria sem privilégios.
Desabafo reparando na mesa dos fariseus.

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⏰ Última atualização: Nov 03 ⏰

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