Capítulo três.

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Trilha sonora

Jungkook sempre cultivou uma conexão profunda com seus primos, uma afinidade que ele não hesitaria em reconhecer. Eram, de longe, os únicos indivíduos dos quais Jungkook ainda buscava validação. Aos dezesseis anos, ele já havia abandonado qualquer esperança de aprovação por parte de sua mãe e da família materna, enquanto aos oito anos, desistira da busca pela validação de seu pai.

Cada interação com seus primos era carregada de significado, um ritual de busca por aceitação e compreensão mútua. Nas trocas de olhares e nos gestos sutis, revelavam-se os laços que transcenderam as palavras não ditas. Jungkook, ao se envolver nesse círculo de confiança, encontrava um refúgio seguro para suas vulnerabilidades, enquanto seus primos se tornavam os confidentes silenciosos de suas angústias.

Ao desistir da aprovação materna e paterna, Jungkook depositava sua confiança nos vínculos construídos com aqueles que compartilhavam não apenas o sangue, mas também as experiências que moldavam suas identidades. Cada sorriso compartilhado e cada abraço eram peças de um quebra-cabeça emocional, solidificando uma narrativa de pertencimento e aceitação que Jungkook ansiava encontrar em sua própria jornada familiar.

Jungkook estendia sua busca por validação não apenas aos primos, mas também aos amigos Jin e Yoongi. Dentro desse círculo mais amplo, suas relações assumiam nuances únicas. Com Jin, os momentos eram permeados por uma camaradagem que ultrapassava a barreira dos seis anos de diferença, enquanto com Yoongi, encontrava uma figura a se admirar por ser intimidante.

Quando a mãe de Jungkook tomou a decisão de deixar a cidade, uma sensação de desorientação envolveu o jovem. Parecia um ato audacioso retirá-lo de perto dos amigos e primos que constituíam sua âncora emocional. Na mente infantil de Jungkook, questionamentos ecoavam: como ousava desmantelar os laços que ele valorizava tão profundamente?

Surpreendentemente, Jungkook não reagiu tão mal à separação dos pais; pelo contrário, ele celebrara a perspectiva de não mais presenciar intermináveis brigas. A mudança no ambiente familiar, embora marcada por despedidas, trouxe um alívio palpável ao jovem de oito anos.

A lembrança das disputas conjugais, agora distantes, transformou o ceticismo inicial de Jungkook em otimismo. A separação dos pais representou um afastamento de um cenário de tensões constantes, permitindo-lhe vislumbrar um horizonte livre de confrontos amargos. Nesse contexto, a notícia da mudança da mãe adquiriu uma dimensão diferente. Jungkook, ainda que relutante em deixar seus laços afetivos, via na partida uma chance de escapar do turbilhão de conflitos que marcara sua infância.

Embora Jungkook lidasse bem com a dinâmica de ter pais separados e compartilhar datas comemorativas entre eles, a retirada abrupta da convivência com os primos era um golpe difícil de aceitar. Mesmo após meses de separação, a relação entre eles persistia de certa forma, algo que Jungkook mantinha em segredo, atendendo ao pedido da mãe, embora ele próprio não apoiasse a reconciliação.

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