Atlan - Ruína e Redenção

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Atlan avançou com passos meticulosos, o eco de suas botas de couro ricocheteando na câmara. Sua presença majestosa preenchia o ambiente, cada movimento calculado, destacando-se contra a luz suave que fluía pelas janelas adornadas com cortinas de seda, tingindo o espaço com tons dourados. O brilho sutil de seu traje, adornado com fios de ouro, reluzia como estrelas em uma noite clara.

Enquanto adentrava a sala, os sentidos de Atlan absorviam os detalhes. O aroma floral do incenso pairava no ar, misturando-se com a frescura da brisa marinha que penetrava pelas frestas. Os sons suaves dos pássaros ecoavam de fora, acompanhados pelo murmúrio das folhas das palmeiras dançando ao sabor do vento.

Seus olhos perspicazes vagavam pela riqueza dos ornamentos, pelas tapeçarias finamente tecidas que contavam histórias há muito esquecidas. No entanto, seu olhar não desviava por completo da figura elegante de Aranys. A princesa, com sua postura refinada, exalava uma aura de graciosidade e poder que cativava até mesmo um príncipe experiente como ele.

"Princesa Aranys, é com humildade que saúdo sua presença. Sua reputação transcende o que os rumores dizem," declarou com uma voz controlada, os olhos deslizando suavemente pelo ambiente, enquanto seus pensamentos curiosos ansiavam por desvendar os segredos de Ilha Verde.

"Príncipe Atlan, agradeço suas palavras generosas. É uma honra tê-lo em nosso reino", respondeu Aranys, mantendo seu sorriso controlado, embora seu coração suspirasse por liberdade. Ela sentia o peso das expectativas que pairavam sobre seu casamento político, enquanto uma parte dela ansiava pela liberdade de seguir seu coração.

"Atlan Alburgo, tenho ouvido falar muito sobre suas realizações e sua sabedoria. É uma honra recebê-lo em Ilha Verde", acrescentou, a formalidade de suas palavras escondendo a melancolia em seu íntimo. Ela admirava o príncipe, mas seu coração pertencia a outro lugar, um lugar que agora parecia distante e proibido.

Entre as cortesias formais, cada palavra era cuidadosamente escolhida, um equilíbrio delicado entre a obrigação política e os anseios pessoais. Em cada gesto e olhar, ambos escondiam os sacrifícios que estavam prestes a fazer em prol de suas responsabilidades reais.

"Princesa Aranys, vossa beleza e gentileza superam qualquer descrição que tenha ouvido", respondeu Atlan, o brilho em seus olhos encobrindo a tristeza subjacente. Ele admirava Aranys, mas sua mente estava dividida entre o dever para com seu reino e o eco distante da paixão que uma vez ardeu em seu peito.

Enquanto trocavam essas cortesias, ambos sabiam que o caminho que se estendia diante deles estava traçado por laços políticos, laços que deveriam suplantar os desejos individuais e românticos que teimavam em persistir nas entrelinhas de seus diálogos protocolares.

"Peço desculpas pela ausência da Duquesa, minha mãe. Ela está... cuidando de assuntos pessoais que a mantêm distante neste momento", explicou Aranys com um toque de tristeza velada, suas palavras disfarçando a incerteza sobre o paradeiro de Miahrys. Ela esforçava-se para esconder sua preocupação, mantendo a compostura diante do príncipe.

"Entendo perfeitamente, Princesa Aranys. A Duquesa Miahrys é uma mulher notável, com uma presença tão marcante quanto o sol da manhã. A última vez que a vi foi em Marquis, antes de partir. Ela mencionou que seguiria para o Novo Continente, resolvendo alguns assuntos pendentes antes de retornar, voando como sempre faz", compartilhou Atlan, seu tom revelando um misto de admiração e respeito pela mulher que ele conheceu.

Entre as formalidades, Aranys tentava disfarçar sua preocupação com as palavras reconfortantes de Atlan. A ausência da Duquesa não era apenas um vazio na sala, mas também um peso em seu coração, alimentando a incerteza sobre o destino de Miahrys. Ao mesmo tempo, Atlan expressava uma serenidade diplomática, mas seu conhecimento sobre a mãe de Aranys revelava uma conexão que transcendia a formalidade do encontro.

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