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ALICIE POV:

No cemitério, uma atmosfera solene envolvia o túmulo de Foca. As palavras gravadas na lápide prestavam homenagem a um amigo leal e corajoso, cuja vida foi ceifada de maneira tão brutal. Agachada diante do túmulo, eu segurava uma rosa como símbolo da amizade que perdemos. Minhas lágrimas se misturavam com a chuva que caía, uma expressão física da dor que pesava em meu coração.

— Você merecia muito mais, Foca— sussurrei, deixando que minha voz se perdesse no som da chuva.

Após a visita ao cemitério, decidi seguir até uma praia próxima. O céu estava tingido de tons sombrios enquanto eu me sentava sobre uma rocha, olhando para o horizonte onde as ondas quebravam. O vento gelado tocava meu rosto, mas a frieza interior era mais intensa. Lágrimas escorriam livremente, levando consigo a dor acumulada.

Num momento de solidão e pesar, Jughead apareceu silenciosamente e se sentou ao meu lado na rocha. Sua presença era uma lembrança de tempos mais simples, quando Foca, eu e ele compartilhávamos risos naquele mesmo lugar.

— Quando éramos crianças, a gente sempre trazia o Foca aqui. Ele amava esse lugar — Jughead murmurou, seu olhar fixo no horizonte.

— Foi minha culpa, Jug. Eu provoquei tudo isso quando dei um fim no Lodge. O Foca não merecia isso, e... eu não consigo deixá-lo ir. — Confessei, com a voz embargada pela dor e culpa.

Jughead permaneceu em silêncio por um momento, respeitando a tristeza que permeava o ar. A única resposta foi um abraço que acolhia minhas dores, proporcionando um consolo momentâneo diante da devastação que assolava nossas vidas.

[...]

Nos dias que se seguiram, a dor persistia, e a ferida da perda de Foca parecia impossível de curar. A rotina se tornou um fardo, e as noites eram longas, marcadas pelo vazio deixado pela ausência do amigo. Evitei olhar nos olhos de todos ao meu redor, sentindo o peso da culpa que carregava.

Entretanto, a vida continuava, e com ela, a necessidade de encarar as consequências dos nossos atos. Meu pai buscou consertar os erros do passado, tentando descobrir quem realmente estava por trás do que aconteceu. Em meio a investigações e reviravoltas, o desejo de justiça queimava como uma chama intensa.

Enquanto isso, no bar dos Serpentes, a atmosfera pesada persistia. Sweet Pea carregava o fardo da perda de Foca, e o luto se manifestava de maneiras distintas em cada um de nós. O barulho da chuva lá fora parecia ecoar os sentimentos sombrios que nos envolviam.

Minhas noites continuavam insones, marcadas por pesadelos e a imagem de Foca. O álcool tentava ser meu refúgio, mas a escuridão interior persistia. Em meio ao caos emocional, uma decisão tornou-se inevitável: enfrentar o que restava da tormenta e tentar reconstruir, mesmo que aos poucos, os fragmentos da nossa vida quebrada.

Ao amanhecer, enfrentei o novo dia com uma determinação frágil. Não sabia ao certo o que o futuro reservava, mas sabia que cada passo seria guiado pelas lembranças de Foca, pela dor da perda e pela necessidade de seguir em frente. O caminho adiante seria árduo, mas, junto com os Serpentes, enfrentaríamos as sombras, pois a luz da justiça e da amizade ainda brilhava em nossos corações.

[...]

Em busca de respostas, mergulhei em uma investigação solitária. Meu quarto tornou-se um cenário peculiar, onde pistas eram meticulosamente organizadas em um mural, marcando a teia complexa que envolvia o ocorrido. Fotografias, recortes de jornais e anotações, cada elemento representava uma peça do quebra-cabeça.

Guiada pela necessidade de justiça, embarquei em uma jornada por onde a neblina do passado ainda pairava. O local onde Foca perdeu a vida foi meu primeiro destino. Em meio à névoa densa, cada passo parecia ecoar as sombras da tragédia. Eu buscava por algo, qualquer indício que pudesse conduzir-me ao responsável.

Caminhei por trilhas familiares, cada pedra no caminho carregada de memórias. A neblina, em vez de ocultar, parecia revelar pistas dispersas pelo terreno. Minha mente funcionava como um quebra-cabeça, tentando unir fragmentos que levariam à verdade escondida.

Ao seguir uma trilha imaginária desenhada pelo destino, notei uma presença sutil, um deslocamento na atmosfera. Meus sentidos aguçaram-se, e a busca ganhou intensidade. Enquanto o vento sussurrava segredos não ditos, eu continuava avançando, guiada pela intuição.

A névoa parecia dançar em torno de algo que se revelava lentamente. Entre sombras e murmúrios do passado, uma pista esquiva revelava-se. Era como se o próprio lugar, saturado de lembranças e dor, desejasse falar.

[...]

O silêncio que envolvia meu quarto foi quebrado pela presença inesperada. Ao retornar, encontrei um homem desconhecido, sentado no sofá. A escuridão tornava impossível identificar-lhe os traços, mas minha intuição alertava para algo incomum.

Mantendo-me alerta, ergui a arma em sua direção, minha voz ecoando no espaço.

— Quem é você? O que está fazendo aqui? — indaguei, os olhos buscando discernir a figura no escuro.

Uma risada suave cortou o ar, revelando um tom tranquilo.

— Me chame de Evan Lodge, querida.

Minha mão tremia, a arma apontada para o desconhecido. O nome "Evan Lodge" ecoou na penumbra, e eu lutei para entender a natureza desse encontro improvável. A busca por respostas, agora, levava-me além das trilhas visíveis e adentrava terrenos mais sombrios.

Meus olhos se arregalaram diante do homem na escuridão. Uma mistura de surpresa e incredulidade dançava em meus olhos.

— O que está fazendo aqui? — indaguei, a arma ainda apontada, enquanto meu coração pulsava mais rápido.

Um riso debochado cortou o ar, e Evan respondeu com uma serenidade irônica.

— Sou o irmão mais novo de Hiram Lodge. Parece que você queimou meu irmão vivo, Alicie. Não foi nada gentil da sua parte.

Uma risada abafada escapou de meus lábios.

— Olha que legal, mais um Lodge para virar churrasquinho.

A atmosfera carregada de tensão entre nós, a escuridão não revelava as expressões, mas as palavras trocadas indicavam que os segredos que espreitavam nas sombras estavam prestes a se desdobrar em revelações inesperadas.

CONTINUA

Before The Truth || Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora