08. Verdade Seja Dita

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Jane
Point of View

É quase como se tivéssemos esquecido o que aconteceu naquele café. Já faz alguns dias desde tudo aquilo e ainda não sei bem o porquê de ter cantado aquela música e dito todas aquelas coisas. Estava tudo perfeito, mas quando comecei a sentir mais do que deveria por Max acho que um medo me abateu. Um medo de que o que temos se tornasse doloroso e horrível e por fim se acabasse como já aconteceu tanto na minha vida.

Mas hoje estamos aqui no meu quarto em silêncio. É o aniversário do meu pai e um dos convidados foi obviamente a família Mayfield. Apesar de ter ficado até bastante tempo na festa depois do parabéns vim para o meu quarto, mas não é algo estranho para minha família, todos sabem que não curto festas e tudo bem. Mas não imaginei que Max iria me seguir e insistir em ficar comigo no meu quarto.


Estou aqui na minha escrivaninha escrevendo um poema trágico sobre duas pessoas que se amam mas nunca vão ficar juntas. É a primeira história realmente boa que consigo escrever em muito tempo. Já Max está deitada na minha cama lendo um dos livros que achou pelo quarto, provavelmente Razão e Sensibilidade pois estava em cima do móvel ao lado da minha cama. Tento não olhar para o lado mas quando olho sempre dou uma risadinha por causa das expressões que Mayfield faz enquanto lê.


- Tem certeza que isso aqui tá em inglês? - a ruiva indaga fechando o livro com toda força o colocando de volta onde o achou em seguida.


- Foi escrito por Jane Austen e estamos nos Estados Unidos... algo me diz que está sim em inglês. - respondo sem olhar para os olhos azuis ao meu lado.


- Então deve ser só um grande conjunto de palavras difíceis e antigas dentro de um monte de folhas porque não entendi nada. - dou um riso nasal mas continuo concentrada no meu poema.


- O que faz aí? - a ruiva pergunta mas finjo que não ouvi - Em? Jane?


- É uma bobagem. - respondo simples.


- JANE! - nos assustamos quando Will entra completamente exaltado e sem nenhum aviso no quarto - Deixei meu presente para o Jim com você?


- Deixou sim Will. - respondi com ar de quem já sabia que ele ia se esquecer onde guardou - Você veio no meu quarto todos os dias dessa semana para conferir esse bendito presente.


- Pode entregar ele comigo? É o primeiro presente de aniversário que dou para Jim, estou meio...


- Tímido? - completo arqueando uma sobrancelha.


- Pois é. - o garoto responde com o rosto um pouco vermelho.


- Tudo bem. - guardo a folha de papel onde estava escrevendo dentro de um dos meus livros em cima da escrivaninha e em seguida me levanto indo até a porta, mas ao chegar lá me viro para Max - Pode ficar aí, volto logo.


Então eu e meu meio-irmão vamos até a sala de estar onde encontramos Jim, Joyce, Jonathan e mais alguns poucos convidados que ainda restam. Will está segurando o presente e paro um pouco antes de chegarmos onde meu pai está sentado o deixando ir sozinho a partir daqui. O garoto entrega o pacote embrulhado timidamente e Jim também o recebe meio sem jeito. Joyce, Jonathan e eu apenas observamos com carinho a cena. Will nunca teve um pai de verdade e Jim tem tentado muito ser a melhor figura paterna possível para os irmãos Byers.


O mais velho toma a caixa nas suas mãos e vejo que no cartão em cima do presente está escrito "Para: Pai" e Jim também vê isso e abraça Will que apesar de no início não saber o que fazer o abraça devolve o abraço um pouco depois. Joyce e seu filho mais velho se juntam aos dois e a mulher joga um olhar sobre mim como se estivesse me convidando e apesar de achar meio bobo vou até os quatro e os abraço. Jim dá um beijo no topo da minha cabeça e assim todos nós nos soltamos.


Don't Go Without Me - ElmaxOnde histórias criam vida. Descubra agora