12. Razão e Sensibilidade

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Jane
Point of View


Se foi isso que eu sempre sonhei, por que dói tanto?


O ônibus se move tão depressa que sinto que não há como voltar atrás agora, mesmo tendo saído de Hawkins a pouco tempo. Não falta muito para o Natal e pela primeira vez nesta época do ano vou estar longe da minha família. O que Will disse me machucou tanto e Max...


Me sinto tão burra por ainda querer acreditar nela, por ainda querer dar uma chance. Naquela noite a esperei durante tanto tempo, quando percebi que ela não vinha imaginei que estava mal demais para assistir filmes comigo, mas vi aqueles stories. Vi que ela simplesmente preferiu sair e beber com estranhos em um lugar qualquer do que fazer o que planejamos. Ela preferiu beijar a boca de outra garota do que a minha.


Aos poucos o ônibus diminui a velocidade até parar no ponto onde vou ficar. Com o dinheiro que juntei não consegui pagar a passagem de um expresso então para chegar à capital provavelmente vou ter que pegar mais dois ônibus. Ao descer junto com algumas outras pessoas, olho a grade de horário e percebo que o próximo vai demorar no mínimo uma hora para chegar. Suspiro e olho ao redor percebendo que estou em um lugar quase desértico, mas existe uma cidadezinha mais à frente.


Caminho até a lanchonete de beira de estrada mais próxima e entro nela, não tem muita gente, sento em um banco do balcão e logo uma garçonete vem me atender. Após fazer o pedido tento me manter centrada e atenta a tudo, afinal, estou por mim mesma agora.


- Jane Hopper? - escuto uma voz familiar chamar meu nome e ao olhar para o lado vejo um rapaz alto, de pele escura e cabelo raspado se sentando ao seu lado - Sou eu, o Harry Evans, seu antigo vizinho.


- Harry! - exclamo tentando fingir alguma animação - Que bom te ver.


- Digo o mesmo, quanto tempo não é? - sorrio acenando positivamente tentando demonstrar que não estou muito a fim de conversar - O que faz por aqui? Onde está Jim?


- Estou sozinha, vou passar o Natal com uma tia minha. - respondo enquanto recebo meu pedido que acabou de chegar.


- Já eu estou voltando para Hawkins. - Harry fala como se ainda não tivesse notado o quanto não estou interessada - Nenhum Natal no mundo se compara ao da nossa cidade.


- Achei que detestava Hawkins. - digo num tom quase de dúvida.


Nunca fui muito próxima de Harry e da sua família, principalmente pelo fato de que quando eu era criança ele já era adolescente mas me lembro vividamente das suas brigas com os pais depois de ter contato que é gay. Acho que ele foi a primeira pessoa que vi saindo da cidade e aquilo me encheu os olhos, provavelmente meu desejo de deixar Hawkins surgiu aí, antes mesmo de visitar a Califórnia.


- Hawkins não é o lugar mais receptivo do mundo e minha família ainda não fala comigo, mas tenho amigos lá e apesar de não termos o mesmo sangue, crescemos juntos e eles também são minha família, mais do que...


- Seus próprios parentes. - completo e o mais velho ri sem humor.


- Você tem sorte. - ele diz.


- Por que?

- Por ter o Jim. Ele é uma pessoa realmente incrível, minha situação com meus pais só não foi pior graças a ele. E soube que ele se casou com Joyce, uma mulher realmente muito legal e determinada. E os dois filhos dela também parecem ser ótimos. Sabia que eu e Jonathan costumávamos brincar juntos quando éramos crianças?


Don't Go Without Me - ElmaxOnde histórias criam vida. Descubra agora