Capítulo 8

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Hannah se acordou ouvindo vozes alteradas e logo reconheceu a de Fernando, arregalando os olhos. Ela sabia como ele ficava quando era contrariado e não queria que ele tratasse Lucero mal depois dela ajudá-la tanto, por isso correu até lá e só escutou a última frase que a mulher falou. A menina nem conseguia explicar o que estava sentindo, afinal nunca esperou reencontrar a mãe, mas ao estar em frente a ela, vendo seu rosto, tendo cantado com ela e até dormido em seus braços, finalmente ela entendeu por que todo aquele apego inexplicável entre as duas e principalmente o motivo pelo qual doía tanto ver Lucero chorando, era sua mãe, independente do que a fez ficar longe por muitos anos. O casal se encarou, não era daquele jeito que as coisas deveriam acontecer, mas também tudo havia começado errado desde que Lucero havia engravidado.

− Minha filha, não era para você ouvir isso e nem mesmo estar aqui. – Fernando falou, coçando a testa.

− Não, Fernando, ela precisa saber. – Lucero tomou a frente de Fernando.

− Se ela souber de alguma coisa, vai ser por mim. Vamos embora, Hannah. – Fernando segurou a mão de Hannah e tentou puxá-la, mas ela não saiu do lugar.

− Para ela ouvir apenas a sua versão da história?! Não, ela tem que me ouvir também! – Lucero falou nervosa.

Como Hannah, Fernando nunca pensou que Lucero poderia voltar, por isso nunca se preparou para aquele momento e nem queria pensar na ideia de dividir a filha com a mãe só para não ter que conviver com a mulher, mas a moça achava que se já estava ali, merecia uma explicação, afinal se tratava da sua vida e em consideração aos poucos momentos que viveu com aquela loira que chorava à sua frente, queria escutá-la.

− Papai, eu quero ficar. Você já sabe o que aconteceu, mas nunca quis me contar, então por favor, me dê o direito de entender o que houve com a minha vida. – Hannah pediu com a voz embargada.

− Eu posso te contar tudo em casa. – Fernando falou com a voz falha.

− Eu prometo que vou ouvir você também, mas apesar de você ter tudo a ver com essa história, ela é sobre a minha... – Hannah encarou Lucero. – Ela e eu. – ela engoliu o seco.

Hannah não havia se acostumado a chamar Lucero nem pelo nome ainda e já tinha que chamá-la de "mamãe", mas esse era o menor dos seus problemas no momento, primeiro precisava entender se ela merecia ser considerada assim ou Fernando estava certo em ter tanto ressentimento.

− Eu não vou deixar você com ela, ela já foi embora uma vez e agora pode te levar junto.

− Olha bem para mim. – Lucero se virou para Fernando, segurando em seu braço e encarando seus olhos. – Você acha mesmo que eu sou capaz de fugir com a nossa filha depois de tudo? Se eu não fiz isso quando ela era um bebê e precisava muito de mim, não é agora que eu vou fazer.

− Você está exagerando, pai. – Hannah ficou ao lado de Lucero. – Eu não sou mais nenhuma criancinha para ser sequestrada e também toda a minha vida e a dela estão aqui, nós não poderíamos ir embora nem se quiséssemos.

Fernando suspirou, encarando Lucero e Hannah. Ele detestava não ter controle sobre onde a filha estava, tanto que mesmo sem saber quem era, ele foi atrás da tal diretora da escola para reclamar o fato dela ter liberado a menina sem sua permissão, mas era verdade que ele não poderia esconder mais nada da moça, pois não queria levar a culpa de não tê-la deixado conviver um pouco com a mãe como ela queria.

− Está bem, mas se você se arrepender, me liga que eu venho buscar na hora. – Fernando enfatizou.

− Eu não sou um monstro, Fernando, ela também é minha filha e ninguém além de mim pode amá-la e protegê-la tanto quanto você. – Lucero falou magoada.

Me Reviviste TúOnde histórias criam vida. Descubra agora