Capítulo 12

65 7 1
                                    

DIAS DEPOIS

As coisas não haviam mudado tanto. Pelo menos das cirurgias, Lucero se recuperava bem, mas o seu coma não regredia nem minuciosamente. Assim que ela foi encaminhada para o quarto como o médico disse, Hannah não saía daquele hospital nem para estudar, o que fez Gabriel dar uma pausa em sua matrícula e quando sua amiga despertasse, coisa que ele desejava com fé, ela resolveria a situação. Fernando também não se achava no direito de tirar a filha de perto da mãe novamente, a moça nem mesmo lhe dava brecha para falar, todas as vezes que ele ia deixar alguma roupa ou algo que ela precisasse, a encontrava ao pé daquela cama, atenta a um possível sinal de que Lucero estava voltando, o qual nunca vinha. Em um dia qualquer, Hannah havia ido à recepção do hospital assim que amanheceu receber um café que a avó Margarita, que também vivia preocupada com a neta, havia mandado. Quando voltou, suspirou ao ver a mãe na mesma posição de sempre, parecendo um anjo adormecido se não fosse os tantos aparelhos e sondas ligados a ela, os quais Hannah aprendeu o que significava cada um, como o dos batimentos cardíacos, saturação e as sondas para colher a urina e outra para alimentá-la direto no estômago. Ela abriu as janelas para deixar o sol entrar no quarto e arrumou algumas flores na cabeceira da mãe, pois o médico havia dito que era importante ter um ambiente alegre para ajudar na recuperação. Então a moça percebeu que os lábios da mãe estavam secos, molhou um algodão e começou a passar sobre eles com cuidado. Ela havia aprendido rápido a agir com a mãe, não deixava seus lábios racharem e nem que criassem feridas no seu corpo por ela não se mexer, trocando sua posição a cada hora e até ajudando no banho que as enfermeiras davam todos os dias. Fernando abriu a porta do quarto devagar e suspirou ao ver a cena. Só Deus sabia do seu sofrimento pelos dois amores da sua vida terem deixado de viver por culpa dele.

− Filha, como está? Já tomou café?

− Sim, minha avó acabou de mandar. O que faz aqui? Você não tinha que estar trabalhando? – Hannah encarou Fernando rapidamente, enxugando a boca de Lucero e jogando o algodão molhado no lixo.

− É, mas eu resolvi passar aqui para ver como vocês estão e para te mostrar uma coisa. – Fernando terminou de entrar no quarto e só então Hannah percebeu que ele trazia um envelope amarelo nas mãos. – Quando a sua mãe e eu conversamos, ela me convenceu a deixar você trabalhar com a produtora. Obviamente não deu tempo dela resolver nada, mas eu consegui trazer a documentação para você assinar. Acho que será uma boa distração para você sair um pouco daqui. – ele entregou o envelope a ela.

Hannah abriu o envelope e leu o documento que faltava apenas sua assinatura, com os olhos marejados. Lucero desejava tanto que ela conseguisse chegar à produtora que a moça não achava justo aceitar aquilo sem ela.

− Você acha mesmo que eu vou sair daqui com a minha mãe desse jeito?

− Ela não gostaria que você parasse a sua vida por nenhum momento, nem mesmo por ela.

− E o que você sabe sobre o que ela quer ou não? Nunca se importou com ela.

− Não é assim, minha filha. Eu só quero que você entenda que assim como ela, apesar de tudo, o que quisemos em comum sempre foi o seu bem.

− Eu não posso aceitar isso sem a minha mãe, esse sonho é nosso. – Hannah começou a chorar.

Fernando suspirou. A última vez que havia se sentido perdido em relação a Hannah foi quando ela era bebê, Lucero o deixou sozinho com ela e estava fazendo o mesmo outra vez, ainda que fosse sem querer, como ela alegava também ter sido no passado.

− Está bem, eu não vou forçar você a nada, mas pense bem no assunto. Até mais tarde. – Fernando beijou a testa de Hannah e encarou o corpo adormecido de Lucero antes de sair.

Me Reviviste TúOnde histórias criam vida. Descubra agora