Capítulo 6

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DIAS DEPOIS

Hannah havia começado a namorar há pouco tempo com Diego, o garoto mais bonito e popular da sua sala. Como tudo em sua idade, a paixão veio de forma intensa e ela não se via mais sem o rapaz. Um dia, no intervalo das aulas, Hannah andava para o refeitório quando ouviu o rapaz falar em seu nome com Jack, o melhor amigo dele, e se escondeu atrás da parede para ouvir a conversa.

− E aí, cara, a gatinha está no papo? – Jack perguntou, sorrindo safado.

− Sim, estamos namorando. – Diego sorriu.

− Ah, moleque! Então já pode me passar os meus CDs. – Jack falou animado.

− É, mais tarde você me acompanha ao meu quarto e eu te entrego. – Diego engoliu o seco.

− Eu confesso que nunca pensei que você fosse ganhar essa aposta. – Jack ria.

Hannah ficou em choque. Então ela era a aposta? Diego fez tanta questão de ficar perto dela, sendo gentil até roubar um beijo e pedi-la em namoro só para não perder alguns CDs? De repente, ela não quis mais ficar ali e menos ainda correr o risco de encontrar o garoto, por isso saiu correndo em direção a saída da escola sem nem pensar em ligar para Fernando para pedir autorização para sair e ir buscá-la, tão triste como estava, ela era capaz de chegar em casa a pé para ficar cansada de modo que não pensasse em mais nada. Ao se aproximar do portão, ela aproveitou que todos estavam ocupados no refeitório ou na lanchonete, inclusive o porteiro, e o abriu, saindo sem olhar para trás e ver que Lucero lhe viu ao longe e estranhou ao encontrá-la indo embora sozinha e sem ter falado com ela.

− Hannah! – Lucero chamou alto e correu até lá.

Mas nem por consideração a Lucero e prezando por respeitar as regras da escola, Hannah conseguiu parar, o que queria era sair daquela escola e adiar ao máximo o momento de voltar. No seu desespero, ela atravessou a rua sem olhar para os lados e tudo aconteceu em milésimos de segundos. Quando chegou à calçada, Lucero viu um carro vindo em direção a Hannah que estava distraída e não pensou duas vezes antes de empurrá-la para a outra calçada e se desequilibrar junto, caindo ao lado dela. Seu corpo inteiro tremia, pois há muito tempo ela não sentia tanto medo como naquele momento em que quase teve sua filha atropelada, nem gostava de imaginar como ela ficaria, mas foi despertada pelo soluço da menina.

− Você está bem, hã? – Lucero se sentou e passou a mão no rosto de Hannah que assentiu, olhando para baixo e aceitando a ajuda da mulher para se levantar. – Não precisa chorar, meu amor, foi só um susto, eu estou aqui. – ela puxou a filha para um abraço.

Daquela vez, Lucero não se preocupou em agir com cautela, o susto que passou com Hannah e o fato de vê-la tão nervosa só a fez se importar em mostrar que não a deixaria mais sozinha. A moça apertou a mãe, chorando mais. Ela não era de ficar daquele jeito na frente dos outros, mas tinha acontecido tanta coisa em tão pouco tempo e estar nos braços da diretora era tão reconfortante que ela não queria sair dali, além de ter tomado consciência de que não conseguiria dar dois passos sozinha sem se colocar em risco novamente.

− Me tira daqui, por favor. – Hannah pediu, soluçando e agarrando os braços de Lucero.

Como diretora, Lucero sabia que o certo era levar Hannah de volta à escola, ligar para algum responsável e ainda lhe dar uma advertência por ter saído em horário de aula, mas era seu coração de mãe que gritava, pois pelo pouco que conhecia da filha, ela nunca largaria os estudos e nem choraria daquele jeito se não fosse algo grave.

− Claro. Eu te levo em casa? – Lucero engoliu o seco.

Lucero imaginava que aparecer para Fernando na casa dele com Hannah chorando daquele jeito e depois de quase ter sido atropelada seria bem pior do que qualquer outra forma que viesse a acontecer o reencontro deles, mas não era hora de pensar naquilo e sim na filha que não estava bem. Só que a moça havia mudado de ideia desde que se encontrou com a mulher, ela não queria ir para casa, alguma coisa a puxava para perto de Lucero enquanto sofria, além de que Fernando e Margarita jamais entenderiam seus motivos, veriam tudo como um simples drama adolescente.

Me Reviviste TúOnde histórias criam vida. Descubra agora