Hannah não sabia se chorava ou sorria e sua primeira reação foi correr até Lucero e tocá-la no corpo inteiro. Parecia que nunca havia a visto, precisava senti-la para saber que ela estava ali, existindo novamente.
− Mamãe, você se acordou! Obrigada, meu Deus. – Hannah sorriu emocionada, com a mão no rosto de Lucero e acariciando seu queixo.
Finalmente Lucero sorriu, entendendo o que estava acontecendo, mas parou quando tentou segurar a mão de Hannah e não conseguiu, tendo a impressão de que continuava sem controle do próprio corpo.
− O que foi? Você está sentindo alguma dor? Fala comigo, mamãe. – Hannah falou, preocupada com outra mudança rápida de expressão de Lucero.
Lucero respirou fundo e abriu a boca para falar, mas não saiu nem o som da sua voz, o que a desesperou. De que valia estar acordada se não conseguia nem falar e se mexer? Ao mesmo tempo que não tinha movimentos voluntários, seu corpo começou a tremer e seus olhos a derramarem muitas lágrimas como se só fosse daquele jeito que ela conseguia se comunicar, mas Hannah procurou manter a calma, afinal foi mais assustador quando sua mãe estava dormindo.
− Calma, eu vou chamar o médico. – Hannah falou e correu até o telefone próximo a Lucero.
INÍCIO DA LIGAÇÃO
− Enfermaria.
− Oi, é a Hannah. A minha mãe se acordou. – Hannah falou trêmula.
− E como ela está? – a enfermeira perguntou e logo a mulher comentou com algumas pessoas que Lucero tinha saído do coma, criando um burburinho, já que as chances dela conseguir eram mínimas.
− Eu não sei, ela não consegue se mexer, nem falar e está chorando da mesma forma que daquele dia, só que com os olhos abertos. – Hannah falou aperreada, observando Lucero ainda chorando e encarando o nada.
− Nós já falamos com o médico e estamos indo para aí.
− Obrigada.
FIM DA LIGAÇÃO
Hannah voltou para perto de Lucero, mas não sabia como acalmá-la porque ela não conseguia dizer o que sentia e por isso optou por apenas abraçá-la com cuidado.
− Shhh, fique tranquila. Vai ficar tudo bem, eu vou ficar com você até o médico chegar, ok? – Hannah sussurrou, apertando Lucero na tentativa de fazê-la parar de se tremer.
Lucero queria retribuir o abraço de Hannah, pois era do que mais precisava naquele momento, mas ela nem mesmo sentia as mãos e fez a única coisa que o coma não tinha lhe levado, com o movimento do pescoço, o escondeu no ombro de Hannah. Seus soluços eram agonizantes, pois não conseguiam sair da sua garganta e isso fazia seu corpo balançar ainda mais. A moça a apertava e tentava conversar com ela para que ela não dormisse novamente, ainda estava com medo do pesadelo do coma voltar. Era melhor estar com ela daquele jeito do que não tê-la, pelo menos o choro era uma reação. Depois do que pareceu uma eternidade, o médico e duas enfermeiras entraram no quarto.
− Graças a Deus. – Hannah respirou aliviada e Lucero tentou negar com a cabeça quando ela quis soltá-la. – Eles precisam te examinar. Eu não vou sair de perto de você, está bem?
Hannah experimentou soltar Lucero mais uma vez e os profissionais se aproximaram, começando a examinarem a mulher com uma lanterna em seus olhos para observarem seus reflexos. A moça viu a mãe fazer inúmeros exames e mesmo sem ser de praxe, ela a acompanhou em todos, pois a simples menção de deixá-la aguardando fora da sala, já agitava Lucero novamente. Ela só se sentia segura com a filha por perto, somente ela a entendia sem que ela precisasse falar. Horas depois, elas foram instaladas no quarto novamente e o mesmo médico e uma das enfermeiras ficaram, lendo os resultados do exame. Lucero encarou Hannah como se pedisse para ela se aproximar e assim ela fez, a abraçando novamente.
− Bem, de fato, ocorreu um milagre. A senhora Lucero se acordou sem sinais de que isso seria apenas um reflexo, portanto ela não corre mais nenhum risco de perder a consciência. – o doutor explicou, ajeitando o óculos preto no rosto.
− Mas e quanto a falta de movimentos e de fala, o que significa? – Hannah perguntou e Lucero também encarou o doutor, aguardando a resposta.
− Bem, ela passou muito tempo parada, é normal que seus músculos se atrofiem mesmo com todos os cuidados que tomamos durante esse tempo.
− Então há chances de ser revertido, não é? – Hannah perguntou esperançosa.
− Faremos o possível para que ela consiga voltar à vida normal, mas não sabemos se chegará a ser o que era antes. Quando ocorre um coma, é inegável que um dano irreparável se faz presente no cérebro, porém vamos começar o processo de reabilitação o mais rápido possível com fisioterapeutas, terapeutas e fonoaudiólogos, assim teremos melhores chances de uma ótima qualidade de vida.
Lucero abaixou a cabeça, voltando a chorar. Se já era assustador estar daquele jeito, saber que poderia permanecer eternamente numa cama, sem poder abraçar Hannah e dizer o quanto a amava, era pior ainda.
− Hannah, é melhor darmos outra injeção para a sua mãe dormir. – o doutor falou com pena.
Hannah encarou Lucero, com os olhos marejados. Tudo que ela havia feito por semanas era dormir e mesmo que não fizesse bem estar tão nervosa, a moça não aguentava mais vê-la inerte, sem controle da sua vontade, das suas emoções e do seu corpo.
− Por favor, doutor, me deixa conversar com ela, eu garanto que ela vai se acalmar. Não quero vê-la sem nenhuma reação de novo. – Hannah falou com a voz embargada.
O doutor encarou a enfermeira, suspirando. Hannah era apenas uma jovem que quase viu sua mãe morrer e do mesmo jeito que precisavam cuidar de Lucero, era importante ter atenção com ela também.
− Então vamos dar apenas um calmante oral para ajudá-la, está bem?
O médico assentiu para a enfermeira que já havia levado o comprimido, pensando também na possibilidade de que como Lucero já estava acordada, tomaria só remédio oral.
− Mamãe, toma só esse remedinho para se acalmar. – Hannah sussurrou, acariciando o ombro de Lucero.
A enfermeira se aproximou e colocou o comprimido na boca de Lucero, a ajudando a tomar água em um copo pequeno de plástico.
− Nós vamos deixá-las a sós. Se precisarem de algo, você sabe onde estamos, Hannah. – o doutor falou e Hannah assentiu, agradecendo. – Até mais, senhora Lucero.
Quando a enfermeira e o médico saíram, Hannah se sentou no cantinho da cama e fez Lucero abraçá-la com cuidado enquanto passava os braços pela sua cintura, sabendo o quanto sua mãe ansiava por aquilo, o que se comprovou quando ela ajeitou a cabeça em seu peito, molhando sua blusa com lágrimas.
− Eu sei o quanto está difícil agora, mas por mais que não pareça, o pior já passou, você está aqui e nós vamos lutar juntas para que você fique bem. Eu te prometo que vou estar do seu lado em todos os momentos. – Hannah falou com a voz embargada, acariciando o cabelo de Lucero.
Lucero chorou compulsivamente por vários minutos, mas Hannah conseguiu abraçá-la tão forte que pelo menos, ela havia parado de se tremer, e o remédio que o médico lhe deu também fez efeito, deixando seus olhos pesados. Horas depois, a moça viu que a mãe ressonava e por mais que quisesse passar o tempo inteiro abraçada a ela para recuperar as semanas perdidas, ficar naquela cama apertada seria desconfortável para ela que ainda estava cheia de aparelhos, por isso a soltou devagar e se levantou com cuidado, ajeitando a posição dela, o lençol em seu corpo e checando se os aparelhos estavam no lugar correto como todas as noites, indo para o seu tão conhecido sofá, encarando Lucero e começando a chorar baixinho. Ela estava grata pela mãe ter se acordado, mas ainda sofria ao ver o quanto aquela mulher feliz, batalhadora e agitada estava com tantas limitações, por isso pedia forças a Deus para não desmoronar diante dela, afinal ela deveria ser o maior motivo para fazer Lucero se recuperar.
~ * ~
Nossa Lucero se acordou, mas os desafios não param 😭❣️
Feliz Natal, amores, curtam muito ao lado de suas famílias e que Deus os abençoe 😍😍😍😍
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Me Reviviste Tú
RomansaLucero e Fernando se conheceram ainda na adolescência e viveram um romance rápido e inocente que resultou em um bebê não planejado. Mesmo com a falta de maturidade do casal, as duas famílias decidiram dar todo o suporte para que eles se casassem e c...