Capítulo 16

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À NOITE

Lucero já havia tomado mais um banho, jantado e depois de ter convencido Hannah a descer para jantar e passar um tempo com Fernando e Margarita, ela ficou um tempo vendo televisão no quarto mesmo e sentada na cadeira de rodas, pois não queria se meter demais na rotina da família e nem que eles achassem que ela estava querendo a filha só para si. Mas a loira logo se cansou de ver televisão e seu olhar caiu sobre o violão encostado em um canto, arrastando a cadeira até lá e o colocando no colo com cuidado. Ela dedilhou algumas notas, se sentindo triste de repente. Das coisas que mais sentia falta, era de poder cantar e também lhe machucava o fato de saber que mesmo se voltasse a falar, ela corria o risco de nunca mais ter voz para alcançar alguma nota.

− Tudo bem? – Hannah perguntou depois de alguns minutos observando Lucero, sem entrar no quarto.

Lucero assentiu e colocou o violão no mesmo lugar de antes, começando a escrever em seu bloquinho. Parecia que Hannah sabia quando ela precisava e aparecia sem que ela chamasse.

"Sim, eu só estava matando a saudade da música. Será que um dia eu vou poder cantar de novo?"

Hannah suspirou ao ler o que Lucero escreveu. Era óbvio que ela estaria triste por isso, a música era a sua vida e já não bastava nunca ter tido oportunidades de trabalhar profissionalmente com ela, agora sua mãe poderia estar impossibilitada de cantar para sempre.

− Claro que vai, mãe. Nós ainda vamos cantar e compor muito juntas, você vai ver. – Hannah falou, colocando a mão no rosto de Lucero.

Lucero segurou a mão de Hannah em cima do seu rosto, mas a moça logo se abaixou e abraçou a mãe com força. Elas ficaram quietas naquela posição por minutos até que a filha a sentiu mais calma e a soltou, se lembrando do quanto Lucero sempre gostou de ouvi-la cantar, inclusive isso a estimulou bastante a sair do coma, segundo o médico.

− Você quer que eu cante para você?

Lucero assentiu sorrindo e Hannah retribuiu o sorriso, se levantando apenas para pegar o violão e logo se posicionou no mesmo lugar, sentada na cama em frente à cadeira de rodas da mãe.

− Eu costumava cantar essa no hospital, acho que você gostava. – Hannah falou e começou a tocar os acordes calmos da canção.

Leia escutando:

Eu quase posso ver

Esse sonho que estou sonhando

Mas há uma voz dentro da minha cabeça dizendo que

Eu nunca irei alcançá-lo

Cada passo que estou dando

Cada movimento que eu faço

Parece perdido, sem nenhuma direção

Minha fé está abalada

Mas eu, eu tenho que continuar tentando

Tenho que manter minha cabeça erguida

Sempre haverá uma outra montanha

Eu sempre vou querer movê-la

Sempre será uma batalha difícil

Às vezes eu vou ter que perder

Não é sobre o quão rápido chegarei lá

Me Reviviste TúOnde histórias criam vida. Descubra agora