O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro II

CAPÍTULO QUATORZE: ONLINE

POUCAS COISAS SÃO um desafio para os softwares de análise e hackeamento desenvolvidos por Dennis Master. Desde sua infância a tecnologia, internet e programação foram suas grandes paixões, aliadas ao seu fascínio por revistas em quadrinhos de super-heróis. Entre estes, o que mais se destaca em suas paixões sendo o playboy bilionário e filantropo Tonny Stark, o Homem de Ferro.

Por causa do dinheiro e das armaduras incríveis? Claro.

Mas, principalmente, pela sua inteligência superior e capacidade de aprendizado e desenvolvimento tecnológico capaz de suprir quaisquer necessidades.

Então, para Dennis, analisar dados de um grande banco? Tudo bem, nada demais.

Invadir a rede de segurança de uma corporativa internacional? Só arranjar as ferramentas corretas e o tempo necessário.

Invadir o sistema do Pentágono ou do MI6? Certo, algumas coisas tem um limite do que é possível.

Porém... a rede de dados e cadastros de um centro de cuidados para idosos? Talvez tão fácil quanto tirar doce de criança – uma coisa que Dennis sabia muito bem o quão era fácil: quando era criança, as mais velhas faziam aquilo com ele. Não à toa que seu pai, revoltado com a situação, o ensinou a lutar e colocou em aulas de boxe.

Entrar no sistema de cadastro da Woldingham Care Center foi mais rápido do que ele imaginava que seria. Em poucos minutos, tinha acesso a toda lista de indivíduos cadastrados no centro. Dennis sabia que o que estava fazendo era, tecnicamente, ilegal: não apenas por não ter pedido autorização de Aurora e sua superior Merissa Dick, como também por estar fazendo aquilo de seu notebook pessoal, deitado na cama do seu apartamento.

Claro, ele conseguiria facilmente uma autorização caso explicasse tudo para elas. Então, se ele teria a autorização, não tinha razão para perder tempo com burocracias. Assim que conseguisse informações o bastante, explicaria para elas.

Dentro do banco de dados, digitou o sobrenome "Lavionette" e deu enter.

Nada.

Coçando os cabelos encaracolados, Dennis digitou o nome de outra forma. Provavelmente escrevera errado.

Nada.

"Mas que..." murmurou para si mesmo. Em geral, apenas parentes eram autorizados a visitar os idosos nas casas de asilo, ou amigos com permissão de parentes. Mas "amizade" era algo bastante improvável. A única razão plausível para os resultados negativos seria aquele sobrenome, em especial, não ter sido cadastrado.

"Droga... vou ter que pedir autorização para Aurora" pensou. Por garantia, pesquisou sobre o sobrenome Lavionette nas redes sociais e começou a cruzar dados com pessoas que tivessem familiares em asilos. Algumas dezenas de resultados, mas nenhuma que combinasse com o perfil descrito por James, tampouco que o histórico indicasse relação com uma seita maligna terrorista.

Sua segunda ação foi pesquisar sobre a SN LIFE. Como o próprio James comentou, não havia quase nada sobre aquela empresa. As últimas imagens atualizadas do Google Maps daquela região haviam sido feitas no final do ano passado, algo que era ainda mais curioso: se as poucas informações encontradas estivessem corretas, aquela indústria estaria ali há mais de dez anos. Mas, nas imagens do Maps, tu que ele via era apenas um longo campo verde com algumas árvores próximas da estrada, que terminava numa chancela de madeira velha.

Ainda atrás de qualquer outra informação ou brecha virtual que lhe permitisse adentrar os sistemas da SN LIFE, tudo que Dennis recebeu em troca foi uma enorme decepção. Não havia absolutamente, um site básico para conhecimento e contato. Nem mesmo as empresas financiadoras ou parceiras existiam. Ou, se existiam, não estavam listadas em nenhum lugar.