CAPÍTULO NOVE: EM ROTA

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— TENHA UM ÓTIMO dia, senhorita Evellyn – disse James, deixando a passageira em frente à um prédio de escritórios. Olhou para o relógio e, ao ver que estava próximo do meio-dia, encerrou as corridas e seguiu para casa.

Dirigia tranquilo, encarando o ambiente ao seu redor. O dia estava particularmente calmo, o que era ótimo. Quase sempre pegava um péssimo trânsito voltando para casa. Sua vida não tinha muita emoção além de seus trabalhos como motorista de pessoas envolvidas com o meio ilícito.

O "Dark berU".

Enquanto aguardava numa sinaleira, ligou para Elizabeth, a babá de sua filhinha. Se havia algo de bom que surgiu do conturbado casamento que tivera, com certeza era sua pequenina Amelie, que já estava com oito anos. A garota mais doce e amorosa que já existiu.

E para sua felicidade, os acordos entre sua ex-mulher e ele foram bastante tranquilos. Nas terças e quintas ele passava a tarde com ela – já que seu trabalho de motorista acabava por roubar bastante de seu tempo – e os finais de semana eram revezados entre si. Se já era próximo do meio-dia, então provavelmente a babá já estava levando Amelie para sua casa na 127 Oakhill Rd, em Sutton. Mais vinte minutos e estaria com sua filha.

Senhor Western? – Elizabeth, a babá, respondeu ao telefone.

— Oi Elizabeth, tudo bem? Você e minha filha já estão indo para casa, certo?

Na verdade chegamos tem uns trinta minutos. A senhora Darcy teve que resolver alguns assuntos na loja dela e pediu para eu virmos mais cedo. Ainda bem que o senhor me deu uma cópia da chave, senão a gente estaria na frente da casa te esperando.

— Mas que... tá, tudo bem. Droga, o horário... me desculpa. Ia passar num restaurante pra pegar o almoço. Achei que eu chegaria antes. Vocês devem estar morrendo de fome.

Tá tudo bem, senhor Western. Como você disse que era pra eu me sentir à vontade quando viesse, já fiz o almoço aqui e Amelie está comendo. Você comprou tudo que coloquei na lista da última vez, fico feliz.

— É... – James respondeu, rindo sem jeito – Obrigado pela ajuda, Elizabeth – agradeceu.

Após a separação, há pouco mais de três anos, James passara a focar muito mais no trabalho. Por consequência, quase nunca comia em casa, se alimentando em lanchonetes e restaurantes. Sempre que estava com a filha, levava para algum restaurante ou pedia comida por aplicativo.

Mas, desde que ambos decidiram contratar a Elizabeth para ser a babá da pequena Amelie, há um mês, a garota de vinte e poucos anos ajudou bastante em certas situações corriqueiras e se conectou bem, tanto com os pais, quanto com a Amelie, que se apaixonou pela babá.

Anda nesse meio tempo, para alívio de James, a jovem era bastante proativa e, tendo uma boa experiência com filhos de casais divorciados, acabou dando certos conselhos que couberam bem ao momento, como até mesmo as compras que James poderia fazer, pra não precisar sempre levar a filha à restaurantes, lanchonetes ou pedir comida por delivery.

Enquanto dirigia os últimos quilômetros em direção à sua casa, acabou se perdendo em pensamentos sobre o que ocorrera no dia anterior com a sua nova cliente, a estranha mulher de ar francês a qual pegara no aeroporto.

...

Cerca de duas horas após deixa-la no endereço solicitado, a mesma ligou, pedindo para que lhe levasse numa longa viagem para vila de Woldingham, cerca de 25km da capital inglesa. Como de costume, informou qual seria o valor e não pôde deixar de se impressionar ao ver a considerável quantia sendo depositada, no mesmo instante em sua conta bancária, incluindo um valor a mais para que a levasse para outro local logo em seguida.

O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora