Miami –Flórida / ano de 2024
POV Freen
Já comecei o dia tendo dores de cabeça, meu despertador tocava e tudo que eu queria era jogar ele na parede e voltar a dormir, mas eu não posso me permitir essas regalias, o desliguei e levantei me espreguiçando, mais um dia sendo uma gata borralheira.
Meus cabelos estavam um pavor, olhei para o relógio e então corri para o banheiro, tomei um banho rápido e escovei meus dentes. Enquanto vestia a calcinha e depois a calça fui correndo para a cozinha pegar alguma fruta, não podia me atrasar pela segunda vez, depois que fechei o zíper da calça peguei o sutiã e a blusa.
— Ahh! Que susto.
— Calma Nam, é apenas eu.
— Quase pelada praticamente, você não perde essa mania.
Gargalhei, Nam era a minha companheira, quer dizer, nós dividimos um pequeno apartamento, mais parecia uma caixa de fósforo, só tinha dois quartos, uma cozinha e dois banheiros, mas pra mim estava ótimo, era melhor dividir do que ter que pagar o aluguel sozinha, falando nisso...
— Diego não bateu na porta hoje?
— Ainda não, mas eu acho que ele aparece já.
— Então tenho que correr!
Peguei minha bolsa e dei um beijo na bochecha da minha amiga.
— Tchauzinho e bom trabalho.
Nam era garota de programa, eu não a julgo, se foi a forma que ela encontrou de ganhar dinheiro, quem sou eu pra julgar? Eu trabalho em um bar, sirvo mesas, faço a limpeza, é um dia muito corrido, trabalho de 7:00 da manhã até 20:30 da noite, pausa apenas para almoço e lanche da tarde. Ouvi a porta ranger e soube que era Diego, ele ainda ouviu meus passos.
— Volte já aqui Freen! Você precisa pagar o aluguel.
— Assim que eu receber eu pagarei, prometo.
Gritei do fim da escada e então sai do local correndo, nem uma bicicletinha pra me levar ao meu destino, que droga! Vida miserável. Quase fui atropelada por um carro, mas sobrevivi, corri até o final da rua e dobrei a esquerda, então vi o letreiro ''Bar do Vicente'' nome nada criativo eu sei. Mas esse emprego mesmo que eu ganhe pouco vem quebrando muito o galho.
Cheguei quase sem ar e ele logo jogou o avental pra mim, corri pra trás do balcão e então começou o meu dia. Ouvir bêbados resmungar, alguns chorarem por amores perdidos, outros tentar jogar uma cantada ridícula pra cima de mim, alguns ricaços vem até aqui a procura de prostitutas, há algumas, Vicente me convidou a trabalhar nisso, mas eu recusei, ele ficou com pena da minha situação e me deu esse emprego, já faz 1 ano e 5 meses que todo dia é a mesma coisa. Estava praticamente dormindo no balcão quando entrou uma mulher misteriosa, ela nunca havia vindo ali, sabia disso porque decorava cada rosto, seus cabelos cobriam parte do seu rosto, mas ainda assim não escondia a sua beleza, ela se aproximou mas não ergueu a cabeça para me olhar.
— Eu quero uma dose da bebida mais forte que tiver ai.
— Oh sim, claro, é pra já.
Procurei a melhor e mais forte e então servi pra ela, gostaria que pudesse erguer o rosto para que eu a olhasse melhor, mas ela não fez isso, virou o copo e colocou uma nota em cima da mesa.
— Isso deve dar.
Foi tudo que disse antes de se levantar e sair, ela deu muito mais do que a bebia valia, deveria ser rica, o que uma mulher assim faria em um bar como esse? Talvez seu problema seja o amor, assim como os bêbados que entram aqui. Eu quero ser imune a isso, ao amor.
Quando chegou ao fim do meu expediente eu já estava ansiosa, iria receber o meu pagamento, ia pagar o aluguel pra Diego não expulsar a mim e Nam, ela já tinha dado sua parte. Vicente colocou as notas na minha frente mas não sorriu amarelo como sempre fazia.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não tenho uma boa notícia pra você.
— O que fiz?
— Nada, o bar não está tendo tanto lucro como antes, sei que trabalha aqui a um bom tempo e sempre foi uma ótima funcionária, por favor não leve para o lado pessoal, mas... estou te demitindo.
— O que? eu não posso ficar sem esse emprego! Vicente por favor, eu preciso muito!
— Eu não posso te deixar trabalhar sabendo que não vou poder te pagar, coloquei uma grana a mais pra você, acho que vai dar pra você sobreviver até o final do mês, enquanto isso pode ir atrás de outro emprego.
— Não tem mesmo jeito?
Ele negou com a cabeça, sei que não faria isso comigo se tivesse outro jeito.
— Tudo bem, obrigada então.
Me retirei do local, a rua estava escura, eu sempre caminhava rapidamente pra chegar logo em casa, tinha medo. Um pouco a frente tinha um rapaz parado encostado no poste, passei para a outra calçada mas ele se aproximou.
— Onde pensa que vai gatinha?
— Olha, você não vem não! escolheu um péssimo momento pra assaltar alguém, acabei de ser demitida, não tenho dinheiro suficiente nem pra o aluguel de onde moro, tenho contas pra pagar, você não vai tirar de mim o pouco que tenho, se você vir com essa faquinha ai eu.. eu pego essa pedra e enfio na sua cara!
Peguei uma pedra do chão e ameacei jogar, ele então se afastou, levantei mais a pedra.
— Eu acerto daqui, pode apostar.
Ele correu, fez o certo. Seguir o meu caminho, depois de chegar ao meu lar bati na porta de Diego, ouvi alguns barulhos estranhos, acho que eram gemidos, ele demorou mas abriu a porta.
— Você tem que chegar justo agora?
— Seu dinheiro do aluguel, se não quiser tudo bem, eu estou mesmo precisando e..
— Trás aqui!
Pegou a grana da minha mão e conferiu.
— Desculpe pelo atraso, sabe que se eu tivesse a grana teria pagado até adiantado.
Ele fechou a porta e então eu entrei em casa, estava sozinha, Nam chegava tarde, me joguei na cama e me senti sem chão, o que eu faria agora sem emprego? Eu não queria ter que pedir ajuda aos meus pais, eles já tem muita despesa por minha causa, eu prometi que trabalharia para ajuda-los e estou me afundando na lama a cada dia que passa, preciso de um novo trabalho pra logo.
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Segunda Chance Ao Amor - FreenBecky
RomanceRebecca Patrícia Armstrong perdeu o grande amor da sua vida em um acidente pelo qual ela levou pra si toda a culpa. Depois da perca se sentiu vazia e não quis abrir-se novamente para o amor, mas quando o destino quer nos surpreender, ele simplesment...