): Passado :(

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𝑺𝒂𝒊
🄹🄰🄿🄰̃🄾, 🅉🄾🄽🄰 🅁🅄🅁🄰🄻 🄳🄴 🅃🄾🄺🅈🄾.
𝙻𝚎𝚖𝚋𝚛𝚊𝚗𝚌̧𝚊𝚜 𝚍𝚘 𝚙𝚊𝚜𝚜𝚊𝚍𝚘.

Dentro daquele guarda roupa eu estava encolhido, com medo.

Me encolhia mais ainda a cada grito que meu pai dava. Minha mãe chorava pedindo por misericórdia enquanto ele tinha um cabo de vassoura em mãos.

- Cala boca sua mulher inútil! Cadê aquele muleque! Traga ele aqui, quero ver a cara de cadáver que ele tem, só para dar umas boas porradas pra ver se ele melhora! - Meu pai vocifera me fazendo tapar a boca impedindo o som de choro que eu fazia.

- Por favor, deixe ele em paz. - Minha mãe diz com desespero na voz o que faz meu coração apertar. - Ele é só uma criança de cinco anos, por favor. - Ela clama e eu tomo coragem para sair do guarda roupa onde estava.

- D- Deixa a m- mamãe em paz! - Falo gaguejando com medo do que meu pai faria comigo ou com minha mãe.

- Sai! - Minha mãe diz desesperada e com lágrimas incessantes que caiam pelo seu rosto.

- Aí está você, seu muleque! - Ele vem em direção a mim e eu me agacho no chão fechando os olhos e tremendo de medo já me preparando para apanhar.

Sinto um corpo me abraçar e logo ouço o som do cabo de vassoura se chocar com algo que não era meu corpo, abro meus olhos e ergo meu rosto vendo minha mãe me rodeando com seus braços e seu rosto com uma expressão de dor.

- Sua desgraçada! Porque sempre o defende! - Meu pai grita irritado me fazendo encolher nos braços de minha mãe.

Ele bufa enraivecido e joga o cabo de vassoura contra o chão com força fazendo um som alto e se retira do quarto com uma expressão de raiva.

- Filho. - Minha mãe se afasta minimamente e acaricia me pequeno rosto. - Desculpa. - Vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto e logo as enxugo com minhas pequenas mãos.

- Não chore mamãe, por favor. A gente vai sair daqui, juntos. - Falo confiante finalmente fazendo ela sorrir mesmo sendo um sorriso pequeno e entristecido, mas cheio de confiança e amor.

/ ... /

E eu saí daquela casa, mas infelizmente não consegui a tirar de lá. Ela estava morta e levou com ela minha alma.

Ando pelas ruas remotas e escuras ouvindo grilos cantando na calada da noite.

Estava sem comida, água e casa.

E agora também era um assassino, já que matei aquele ser desgraçado que quando menor costumava chamar de pai.

Dou um sorriso que não tinha sentimento algum.

Não consigo nem sentir mais ódio, nada. Todos meus sentimentos foram levados juntos com minha mãe, a mulher que me dava motivos para eu continuar nessa vida.

Agora nada mais faz sentido. Porque ainda estou aqui?

Sento na grama que ficava logo ao lado da estrada vendo uma civilização mais movimentada adiante.

Estava cansado e com fome, não tinha mais forças para continuar andando naquela estrada.

Eu morava um pouco longe da capital, onde costumavam dizer que era a zona rural da região, por isso tive que andar alguns dias até chegar ali.

Herdeiros, União E Segredos Onde histórias criam vida. Descubra agora