Capítulo 4 | Verdade

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AVISO!! Conteúdo sensível, menção de Pedófilia etc.

ELIZABETH

As pressas corri ao local que me dava calafrios só de lembrar.

Meu coração estava eufórico teorizando nas várias possibilidades do que poderia ser.

Quando cheguei ao local, fiz uma careta por lembrar que eu teria que entrar mais uma vez naquele local, que a noite, ficou mais macabro do que já era.

Abri à porta sentindo o cheiro de mofo invadir minhas narinas. Não havia muita luz no cômodo, contribuindo para o cenário de filme de terror.

Aquele lugar me dá arrepios.

— Estava esperando por você. — Meu corpo deu um pequenos espasmo, que foi perceptível para Arthur, pois uma risadinha foi solta.

— Esse lugar é macabro. Você é satanista ou algo do tipo?

Arthur riu e virou andando para a mesa com um pequeno abajur ligado.

— Sou agnóstico, mas conheço alguém que criou sua própria religião. — Se sentou na cadeira atrás da mesa.

— E então, o que queria falar comigo? — Me sentei a sua frente.

Eu estava tensa e isso era inegável. Não sabia o que poderia ser e isso estava me deixando louca, totalmente louca.

Minha respiração estava ofegante, e uma vez sim e outra não apertava meus joelhos para tentar manter a sanidade.

Arthur me olhava de relance, mas sabia que, com toda certeza, ele já tinha notado a séculos minha ansiedade.

— Precisa se acalmar. Estou começando a me arrepender de ter chamado você aqui no meio da noite.

Cocei a garganta e neguei com a cabeça.

— Eu estou perfeitamente bem. Pode contar tudo o que conseguiu.

O homem deu de ombros e virou a tela de seu notebook para mim. Parecia ser um vídeo de Kart e estava pausado.

— Quando estiver pronta é só dar o play. — Apoiou sua cabeça em sua mão.

Fechei os olhos e abri determinada. Kart escondia coisas de mim, e eu estava prestes a descobrir.

Com a mão tremendo, apertei a tecla levemente dando início ao fim.

O vídeo mostrava Kart sorridente em um quarto parecido com um de motel, ele ria para a câmera e ajustava a posição da câmera.

Não me choquei, pois já imaginava que estava sendo traída.

Porém, o meu corpo e olhos se paralisaram quando, alguns segundos depois, uma criança de aparentemente 12 anos apareceu no vídeo.

Meus olhos tremiam e aos poucos eles começaram a arder.

Kart a jogou na cama e aos poucos começou a despir a menina deixando rastros por onde passava.

Lágrimas caíam dos meus olhos e minha mão estava na minha boca tentando raciocinar o que caralhos ele tinha na cabeça.

Quando ele penetrou a criança, um grito saiu dela e ela pedia incansavelmente para parar, mas ele não ligou, pelo contrário, seus berros e súplicas apenas o dava mais gás para continuar.

Meu estômago embrulhou e me abaixei na lixeira de Arthur e vomitei tudo o que já havia comido naquele dia. O gosto ácido das minhas lágrimas invadiram minha boca se misturando com o resto de vômito.

Ao fundo da minha agonia, ouvia os gemidos de prazer dele e as súplicas da menina.

— Acho que isso é o suficiente. — Arthur se pronunciou antes de pausar o vídeo.

Quando o silêncio se estalou comecei a chorar amargamente. Nunca em toda a minha vida havia me sentido tão suja por me relacionar com um monstro como aquele.

Agora mais do que nunca, gostaria de vê-lo queimar no inferno.

— O banheiro fica ali naquela porta. — Apontou para a pequena porta.

Me levantei e corri até aquela porta a abrindo rapidamente caindo de joelhos na lateral do vaso sanitário. Vomitei até apenas sair água do meu estômago.

Nunca em toda a minha vida tinha visto algo tão nojento e agoniante. Não sentia o fato de ter sido traída, e sim, do fato dele ser um maldito pedófilo.

Ainda no banheiro, enxaguei a boca com água da torneira. Me olhei no espelho vendo meu reflexo precário. Me sentia um monstro... um monstro com chifres.

Andei em direção a cadeira onde estava sentada, virando o notebook para Arthur.

O homem riu sem humor e olhou para os meus olhos fixamente.

— Além de traidor o seu namoradinho era um pedófilo filha da puta. Deveria rever os seus gostos para homens, Elizabeth. — Seu tom firme dava a impressão de ser mais um sermão do que conselho. — Consegui hackear a conta do e-mail dele. Ele tinha mais de 50 fotos e vídeos de crianças. Esse foi o que achei mais leve, por isso mostrei para você.

Manti meus olhos embaixo olhando a escuridão daquele cômodo que mais parecia um quarto de tortura.

— Peço desculpas por ter sujado sua lixeira.

O homem me olhou confuso.

— Depois de tudo o que viu, só vai me dizer isso?

Levantei a cabeça e o encarei.

— Não há nada para se falar. Ele é um pedófilo, um doente. O que mais eu deveria descobrir sobre um monstro desse?

Uma raiva consumiu meu interior, meu desejo era matar ele com as minhas próprias mãos, ou melhor, deveria tortura-ló das piores maneiras o possível.

Desde aquele momento, Kart, morreu em meu coração, e a única coisa que eu sentia era nojo e ódio. Só de imaginá-lo sentia meu sangue ferver.

Ele pagaria por tudo o que fez para aquela e todas as outras crianças.

— Gostaria de dispensar seus serviços. Obrigada por ter me mostrado a verdade. Pagarei de bom grado pelo seu serviço.

— Não há de quê. E não precisa pagar, não foi lá essas coisas, achei que seria mais divertido. — Jogou o corpo para trás ainda mantendo contato visual.

— Se quer diversão vá a um circo.

Sai as pressas do local sentindo o nojo ainda correr em minhas veias. Aquelas cenas estavam cravadas nas minhas memórias, aquilo mais parecia um filme de terror.

Kart pagaria por tudo, mesmo que fossemos para o inferno juntos.











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