Capítulo 10 | Enigma

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A lua brilhava no céu limpo o que deixava a estrada iluminada. As janelas estavam fechadas e o ar do carro estava baixo. Olhei para a paisagem que havia fora do carro; as árvores pareciam ter vida própria, como se estivessem se movendo, apesar de que apenas o carro estava se movendo.

O carro estava silencioso, mas apesar de tudo, era algo confortável.

Me encolhi no carro e abracei meus braços sentindo meu corpo gélido. Agradeci mentalmente por ter colocado uma calça moletom e uma grande camisa para dormir hoje.

Suspirei lentamente deixando o ar sair de forma relaxante dos meus pulmões.

O olhei de relance e algumas perguntas vieram na minha cabeça. Uma dela é como ele poderia ter agredido um policial e não ter sido logo em seguida.

Que homem estranho.

Foi a única coisa que consegui declarar sobre ele.

Sua atenção estava voltada para a estrada, mas com certeza ele sabia que eu estava o olhando.

— Caso esteja com frio, há um casaco no banco de trás. — Sua voz soou baixa e passiva.

O olhei mais uma vez e tentei compreender o que se passava em sua mente, o que ele estava pensando e para onde ele estava me levando.

Olhei para o banco traseiro vendo uma sacola, me estiquei preguiçosamente e peguei ela.

Lá dentro havia um casaco preto e um chocolate de menta. Olhei para o chocolate e o lancei meus olhos em sua direção novamente.

Ele curvou o canto da boca e me olhou por um breve momento.

— É para você, querida, sei que é seu favorito. — Voltou sua atenção para a estrada.

Meti a mão na sacola novamente e tirei o casaco de dentro logo vestindo ele.

Notei que mais parecia um vestido do que um casaco, mas não me importei com o tamanho, dessa forma poderia usá-lo para me embrulhar.

Desta vez peguei o chocolate e coloquei a sacola novamente em seu lugar inicial. Abri a barra lentamente e mordi um pedaço.

— Obrigada. — Soprei como um sussuro.

Tirei uma barra do chocolate e estiquei em sua direção.

— Não precisa agradecer por algo simples, querida, e não posso tirar a mão do volante agora.

Ouvi atentamente sua desculpa.

Me aproximei e coloquei a barra perto de seus lábios, ele abriu a boca e comeu.

O olhei por alguns segundos enquanto mastigava e então virei o rosto, tentava manter todos pensamentos ruins longe de mim, além do mais ele não passava de uma criança praticamente.

O percurso continuou calmo e silencioso por mais alguns minutos então finalmente pude ver uma linda casa no meio do nada.

As cores neutras davam um charme moderno, mas nada que fosse chamativo. Alguns carros estavam estacionados na frente da casa e logo o veículo da qual estávamos também se tornou um deles.

A grama e as plantas estavam perfeitamente cortadas, e até mesmo a rua estava limpa.

Sai do carro e me encolhi sentindo o vento gélido bater em mim.

Olhei para Maxim para ver se ele estava bem, porém ele nem sequer tremeu com o vento, pelo contrário, pareceu nem se importar com o tempo extremamente frio.

— Vamos andando. — Articulou firme.

Sua mão pousou em minhas costas gentilmente e me empurrou delicadamente para a porta da casa.

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