...
Em uma das colinas distantes e inabitáveis do reino o cheiro se tornou forte. Algumas nuvens escuras começaram a se aproximar, trazidas pelo vento gelado.
Ah, esse cheiro está me deixando maluco.
Não fazia ideia do que poderia ser, e estava louco para descobrir logo.
Batia minhas asas rápido, meu cabelo, este que estava grande já, batia para todos os lados pela força do vento.
Meus olhos focados em chegar no destino, não conseguia pensar em outra coisa, eu queria sentir aquele cheiro para sempre.
Olhei para o chão e vi algumas manchas na grama ao lado de um queimado, o que era aquilo?
Pousei e esfreguei os dedos no queimado, era recente, estranho, sempre sinto quando entram no reino. Por isso consegui deter Corson a tempo.
Algo estava errado.
As manchas do sangue estavam molhadas ainda. O que quer que seja, ainda está perto. Ainda bem, pois eu quero isso para mim.
Levantei um voo baixo com as asas seguindo as manchas pequenas no chão, meus olhos permitiam esse foco mesmo no escuro.
Uma grande árvore se fez presente em minha frente e o cheiro estava mais forte do que nunca ali, então a criatura se escondeu aí?
Pousei rapidamente no chão, olhando os galhos de cima e descendo lentamente o olhar até a raiz.
Os meus olhos capturaram o movimento da cabeça da criatura cair em seco no chão.
Então era aquela criatura que tinha o sangue tão chamativo ao meu olfato.
- Achei você, coisinha. - digo baixo indo até seu encontro -
Minhas mãos formigavam ansiando o toque. Eu não sabia o porque, só sabia que queria provar aquele sangue para sempre.
Puxei seu corpo devagar. Era tão... pequeno e leve, parecia que eu estava carregando um travesseiro.
- Você... é muito... pequeno. - falo franzindo o nariz -
Nunca tinha visto um ser tão pequeno, sem asas, nem chifres, nem orelhas pontudas.
Um barulho baixo de queda me chama atenção, viro a cabeça de lado para ver ter a visão do chão, e ali havia uma bolsinha branca. Deve ter caído dos braços da criatura quando a puxei.
Enrolo minha calda na alça do objeto e volto meu foco ao corpo adormecido em meus braços.
Os cabelos médios caem de seu rosto quando ajeito o corpo em meu colo e seus traços se revelam.
Meus olhos saem do preto ao branco em segundos e meu olhar paralisa.
Porra. Isso era uma deusa?
Se não fosse, sua beleza era superior a qualquer outra criatura que eu já tinha visto.
Levanto voo devagar após um pequeno transe ao observar o belo rosto da moça adormecida.
...
Consegui chegar no castelo antes da chuva forte cair, deixei a coisinha em minha cama, no maior e mais alto quarto que tem aqui. Com uma vista ao povoado e a floresta que nos rodeava.
Peguei uma das peles peludas guardadas e coloquei em cima de seu corpo, não sei se sentia frio, mas estava com o corpo gelado, não sei se isso era bom.
Sentei-me em frente a cama e fiquei fitando seus traços.
Não sei que criatura era aquela, mas era muito bela.
Cabelos mais claros que o meu, um castanho ondulado, nariz pequeno e a boca menor ainda.
Tinham alguns pontinhos pequenos por seu rosto, na parte das bochechas e nariz, aquilo era muito bonito.
Levei minha mão até seu rosto e recuei ao ver as garras nas pontas.
- Ah... - suspiro grunindo - O que você é em, coisinha?
Minhas garras voltam para dentro da pele e meus dedos ficam mais leves.
Minha mão era maior que o rosto inteiro da menor. Tirei alguns fios de cabelo que estavam bagunçados e passei levemente meu dedo pelos pontinhos espalhados.
Sua pele era macia, nunca tinha visto isso.
Não tinham escamas nem nada, era só... algodão? Não sei, mas era muito bom.
Passei o dedo por sua testa que sangrava, não contive um expressão de raiva, como estava tão machucada?
Tantas perguntas, e preocupações.
Não entendi porque estava assim, mas sabia que queria essa coisinha para sempre em minhas mãos. Se ela veio até aqui, tem um propósito.
- Porra... o seu sangue. - fiquei olhando e não resisti pegar um pouco com a ponta do dedo e colocar na boca -
Na hora meu corpo formiga por inteiro, levanto subitamente da cama e coloco as mãos na cabeça contendo um grunido.
Meus olhos brilham em branco e me sinto mais disposto na hora.
Seja lá o que tem nesse sangue, é poderoso.
Minhas garras voltam maiores e minhas asas se abrem mais fortes. Sua textura fica mais grossa.
Caralho, isso foi incrível.
Olho para a cama onde a coisinha dormia e suspirei levemente admirado.
- Você não vai sair daqui. - falo olhando fascinado para seu rosto adormecido. - Não posso deixar que se machuque por aí com um sangue chamativo desses. -
Balanço a cabeça me contendo e decido limpar os vestígios de sangue de seu rosto antes que eu fizesse merda.
Desci planando devagar até um andar do castelo que tinha uma cozinha, só por charme, pois raramente usava.
O castelo de frente eram só ruínas, mas mais para trás era um castelo completo, nem todos os cômodos tinham móveis ou estavam em seu perfeito estado. Mas dava para sobreviver tranquilamente.
Peguei um pano e um pouco de água para limpar o sangue, que estava seco agora, de seu rosto.
A chuva caia fortemente lá fora, alguns raios estouravam ao chão, mas nem sinal da criatura em minha cama acordar.
Espero que acorde logo, estou ficando maluco de tantas perguntas.
Nunca tinha me importado antes com algo assim, mas ela... era diferente, e eu não sei explicar o porquê e isso me deixava maluco.
Passei o pano úmido devagar e com a maior delicadeza que consegui para limpar o sangue vermelho, estava tentado, mas iria me conter.
- Vou ficar aqui, nada vai acontecer, hm!? - garanto e deixo o pano com a água em um canto -
Me sento em um sofá que tinha em frente a cama e fico velando seu sono.
Sua bolsa estava num canto do chão perto da cama, fiquei olhando aquilo curioso. Mas decidi esperar, com certeza teria as explicações assim que ela acordasse.
E eu seria paciente até lá. Ou pelo menos tentaria.
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Nosso novo mundo ▪︎
FanfictionLayla Cooper, uma jovem mulher de dezoito anos, se vê em um mundo totalmente diferente depois de seu pai a jogar em um portal após diversos anos trancada em um laboratório. Mas não demora muito quando um dos maiores demônios desse mundo acha a peque...