5. Perguntas

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...

O coração de Layla erra uma batida e se engasga com o ar que tranca em sua garganta.

Como assim um demônio? Isso era normal?

Ela não se lembrava de muita coisa.

- Acho que nunca viu um antes, não é mesmo? - ele abaixa as assas com um sorrisonho maldoso no rosto -

- Eu... eu não sei. - a fala da menina sai baixa -

- E da onde você vem então? - pergunta genuinamente intrigado -

Se ela nunca viu um demônio antes deveria viver trancada no seu reino, pois não era possível.

Cada reino tinha suas criaturas, claro que nem todas vivem misturadas em harmonia, mas isso era um pouco demais para não saber a existência de outras espécies.

A cabeça de Hektor trabalhava com várias possibilidades, será que ela estava só fingindo? Ou tinha batido forte a cabeça ao ponto de não se lembrar de seu próprio mundo.

- Só lembro da luz, era... - Layla tenta lembrar apertando os olhos olhando para baixo - era um buraco, muita luz e era dolorido. -

Layla fica confusa junto de Hektor.

Um silêncio entre os dois se formou, a chuva lá fora ainda caia intensa.

O demônio olhava a carinha confusa da menor em sua cama ainda de braços cruzados. Buraco de luz? Talvez alguma magia da bruxas, um encatamento das fadas?

Não tinha muitas informações, isto estava muito vago, ideias amplas iam cortando a mente de Hektor mas nenhum conclusiva o suficiente.

E Layla tentava lembrar mais coisas além disso, começou a ficar nervosa, tinha perdido a memória? Isso era desesperador.

A respiração dela começou a ficar desregulada e sua visão ia ficando turva.

Se levantou em súbito e o demônio olhou rapidamente tudo, descruzando os braços atento aos movimentos.

- Ei, você ainda está fraca. - disse com cautela andando devagar para dar a volta na cama -

- NÃO! - Layla gritou para o demônio, o que lhe causou dor de cabeça - Ai... por favor, o que está acontecendo? Por que eu estou aqui, o que você é? O que eu sou? - falava desesperada e confusa -

- Layla, eu não sei, também estou confuso, você entrou no meu reino derrepente, estava sangrando e eu lhe trouxe para cá. Não sei nada além disso. - ele chegou e colocou suas mãos enormes nos pequenos ombros da humana a olhando de cima - Agora se acalme.

- Se acalmar? Eu não sei quem você é. - fala em um sussuro - Nem quem eu sou. - aponta a si mesma olhando para baixo, fitando as pernas grossas e grandes do demônio -

- Eu também não sei quem você é, mas garanto que pode confiar em mim, hm? - apertou os ombros da menina e ela lhe olhou de baixo, as alturas diferentes eram gritantes, mas ele tentou lhe passar confiança - Se eu quisesse lhe fazer mal, já teria feito a muito tempo enquanto estava desacordada, não acha?

Os olhos assustados de Layla eram agoniantes ao olhar de Hektor, queria tirar esse sentimento ruim da menina e a fazer a mulher mais sortuda de seu planeta.

O sentimento novo era avassalador na mente de demônio de Hektor, tentava conter seu verdadeiro monstro guardado em si para mostrar sua melhor versão a pequena criatura em sua frente.

E não estava entendendo o por que disso.

- Quem me garante que já não fez? - a menina diz tirando o demônio da hipnose que estava ao mirar o rosto cheio de estrelas dela -

A voz de Layla saiu com tanto desprezo que Hektor soltou os ombros dela como se ele tivesse a queimando.

Uma leve pontada no peito de Hektor o fez ficar levemente incomodado e com raiva.

Layla deu um leve passo para frente para não cair sem o toque do maior, ela o olhou com o cenho franzido e logo arruma a postura andando dois passos para trás.

Cruzou os braços em proteção e ficou olhando a face seria e fria do demônio.

Esperando uma reação da grande muralha em sua frente. Ele tinha quantos metros de altura, uns 3? Layla estava ficando agoniada.

- Pois se tem tanto medo assim, vou lhe deixar em paz até que melhore. - diz baixo olhando para os olhos da menina acuada mas afiada em sua frente - Com licença.

Os ombros da humana se encolheram e ela suspirou olhando a grande besta se virar e sair em passos firmes até a parte escura do quarto.

Suas assas se agitaram por alguns segundos e sua calda já não balançava igual antes.

O barulho de um porta abrir e fechar foi ouvida e Layla se sentia sem rumo. Sua cabeça ficou silenciosa sem saber o que pensar.

Aquela coisa enorme ficou... brava?

Talvez tivesse sido grossa? Mas ela estava assustada, talvez fosse bom ficar sozinha, mesmo nesse lugar estranho.

Suspirou e andou até a cama devagar, sentia seu corpo dolorido e sua cabeça bagunçada.

- Céus... o que está acontecendo? - choramingou e olhou para a janela -

Olhou para o canto escuro do quarto onde Hektor tinha saído e ficou encarando.

Suspirou e andou devagar até a janela, só enxergando as grandes gotas de água caírem freneticamente ao chão. A altura que estavam do chão era perceptível, pois não via nada lá em baixo.

...

Hektor saiu pisando fundo do quarto com uma raiva crescendo aos poucos em si, ficou realmente incomodado pela reação da menina.

Devia estar agradecida a ele, entendia que estava assustada, mas falar daquele jeito?

Era patético estar se sentindo assim, mas estava realmente magoado.

- Era melhor ter deixado você na floresta então? - falou para si mesmo descendo com as assas para o andar que tinha uma sala -

Um arrepio seguiu seu corpo depois da frase, nem conseguia pensar na pequena coisinha lá fora, sangrando e na chuva. Ele bufou e se jogou no grande sofá em frente a janela que ia do chão ao teto, observando a chuva.

- O que você é, Layla? - diz intrigado encarando a chuva -

Talvez uma bruxa? Mas elas eram mais altas e tinham sempre pedras incrustadas no rosto. Layla não tinha pedras no rosto, somente os pontinhos que Hektor insiste em comparar com estrelas.

Fadas tinham assas, se Layla fosse uma, estava sem as assas, o que faz o demônio imaginar o porque, talvez um castigo por algo que ela fez.

E mais de mil possibilidades rondavam sua cabeça. Mas teria que ter paciência, só Layla saberia responder com exatidão essas perguntas.

E pelo visto, ela não se lembrava de muita coisa, ou quase nada de sua vida.

Hektor encostou sua cabeça no braço do sofá suspirando fundo, colocou sua mão nos cabelos escuros e a outra sobre a barriga, afim de tirar um cochilo.

Não por precisar dormir, mas porque sabia que se ficasse ali acordado não aguentaria sua vontade de ir ver a pequena criatura lá em cima. E agora não estava em condições de vê-la, nem sabia se ela iria querer vê-lo também.

Tudo estava uma bagunça.

...



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